Daniel
Vasconcellos
27 anos, ex-aluno do Curso de Redação
Jornalística -Senac
Ribeirão Pires - São Paulo
Há anos venho acompanho a evolução
da música nacional, que ano após ano muda
seu papel e torna-se cada vez mais comercial. Confesso que
sou fã dos movimentos que marcaram os anos 60 e 70,
que encantaram a nação brasileira com ousadia
e inquietude. Cresci ouvindo os versos de artistas como
Geraldo Vandré, Elis Regina entre outros tantos ícones
da música brasileira.
Hoje, após
alguns anos de análise, mesmo que superficial, destas
obras literário-musicais, percebo que tudo não
passou de uma manobra, uma estratégia de marketing.
Foi triste perceber, que a dupla Caetano e Gil, assim como
ícones de outros movimentos, não passaram
de produtos. Essa estratégia, que tem como objetivo
tomar o poder, é utilizada até hoje e engana
a muita gente.
Analisando momentos
poéticos citados em letras, que na época aparentavam
ser críticas ao sistema político, repletas
de manobras inteligentes para burlarem a censura da ditadura
militar, pude perceber que havia muito mais nos bastidores
deste show de inquietude juvenil que atravessou gerações.
Havia um ganancioso grupo de pensadores, entre eles cito
o Presidente Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso,
o prefeito José Serra, assim como os ex-governadores
Orestes Quércia e Mario Covas, mas principalmente
o ex-ministro José Dirceu, todos com uma insaciável
sede de poder. Este grupo utilizou–se de um artifício
muito inteligente para conquistar a juventude e ter em suas
mãos o poder de decisão: aproveitaram o carisma
destes artistas que encantaram a atenção e
a opinião pública da época com seu
poder de persuasão. Esse propósito, inclusive,
se mantém até hoje.
A estratégia
era sensibilizar a população e trazê-la
para seu lado, e desta forma, ter coro suficiente para pressionar
os militares e conquistar a tão sonhada democracia.
Muitos devem se lembrar dos movimentos das “Diretas-já”.
De quem eram os rostos que lá apareciam? Não
são os mesmos que continuam lutando pelo poder até
hoje?
Esses ícones
transformaram o sonho das pessoas em um circo cheio de sujeira
para todos os lados e venderam um mundo de ilusão
que foi citado de todas as maneiras, em livros, em discos
e estampados em camisetas. Quem não sonhou com o
ideal de liberdade dos “sem lenço e sem documento”
e hoje, realmente, não tem nada nos bolsos ou nas
mãos, que atire a primeira pedra.
Esta teoria não
passa de uma simples reflexão, porém, basta
analisarmos mais a fundo os fatos, que veremos que é
mais real do que o “mensalão” nosso de
cada dia.
Homens públicos,
eleitos pelo povo para fazer política voltada para
a juventude e para a classe trabalhadora, com promessas
de um futuro melhor, com idéias utópicas e
por que não mirabolantes, acompanhada de propostas
que acionam as enzimas da esperança nas pessoas,
iludiram o povo.
Hoje no poder, utilizando-se das necessidades das pessoas
para satisfazerem as suas próprias, o que eles fizeram,
há quantos anos as mesmas promessas acompanham as
campanhas eleitorais de todos os candidatos?
A juventude, ontem
coadjuvante de extrema importância neste processo,
hoje, encontra-se abandonada e entregue a ociosidade, distraída
com material de alta qualidade tecnológica ou na
pele de gente bonita e sorridente, bancadas para mascarar
o lixo de nossa sociedade e vender a ilusão de uma
vida de luxúria e alegria.
Nivelaram por baixo
a qualidade intelectual da nossa sociedade e transformaram
a juventude em lixo entregue a chaga do consumismo que contagiou
todas as classes sociais.
As propostas da tecnologia,
que rompe barreiras e traz a ilusão da facilidade,
está acabando com os jovens que buscam os mesmos
objetivos da facilidade, engolem lixo nutricional, ouvem
músicas com cada vez mais tecnologia e menos qualidade
cultural, usam roupas, penteados, tênis, relógios
e bonés iguais, tudo para facilitar a sua identificação,
facilitar a elaboração de promessas políticas.
A música
ontem travestida em oportunidade de manifestação
artística, amparada pela ilusão da liberdade
de expressão, hoje é apenas um passatempo,
não importa mais o seu conteúdo, basta apenas
agradar aos ouvidos.
A mesma visão
temos quando abrimos as páginas dos jornais e revistas.
As editorias que retratam a situação do país
foram deixadas de lado, esmagadas pelas campanhas publicitárias
e pela qualidade dos pixels coloridos das fotos que estampam
a nata da sociedade nas colunas sociais e mostra gente fora
dos padrões da sociedade brasileira sempre com um
sorriso valioso estampado no rosto. Sorrir para que e para
quem, se a maioria tem que chorar para conseguir o sustento
da família, em uma batalha diária pela dignidade
e contra o medo, a fome e a ignorância.
Caetano Veloso registrou
na música Alegria Alegria esta promessa
evasiva da liberdade, da ilusão de uma vida melhor.
Certamente, agora está causando indignação
naqueles que acreditaram na idéia e simplesmente
se conformam em assistir a tudo isso e reclamar, sem sequer
mover um dedo no sentido de mudar a história deste
país, que se não fosse o egoísmo de
seus condutores poderia ser a maior potência do mundo,
com a garantia daquelas promessas de mais dignidade, atenção
e o trinômio que elege homens públicos livres
de qualquer suspeita. Às vezes é bom pensar.
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