Agosto de 2006- Nº 03    ISSN 1982-7733
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Futebol: paixão e competição.

Sonia Makaron
Diretora do Jornal Jovem
São Paulo - capital

Futebol. Um jogo civilizado, sem sombra de dúvida. Regras claras, juiz que zela por elas, bandeirinhas, público, comentaristas. Todos participando do maior espetáculo desse mundo globalizado. Um espetáculo planetário de paixão e competição.


Esta ilustração faz parte do acervo da família Ladeira e foi desenhada por
Lucy de Cerqueira Leite Ladeira na década de 70.

A espera de um êxtase de alegria, que quando se concretiza nos faz delirar e nos leva a viver momentos de plena confraternização, alegria compartilhada e contagiante. Somos todos felizes. Quem dera outras situações sociais nos trouxessem momentos como este que o futebol de uma copa do mundo pode proporcionar. É um momento em que podemos acreditar que viver em uma sociedade feliz é possível. Nossas contradições, nossas mesquinharias e toda pequenez humana se esvai, como se não existissem. Amamos, perdoamos, somos solidários, gentis, queremos transmitir e partilhar só alegrias. Por algumas horas vivemos o mito da sociedade ideal. Nossas paixões do bem trasbordam. Conseguimos finalmente vivê-las com toda a plenitude que desejamos. Confraternização, irmandade, alegria compartilhada.

Isso só prova o quanto a sociedade precisa disso. Não é à toa que o futebol de uma copa é o maior espetáculo do planeta. Precisamos disso. Claro que temos orgulho de sermos brasileiros. Esse sentimento perpassa as agruras políticas das quais temos sido vítimas sem termos meios efetivos de intervir. Quem dera outros acontecimentos sociais nos proporcionassem esse êxtase de alegria tão importante para uma vida mais saudável e feliz nesse mundo alucinante em que vivemos.

Claro que não podemos esquecer de um pequeno detalhe: isso só acontece com a vitória do Brasil.

Vamos agora encarar a derrota. Ela também pode se manifestar em forma de paixão. Isso quer dizer que também existe um ‘êxtase’ de derrota. A derrota do Brasil contra a França despertou em muitos um forte sentimento de revolta que se manifestou como um verdadeiro espetáculo de ‘ódio social’ e inconformismo. Muitos de vocês devem ter assistido essas tristes cenas, frutos também da paixão. Um extravasamento de ódio pela derrota, que se manifesta como ódio pelo ser humano, nesse caso personificado, por exemplo, no técnico Parreira.

Duro é quando esse ódio quer também ser contagiante, como a alegria o é. Quer arrematar sócios, quer insuflar nossa alma confusa e entristecida com a perda. Muitos embarcam nessa, daí as manifestações de ódio entre as torcidas. Pena que o ódio também contagia muita gente.

Sabemos que devemos saber perder. Talvez a grandeza da alma humana esteja aí: saber perder sem se perder e sem pôr tudo a perder. Porque viver em sociedade é um desafio. A razão e a ponderação devem vencer. A paixão não deve andar solta, despregada da razão. Perdemos, e a vida continua. Os erros devem ser remediados. E quem sabe devamos encontrar outras formas de sermos mais felizes em sociedade.

Quem sabe um dia a vida pública dos cidadãos encontre uma forma de participação social em que a convivência nos traga, não êxtases, mas simplesmente uma alegria cotidiana por vivermos em sociedade com dignidade social e política. Pois precisamos e ansiamos pela felicidade em sociedade também fora da copa do mundo, no convívio do dia-a-dia ou quando por exemplo, assistimos nossos representantes políticos desempenhando o papel - que lhes foi conferido pela sociedade - de forma digna e respeitosa para com os cidadãos que o elegeram e os que não o elegeram, afinal todos devem ser respeitados.

Que eles deixem de considerar sua vitória nas eleições como mérito pessoal e de seus marketerios de plantão, mas entendam que no voto quem ganha não são seus partidários mas, uma esperança nacional de buscarmos alcançar um convívio social mais digno e mais humanizado, em que a paixão dá as mãos para a razão e não se manifeste de forma irracional como na agressão e na violência social.

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