Junho de 2006- Nº 02    ISSN 1982-7733
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Esperar não é saber

Jefferson Cabral Elias
23 anos, advogado
São Paulo- capital

Ultimamente tenho me perguntado sobre a posição ocupada pelo jovem brasileiro no cenário político contemporâneo.

Nossos pais são de uma época em que lutar pela volta da democracia era o programa que proporcionava a maior adrenalina. A repressão, a ditadura, a censura eram a força motriz da juventude nacional que cresceu acuada, mas que não se calou. Saiu às ruas e bradou contra as imposições de um regime opressor.

Resultados práticos? Talvez não tenha causado efeito direto nas decisões do país que culminaram com o declínio da ditadura, pois isso foi uma onda também internacional em toda a América Latina e na Península Ibérica, e os ditames de tal política eram regidos pelo sempre presente Estados Unidos da América.

Entretanto, o que não se pode negar é que o resultado daquela época se percebe nos dias de hoje. Para quem não sabe, nosso Presidente foi preso político, os Josés, Dirceu e Genoíno também, Brizola e tantos outros. FHC foi exilado, e quantos outros? Isso sem contar com os artistas, Caetano, e outros geniais. O resultado a que me refiro atualmente não é sobre a política econômica do governo ou pelos programas sociais implantados ou o Plano Real do FHC.

Refiro-me, na verdade, à formação polítizada dos jovens do passado recente. A juventude de 60 não se compara com a juventude hi-tech de hoje.

Naquela época havia propósito, havia espírito político nas discussões e debates. Quem se interessou pôde experimentar a vivência de nossos pais assistindo aos capítulos de JK, exibidos no início desse ano.

O que houve conosco? Sim, porque quem vos escreve é um jovem de apenas 23 anos de idade. Apesar de não pactuar da mesma lacuna, insiro-me no mesmo grupo juvenil que não se compromete com a política.

A quem interessa esse descaso?

A quem pode ser vantajoso manter longe dos debates o futuro do país?

Primeiramente, melhor se feita uma análise da participação política da juventude nos últimos tempos.

Com toda a repressão do regime militar em 60 e 70, era assunto das rodas jovens as últimas de Castelo Branco ou de Médici, ou ainda, os discursos de Lacerda. Mais ainda, o voto não era permitido aos maiores de 16 anos como hoje.

O que se percebe é que o governo "sacou" que a juventude brasileira era totalmente desinteressada por política, e alvo fácil para a manipulação através de qualquer discurso bem feito por marketeiros políticos.

Resumo da ópera, foi, gentilmente e em nome da mais lídima democracia nacional, concedido direito ao maior de 16 anos de votar.

Mas o que isso pode significar para o jovem? Será que passa pela cabeça deles que participam do processo político nacional? Será que percebem que podem manobrar os rumos do país?

A resposta infelizmente não é afirmativa.

A preferência do momento é o orkut, raves, baladas e micaretas. Não sou contra. Pelo contrário, gosto muito de festas e boa música, mas não dispenso o debate político.
A leitura predileta é página do horóscopo ou o resumo dos próximos capítulos da malhação.

Além de cultuar o físico, é preciso cultuar o espírito, estimular o censo crítico. Nas academias o que se cultua não é a saúde, mas sim os músculos com auxílio de anabolizantes.

O estereótipo de homem parece ter mudado ou é impressão? Parece ser dada preferência pelos corpos bem torneados em vez da opinião e consciência política.

Creio que já é hora de mudar o que se procura na cabeça juvenil, de darmos preferência à cultura não inútil.
Perdeu-se o fio da meada, o foco; ou quiseram que nós perdêssemos? Como falei, foi mais fácil assim.

Alieno, autorizo-o a votar, manipulo sua opinião com belas propagandas. Associando minha campanha bem versada e a opinião mal formada do jovem, que eu mesmo ajudei a alienar, tenho garantida minha eleição. Esse é o pensamento político atual.

Sair para o debate, consumir informação em vez de drogas. Informação de qualidade, voltada aos fatos que realmente importam em nosso cotidiano faz bem, muito bem.

Melhor que tenhamos um movimento jovem mais intenso que os caras pintadas de 92, com consciência política e comprometimento com a causa social. Não precisamos de shows musicais para atrair a juventude em torno de uma causa política, mas sim de espírito cívico e político.

Quem sabe faz a hora não espera acontecer.

SENAC
COLÉGIO UNISA
PARTICIPAÇÃO DIRETA
 
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