Ivone Boechat
Rio de Janeiro - RJ
No horizonte da esperança, vão raiar as luzes de uma nova era. O Ano Velho está saindo, alquebrado, gasto; curvado ao peso dos dias, das promessas, da solidão. Vem chegando o ANO NOVO, como bebê recém-nascido, gerado no ventre da eternidade, assustado com o calendário, com medo da humanidade.
ANO NOVO, criança frágil que ensaia os primeiros passos, na cadência de doze meses pequenos demais para tantos planos. Ainda não aprendeu a falar a linguagem desatualizada do Ano Velho: não tive tempo, esqueci-me, amanhã eu vou, um dia volto, não posso.
O ANO VELHO sai em contagem regressiva pela estrada descartável da ingratidão, nem sabe o que fez das 365 oportunidades anotadas diariamente na sua agenda de omissão. Fez de conta que não viu as 24 horas despejadas pelo caminhão de entrega celestial e muita coisa perdeu-se do lado de fora.
Na reconstrução do tempo, não se olha para trás. Tão logo o relógio aponta o minuto que faltava, já foi. Sem despedida e desculpas, passou você, ficou a realidade do simbólico e imaginário, na curva do infinito. Já era.
ANO NOVO! A hora é agora, não se espera na estação do tempo o que já era.
Vem o NOVO! Chega depressa, sem avisar. Na empresa da vida não se arquivam ideais: ficam expostos na vitrine do potencial que saltam das prateleiras, toda vez que o painel de atitudes entra em ação. O automatismo de decisões faz parte da capacidade individual e ressalta na luminosidade da visão confiante. A maior pedra de tropeço nesta estrada é VOCÊ.
FELIZ ANO NOVO! Feliz construção de cada dia! Feliz administração da vida! Feliz desempenho na gerência das emoções, no controle do EU, na conquista do espaço, no exercício do respeito.
A velhice do Ano Velho, em fase de substituição, já mostra rugas de preocupação na testa do dever cumprido. Um vendaval de desculpas sopra forte sobre os erros, deixando à mostra as cicatrizes do mau uso do tempo. Cuidado com o vento.
Feliz Ano Novo, sempre!
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