Janeiro de 2009 - Nº 13   ISSN 1982-7733  
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Gustavo Machado da Costa

22 anos, estudante de jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, trabalha na Agência Estado

São Paulo - SP

Foto: Andrea Magri

O debate realizado pelo Movimento Nossa São Paulo, no último dia 9, reuniu quatro dos doze candidatos à prefeitura de São Paulo. Outros três enviaram seus representantes, entre eles, Paulo Renato Souza, ex-ministro da educação do governo Fernando Henrique, que representou o tucano Geraldo Alckmin. Os secretários da educação da gestão de Kassab (DEM), Alexandre Schneider, e de Marta Suplicy (PT), Maria Aparecida Perez, representaram seus candidatos. Soninha Francine (PPS), Ivan Valente (PSOL), Renato Reichmann (PMN) e Edmilson Costa (PCB) formaram a bancada dos candidatos presentes. Paulo Maluf (PP) não compareceu, nem mandou um representante. Levy Fidélix (PRTB), Ciro Moura (PTC) e Anai Ceproni (PCO) tiveram o mesmo comportamento do criador do “minhocão”.

Os candidatos, talvez pelo modelo estabelecido pela organização, mantiveram a cordialidade e educação durante todo o evento. De fato, foi uma palestra. Cada um falava de suas perspectivas para educação como pensadores, não como efetivos candidatos à prefeitura. Algo compreensível ao ministro e secretários, no entanto, prejudicial aos políticos que pleiteiam a cadeira máster do Palácio do Anhangabaú, hoje sede da prefeitura paulistana.

Algo interessante dito pela Soninha foi a criação de um consenso entre os debatedores, extremamente explícito após a segunda rodada de discussão. Este consenso estabeleceu as principais necessidades para se ter um ensino com qualidade básica. Os candidatos não debatiam sobre melhorias e grandes realizações que transformariam São Paulo em uma potência educacional. Com isso, mais explícito ainda ficou a situação precária das escolas públicas da capital, pois ainda não atingimos nem a qualidade primária.

 O que mais decepcionou neste debate, ressaltado pela fórmula utilizada – três rodadas com cada candidato dissertando sobre um tema pré-estabelecido. Na primeira, eles tiverem oito minutos para explanar sobre um mesmo ponto. Na segunda, quatro minutos para um tópico sorteado individualmente. Na última, a platéia deveria fazer perguntas, porém retiraram esta parte devido ao tempo – foi a maneira vazia com que o ministro explicou suas propostas e, supostamente, estabeleceu a saída para a crise educacional, baseada na parceria entre Estado e município. Como já foi dito, Paulo Renato Souza foi ministro da educação por oito anos do ex-Presidente da República Fernando Henrique Cardoso.

Souza ainda afirmou que cada escola tem sua particularidade, e que cada uma de te ser tratada de maneira diferenciada. Não se pode generalizar, pois cada unidade de ensino está em um nível diferente de qualidade. O ex-ministro ainda lançou o seguinte comentário, excelente para cronistas e críticos à política brasileira, como eu: “A educação é fundamental para ultrapassarmos as barreiras da desigualdade social”.

Será que o ex-ministro obteve essas idéias sozinho? Será que elas só surgiram de 2002 para cá, quando ele deixou a cadeira sucedida por Cristóvão Buarque e atualmente ocupada por Fernando Haddad? Os dois mandatos de FHC não seriam suficientes para implementar um plano como este?

Quando indagado sobre estas questões, Souza afirmou que somente agora há uma “crescente conscientização da sociedade que anseia por uma educação de qualidade” e que isto seria um processo evolutivo. Então, deixando a conversa mole de lado, o representante de Geraldo Alckmin apenas evidenciou como a educação foi mal gerenciada, inclusive por ele, por oito anos, devido à falta de pressão popular.

Quando Soninha foi questionada sobre o mesmo assunto, sua resposta foi simples e direta: “Pergunte aos políticos que estão lá. Eu estou chegando agora”. Mais clara impossível. Já o candidato Ivan Valente foi mais político com seus rivais políticos. “Cada governo tem suas prioridades. Infelizmente a educação não foi a de nenhum governante até o presente momento”, respondeu o candidato do PSOL.

Valorização do professor, integração entre escola e sociedade, acréscimo na carga horária, programa de metas, atividades extracurriculares, e outras propostas básicas como estas foram expostas pelos participantes. No entanto, algumas idéias ditas por Edmilson Costa chamaram a atenção, como a mudança na estrutura didática. Para Costa, as crianças aprendem a história de duques, príncipes e condes como se estes tivessem construído o Brasil. E afirma que a história popular foi deixada de lado. Que pouco se fala de Antônio Conselheiro e Zumbi.

Escritor, professor, músico, jornalista e militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro) há mais de trinta anos, Costa expõem toda sua paixão socialista neste comentário. O povo é a parte mais importante da democracia. Seguindo este pensamento, não é o governo, ou a elite, que fez este país da maneira que é hoje. A pressão popular foi a grande responsável pela construção da nação. No entanto, me parece que o autor de O imperialismo, publicado em 1989, se empolga demais com a história de líderes populares e se esquece de que desde 1500 o jogo de interesses políticos rege o Brasil. Deste a “descoberta”, passando pela independência de Portugal, e terminando na última transição política nacional – a queda do regime militar. Infelizmente, em nenhum destes acontecimentos a classe baixa, a mais desfavorecida, moradora das periferias, foi determinante para o desenrolar dos fatos.

O fato é que a educação encontra-se em um estado lastimável. Freqüentador de instituições particulares desde o maternal, eu não tinha idéia de como é triste a situação das crianças e mães que dependem do ensino público. Consenso ou não, algo tem de ser feito para que este quadro estimulador da desigualdade seja revertido. No momento em que o governo fornecer escola de qualidade, outras questões se tornarão obsoletas, como as cotas em universidades públicas para negros, índios, ou até mesmo estudantes provenientes das escolas do Estado. Com educação se combate a pobreza e se fornece saúde e cultura. É irrelevante o debate sobre trânsito, poluição, desigualdade social, inclusão digital, violência e tantos outros assuntos que os políticos adoram comentar e rechear seu discurso eleitoral, sem educação de qualidade. A base de uma sociedade está na instrução de seu povo.

Gustavo Machado da Costa é estudante de jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, trabalha na Agência Estado e realiza projetos sociais baseados no jornalismo junto de Tedd Albuquerque, organizador da feira Como Assim?!.

 

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