Fevereiro de 2011 - Nº 20   ISSN 1982-7733  
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Anorexia nervosa: Já passei por isso!

Maria*

22 anos, estudante de Administração de Empresas

Paris - França

* A pedido da jovem, que não quer se identificar, usaremos um nome fictício.

JJ - Por quanto tempo você sofreu de anorexia nervosa?


Maria - Acredito que ela tenha começado a se manifestar quando eu tinha dez anos, que foi quando eu comecei a calcular as calorias de tudo que eu comia, controlar meu peso (sendo já absolutamente magra), falar em dietas, e apresentar sintomas de quem sofre da doença.

JJ - Quais são os fatores que, em sua opinião, predispõem à anorexia?


Maria -
Acredito que a mídia influencie muito na maioria das meninas. No meu caso não foi isso, pois nunca fui ligada nisso. No meu caso foi talvez a dificuldade em lidar com certas emoções, o que eu transferi para a falta de alimentação e a preocupação excessiva com o peso.

JJ - Conte um pouco como foi o período em que você sofreu de anorexia.


Maria - Foi durante muito tempo, e foi bem difícil saber que era anorexia. Íamos de médico em médico para entender porque eu era sempre tão gelada, porque meus pés e mãos eram azuis, por que eu tinha a pressão tão baixa, porque eu tinha tantas tonturas, mal estar, dor de cabeça, dor no estômago, mau hálito, olheiras, pele amarelada. Nada de suspeitarem que eu tinha anorexia, até a nutricionista dizer, pois eu tinha buscado-a para emagrecer, só que eu não podia mais devido ao baixo peso. Depois de um ano em tratamento com nutricionista, e acompanhamento psicológico, tudo pareceu melhorar, mas cada vez que eu sofria um golpe violento na vida eu deixava de me alimentar e comida ainda parecia muito nojenta para mim. Procurei grandes especialistas antes de me mudar para a França e eles foram contra a minha viagem. Poderiam me interditar, se meus pais fossem de acordo. Meus pais confiaram em mim e eu não os desapontei. Consegui a recuperação, sem precisar de ajuda médica, mas devido ao que vivi aqui.

JJ - A imagem que você via no espelho e o que diziam sobre você eram muito discrepantes? Como você avaliava essa diferença?


Maria -
Sim, pois tinha um peso baixíssimo para minha altura. Aos 18 anos estava com 1,69 e 44 kg. Mas sempre sentindo que deveria emagrecer mais e mais, pois tinha o que perder.

JJ - Qual é maior sofrimento do anoréxico?


Maria - É um sofrimento sem dor, é a incapacidade de fazer coisas normais que todo mundo é capaz de fazer. Não ter vida social, pois não pode aceitar ir numa festa, num aniversário, num jantar. É não poder dividir suas angústias com os outros que não sofrem da doença. Por isso os grupos de *annas e *mias são tão fortes, mas por um lado a maioria deles não te ajuda a sair do problema, te ajudam a suportar.

JJ - O que te fez reverter o quadro da anorexia?


Maria - Depois de onze anos sofrendo do problema, e já tendo procurado inúmeros especialistas, resolvi dar minha última cartada, pois estava com a saúde muito debilitada, meu coração estava muito devagar (47 batimentos por minuto) e podia sofrer uma arritmia a qualquer momento. Resolvi realizar um grande desejo de morar na França, pois achei eu não via mais futuro para mim, então era a hora de realizar algo que me empolgava. Aqui passei por dificuldades grandes no início causadas pela anorexia, o que me deixou mais consciente do quanto a alimentação era importante e que eu queria estar bem para poder voltar a ver meus pais. Aos poucos fui conseguindo comer, até que hoje consigo me alimentar muito bem.


JJ - Qual a maior lição que a anorexia deixou pra você?


Maria - Que se eu consegui superar o insuperável, deve haver algo muito bom reservado para mim.

JJ - Como está sua vida hoje em dia depois de superado o transtorno?


Maria - Tento não pensar nas calorias, e tem épocas que não calculo mesmo as calorias. Mas estou curada de verdade, pois consigo muito bem comer um chocolate e não me obrigar a caminhar 10 km para queimar as calorias.
Estou muito bem, ganhei peso, estou com o peso normal para minha altura e idade 56 kg e tenho a aparência de uma mulher de 22 anos, e não mais de uma menina de 13.

JJ - O que você diria para aqueles (as) jovens que sofrem como este transtorno?

Maria - Conversem com alguém mais experiente, que possa te ajudar. Muitas vezes os pais não entendem, então tentem buscar alguém para dividir isso.

 

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