Março de 2006- Nº 01    ISSN 1982-7733
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MARATONA OSCAR
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O “segredo” de Brokeback Mountain

Ensaio enviado por Carlos Messias
24 anos, São Paulo-capital

Eu não sei qual é o segredo de Brokeback Mountain. Quer dizer, é um filme belíssimo, o melhor de Ang Lee desde Tempestade de Gelo, com atuações maravilhosas de Jake Gyllenhaal e Heath Ledger (dois dos maiores talentos da atualidade), uma fotografia deslumbrante e uma história de amor narrada com extrema sensibilidade. Agora, fora o casal apaixonado do filme ser constituído por homossexuais, não há nada de novo ou surpreendente no filme. Muito menos algo de tão memorável que mereça troçentas indicações ao Oscar. Não só isso, como pela primeira vez na minha vida vi um filme receber as cinco estrelas da crítica na Veja SP. Fellini, Bergman, Almodóvar sempre ficaram com três, no máximo quatro. Mas o faroeste gay merece cinco.

Ou seja, frisando, não há nada de tão excepcional no filme fora uma história de amor entre homossexuais narrada com naturalidade. Foi aí que o tiro saiu pela culatra. Pois enquanto a idéia era ver como uma história de amor entre indivíduos do mesmo sexo pode ser igual a uma história de amor convencional, salvo as intempéries de preconceito e intolerância, foi tido como algo extraordinário, justamente por estarmos em uma sociedade preconceituosa, intolerante e, mais que tudo, hipócrita. Pois eles estão vendo isso com tudo, menos naturalidade.

Johnny e June é outra obra superestimada. Não me levem a mal, existem poucos personagens históricos, principalmente pertencentes a cultura pop, tão interessantes e tão merecedores de uma cinebiografia quanto Johnny Cash. Principalmente interpretado com tamanha fidelidade quanto o foi por Joaquim Phoenix. Mas, infelizmente, não é um filme sobre a personalidade obscura e impenetrável do mestre Cash, muito menos sobre seu vasto legado musical. É um romance com todos os clichês que o gênero tem direito, só que utiliza o mito Johnny Cash como pano de fundo. Ou seja, é um Titanic ambientado no show business.

Crash então nem se fala. É um filme presunçoso de desfecho bonitinho com um miolo embolado que por mais que se esforce não consegue sair da mediocridade. Já o diretor, Paul Haggis, roteirista do superaclamado Menina de Ouro, se tornou um dos mais novos queridinhos da Academia de Cinema.

Então, o que acontece? A Academia é um círculo fechado que só permite a entrada daqueles com a “atitude certa”? Com certeza. Existe algum vínculo planejado entre a cerimônia do Oscar e a projeção mercadológica dos produtos ali divulgados (vínculo este que de alguma forma se estende até a Veja SP)? Sem sombra de dúvida. Pois, como podemos ver pela atual repercussão, um “faroeste gay” se mostrou uma idéia extremamente polêmica, apelativa e, como não poderia deixar de ser, vendável. Tanto que o filme Os Reis de Dogtown, também lançado no ano passado, em que Heath Ledger interpretou um surfista desiludido de uma maneira ainda mais magnificente e emocional do que o cowboy gay de Brokeback Mountain, não recebeu nenhuma indicação. O Jardineiro Fiel, deste ano, passou quase despercebido pelos principais festivais e só recebeu uma indicação ao Oscar de melhor atriz, acredito eu, por falta de concorrentes “elegíveis”.

Às vezes me pergunto se as indicações ao Oscar (ou ao Globo de Ouro, ou ao Screen Actors Guild) estão de alguma forma relacionadas à época em que os filmes são lançados. Pois praticamente todos os filmes concorrentes são lançados próximos à premiação. Com a exceção de Crash, que provavelmente nem os seus produtores botavam fé que aquela porcaria concorreria a alguma coisa e o lançaram na metade do ano passado. Mas agora está voltando aos cinemas...

Outra possibilidade que passou pela minha cabeça é se talvez Hollywood (ou até a sétima arte) não estariam morrendo aos poucos, assim precisando fazer o maior alvoroço por qualquer mediocridade que fosse lançada. Mas qualquer um que se atreve a assistir os filmes que são lançados fora do circuito convencional sabe que isso não é verdade.
E nunca tive tanta certeza disso até assistir o novo filme de Woody Allen, Ponto Final.

Como já seria de se esperar Ponto Final mal foi lembrado no Oscar. Ainda que recebeu uma “honrosa” indicação por roteiro, enquanto é superior aos concorrentes em tantas outras categorias além dessa. Na Veja SP, recebeu apenas três estrelas. E, em meio a enxurrada de filmes “elegíveis”, está passando quase despercebido pelos cinemas.
Mas nada disso importa, pois com seu novo filme Woody Allen colocou um ponto final nessa palhaçada toda e mostrou do que um filme de verdade é feito.

Veja mais...

E o título Woody Allen vai para... >>>

Ponto Final >>>

O olhar de Capote >>>

O Jardineiro Fiel >>>

Teatro para burguês ver >>>



 

 

CURIOSIDADES SOBRE O OSCAR

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas foi fundada em 11 de janeiro de 1927, quando 36 pessoas se reuniram no Ambassador Hotel, em Los Angeles, para formar a primeira organização do mundo dedicada exclusivamente a filmes.

Diz a lenda que o prêmio foi batizado de Oscar quando uma funcionária da Academia viu a estatueta e disse que ele se parecia muito com um tio dela, chamado Oscar. O apelido foi oficialmente usado a partir de 1939.

Durante a Segunda Guerra Mundial, as estatuetas do Oscar foram feitas em gesso, devido à escassez de metal na época. Após o fim do conflito, os ganhadores puderam trocá-las pela versão mais nobre, em ouro.

Vale observar que o troféu representa um cavaleiro apoiado numa espada. A figura está de pé sobre um rolo de filme, que apresenta cinco degraus – cada um deles simboliza uma das cinco categorias originais da Academia (atores, diretores, produtores, técnicos e escritores).

A primeira transmissão da festa de entrega dos prêmios da Academia pela TV ocorreu em 1953.

O Brasil concorreu ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira 4 vezes: em 1962, com O Pagador de Promessas, em 1996, com O Quatrilho, em 1997, com O Que É Isso, Companheiro?, em 1998, com Central do Brasil, Cidade de Deus, muito premiado, não chegou a concorrer.

Os recordistas de Oscar: Ben-Hur, Titanic, SDA: O Retorno do Rei (11), Amor, Sublime Amor,..., E o Vento Levou (2 especiais) (10), Gigi, O último Imperador e O Paciente Inglês (9).

Walt Disney foi o homem mais premiado na história da festa: recebeu 26 estatuetas.

Titanic foi o único filme a levar os quatro oscar de “som" (trilha, canção, som e edição de som).

Os Beatles foram a primeira banda pop famosa a ganhar o Oscar de canção original. Eles receberam a estatueta em 1971 pela música Let it be do filme Deixe Estar, documentário sobre o quarteto de Liverpool.

A mais jovem atriz a receber o prêmio, no caso honorário, foi a então criança Shirley Temple. Tinha 6 anos.

O comediante Bob Hope foi o mais constante anfitrião de cerimônias Oscar. Ele apresentou a festa nada menos que 18 vezes.

As atrizes mais indicadas são Katharine Hepburn e Meryl Streep: 12 vezes. O diretor William Wyler também concorreu por uma dúzia de filmes.

A Itália é o país que mais recebeu prêmios na categoria de filme estrangeiro: foram dez, contra nove da segunda colocada ( França).

Quem comenta essas curiosidades é Edivânia Silva, 25 anos, jornalista.

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