Junho de 2006- Nº 02    ISSN 1982-7733
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O marketing da esperança

Daniel Vasconcellos
27 anos, ex-aluno do Curso de Redação Jornalística -Senac
Ribeirão Pires - São Paulo


Há anos venho acompanho a evolução da música nacional, que ano após ano muda seu papel e torna-se cada vez mais comercial. Confesso que sou fã dos movimentos que marcaram os anos 60 e 70, que encantaram a nação brasileira com ousadia e inquietude. Cresci ouvindo os versos de artistas como Geraldo Vandré, Elis Regina entre outros tantos ícones da música brasileira.

Hoje, após alguns anos de análise, mesmo que superficial, destas obras literário-musicais, percebo que tudo não passou de uma manobra, uma estratégia de marketing. Foi triste perceber, que a dupla Caetano e Gil, assim como ícones de outros movimentos, não passaram de produtos. Essa estratégia, que tem como objetivo tomar o poder, é utilizada até hoje e engana a muita gente.

Analisando momentos poéticos citados em letras, que na época aparentavam ser críticas ao sistema político, repletas de manobras inteligentes para burlarem a censura da ditadura militar, pude perceber que havia muito mais nos bastidores deste show de inquietude juvenil que atravessou gerações. Havia um ganancioso grupo de pensadores, entre eles cito o Presidente Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o prefeito José Serra, assim como os ex-governadores Orestes Quércia e Mario Covas, mas principalmente o ex-ministro José Dirceu, todos com uma insaciável sede de poder. Este grupo utilizou–se de um artifício muito inteligente para conquistar a juventude e ter em suas mãos o poder de decisão: aproveitaram o carisma destes artistas que encantaram a atenção e a opinião pública da época com seu poder de persuasão. Esse propósito, inclusive, se mantém até hoje.

A estratégia era sensibilizar a população e trazê-la para seu lado, e desta forma, ter coro suficiente para pressionar os militares e conquistar a tão sonhada democracia. Muitos devem se lembrar dos movimentos das “Diretas-já”. De quem eram os rostos que lá apareciam? Não são os mesmos que continuam lutando pelo poder até hoje?

Esses ícones transformaram o sonho das pessoas em um circo cheio de sujeira para todos os lados e venderam um mundo de ilusão que foi citado de todas as maneiras, em livros, em discos e estampados em camisetas. Quem não sonhou com o ideal de liberdade dos “sem lenço e sem documento” e hoje, realmente, não tem nada nos bolsos ou nas mãos, que atire a primeira pedra.

Esta teoria não passa de uma simples reflexão, porém, basta analisarmos mais a fundo os fatos, que veremos que é mais real do que o “mensalão” nosso de cada dia.

Homens públicos, eleitos pelo povo para fazer política voltada para a juventude e para a classe trabalhadora, com promessas de um futuro melhor, com idéias utópicas e por que não mirabolantes, acompanhada de propostas que acionam as enzimas da esperança nas pessoas, iludiram o povo.
Hoje no poder, utilizando-se das necessidades das pessoas para satisfazerem as suas próprias, o que eles fizeram, há quantos anos as mesmas promessas acompanham as campanhas eleitorais de todos os candidatos?

A juventude, ontem coadjuvante de extrema importância neste processo, hoje, encontra-se abandonada e entregue a ociosidade, distraída com material de alta qualidade tecnológica ou na pele de gente bonita e sorridente, bancadas para mascarar o lixo de nossa sociedade e vender a ilusão de uma vida de luxúria e alegria.

Nivelaram por baixo a qualidade intelectual da nossa sociedade e transformaram a juventude em lixo entregue a chaga do consumismo que contagiou todas as classes sociais.

As propostas da tecnologia, que rompe barreiras e traz a ilusão da facilidade, está acabando com os jovens que buscam os mesmos objetivos da facilidade, engolem lixo nutricional, ouvem músicas com cada vez mais tecnologia e menos qualidade cultural, usam roupas, penteados, tênis, relógios e bonés iguais, tudo para facilitar a sua identificação, facilitar a elaboração de promessas políticas.

A música ontem travestida em oportunidade de manifestação artística, amparada pela ilusão da liberdade de expressão, hoje é apenas um passatempo, não importa mais o seu conteúdo, basta apenas agradar aos ouvidos.

A mesma visão temos quando abrimos as páginas dos jornais e revistas. As editorias que retratam a situação do país foram deixadas de lado, esmagadas pelas campanhas publicitárias e pela qualidade dos pixels coloridos das fotos que estampam a nata da sociedade nas colunas sociais e mostra gente fora dos padrões da sociedade brasileira sempre com um sorriso valioso estampado no rosto. Sorrir para que e para quem, se a maioria tem que chorar para conseguir o sustento da família, em uma batalha diária pela dignidade e contra o medo, a fome e a ignorância.

Caetano Veloso registrou na música Alegria Alegria esta promessa evasiva da liberdade, da ilusão de uma vida melhor. Certamente, agora está causando indignação naqueles que acreditaram na idéia e simplesmente se conformam em assistir a tudo isso e reclamar, sem sequer mover um dedo no sentido de mudar a história deste país, que se não fosse o egoísmo de seus condutores poderia ser a maior potência do mundo, com a garantia daquelas promessas de mais dignidade, atenção e o trinômio que elege homens públicos livres de qualquer suspeita. Às vezes é bom pensar.

SENAC
COLÉGIO UNISA
PARTICIPAÇÃO DIRETA
 
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