Thiago
Sogayar Bechara
19 anos, 2° Cinema-Faap e 3° Jornalismo-Mackenzie
São Paulo
- capital
Foto: Dpto Audio-visual
Colégio São Luís
Idealizado
e dirigido pela psicanalista Sonia M. Makaron, o site Jornal
Jovem promoveu dia 29/05/06 no Colégio São
Luís em São Paulo, o debate político
voltado especificamente para a mocidade: Como você
se encaixa na política atual? O objetivo do
evento bem como o de Sonia, ao criar o jornal na internet,
é, sobretudo, o da inclusão do jovem num cenário
não apenas político, mas de atuação
social, de uma maneira mais abrangente.
Mais de 200 jovens sentados numa arquibancada do Salão
São Luís; vieram de diferentes escolas e universidades,
entre elas, Colégio São Luís, Programa
Menor Aprendiz do Senac, Colégio Unisa, Colégio
Bandeirantes, Faculdade de Comunicação e Artes
do Mackenzie, Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas USP, Letras Mackenzie, Faculdade do Largo de São
Francisco, Colégio Montessori Santa Terezinha, Faculdade
de Educação USP, Jornalismo Mackenzie, Colégio
São Francisco Xavier, Curso Técnico de Informática
do Senac, Instituto de Ensino Barão de Mauá
- São Bernardo do Campo, Cinema da FAAP, Faculdade
São Luís.
Os
convidados do Jornal Jovem para o debate ficaram no centro
do Roda Jovem: Professor Dr. Bruno Konder Comparato, Deputado
Federal Ricardo Izar; e mais quatro jovens: Rodrigo de Araújo
Pereira, aluno do Programa Menor Aprendiz do SENAC, Rafaela
Carolina Arantes, aluna do 2° ano do E.M. do Colégio
Unisa, Martin Moreau Maita e Catarina Menezes, alunos do
3°ano do E.M. do Colégio São Luís,
que integraram a mesa. O Jornal Jovem fez questão
de evidenciar a importância da representação
dos jovens que escreveram artigos sobre o tema na edição
online do site, uma vez que personificam o potencial de
mudança de sua geração, muitas vezes
esquecido até por eles mesmos.

Bruno Konder Comparato,
Ricardo Izar e Rafaela Arantes
Ricardo
Izar é Bacharel em Ciências Jurídicas
pela Faculdade Paulista de Direito, Pós-Graduado
em Direito Penal pela PUC-SP e é o atual presidente
do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara
dos Deputados. Em sua apresentação, contou
que começou a fazer política desde cedo, quando,
na faculdade, foi Presidente do Centro Acadêmico 22
de Agosto.
Bruno Konder Comparato, por sua vez, é engenheiro
naval, cientista político, escritor, professor de
política na USP e coordenador da Revista Discutindo
Política. Disse que política não
é só o que se vê na TV sobre partidos
e eleições, mas que o homem é, por
excelência, um ser político, uma vez que a
origem grega da palavra já contêm em si o conceito
de polis (cidade). Isso obriga as pessoas a ampliar
sua visão sobre o tema, passando a compreender o
termo como designativo de uma atuação social
mais ampla e ativa. Desse modo, todos fazem política,
em várias e, muitas vezes, nem percebidas situações
da vida cotidiana.
O evento, que teve início às 19h30, contou
com a presença do mediador Laez Fonseca, Professor
de Ética e assessor técnico-pedagógico
do Colégio São Luís.
O debate foi dividido em três blocos temáticos
que abordavam respectivamente:
- O Primeiro Voto
- Encantos e Desencantos do Jovem na Política Atual
-
Formas de Participação do Jovem Cidadão
Uma indagação foi posta no ar pelo mediador
para começar o debate: “As pessoas que votarão
pela primeira vez têm consciência do significado
e da importância do voto?”. A partir daí,
inúmeras respostas vieram à tona, dentre as
quais a discussão do voto nulo, que instigou muita
gente.
Questionou-se o fato de a democracia dar o direito a escolha
do seu governante, uma vez que votamos em quem os partidos
disponibilizam para esse cargo e não em quem queremos
realmente, o que indica mais uma vez a manipulação
exercida sobre a sociedade com o apoio da mídia.
Para o Deputado Ricardo Izar, o “voto nulo é
um desastre para o país pois é anti-democrático”.
Ele exemplifica sugerindo uma outra situação
em que se vota por deboche, o que, em sua opinião,
é ainda pior. Nesse caso, ou damos nosso voto ao
candidato que os outros escolheram, ou àquele que
nem bem sabemos se tem condições de representar
os interesses da população. Por isso sua sugestão
é a de que acompanhemos os trabalhos e a vida de
cada político e, principalmente, dos candidatos para
podermos escolher aquele que melhor nos represente.
Com isso, Martin Moreau Maita, participante da mesa de convidados,
disse que “devemos lutar por uma democracia menos
frágil”.
Já Catarina Menezes, também da mesa, julga
que o voto nulo “só é válido
como símbolo de protesto, mas que, no entanto, impede
que as pessoas possam reclamar depois”, ao contrário
do que pensa Bruno Konder: “O voto nulo é o
contrário do protesto, pois consente que outras pessoas
definam as soluções para o país”.
Uma pausa no tema para que o senhor José Maria Duprá,
de 82 anos na platéia se colocasse: “A mocidade,
em termos gerais, está alheia à política
e por isso considero de extrema importância, debates
como esse que reúnem as pessoas que se excluem do
senso comum na busca de uma mudança para o país”,
congratula o ex-aluno do São Luís, seguido
dos aplausos calorosos de todos os presentes.
Adentrando o segundo bloco, a platéia ainda ávida
das polêmicas do primeiro, rebate ao tema proposto:
Encantos e desencantos do jovem na política atual.
Um aluno começa citando o desinteresse de sua própria
sala quando o assunto proposto em aula é política.
Acha que os seguidos episódios negativos que vêm
sendo veiculados pela mídia contribuem para o desestímulo,
tanto de jovens quanto de adultos, em ingressarem e se aprofundarem
no tema, o que, por sua vez, piora ainda mais a situação,
pois nos torna omissos.
“Corrupção sempre existiu, mas estava
por debaixo do pano”, complementa Catarina. “Os
jovens estão alienados e, no entanto, ficam reclamando
sem ter fundamento, muitas vezes”. A estudante, que
se indigna com o mau uso dos meios de comunicação
atuais, conclui que é mesmo mais cômodo estar
em frente ao computador usando orkut e messenger, do que
lutando pela mudança social.
Ao fim do bloco, a platéia relativiza o papel da
imprensa e reclama que o jovem sabe que tem de mudar e que
tem potencial para isso. O que não sabe, muitas vezes,
é qual caminhos seguir.
O gancho é dado para a introdução do
terceiro bloco em que justamente a “participação
do jovem na política” é o tema principal.
A platéia foi taxativa desde o início: “O
jovem não é incapaz. Sempre que quer algo
dos pais, consegue, e tem seus meios para isso. Basta querer”.
Uma estudante exaltada disse: “O que temos de fazer
é deixar de ser hipócritas e começar
a agir. O único direito que nós usamos é
o de permanecer calados e isso vale para mim também”.
Outros jovens rebateram o tema. Dentre eles, uma estudante
avaliou que encontrar o que desencanta dentro do cenário
político atual, é fácil. Que o que
se deve buscar é aquilo que tenha potencial de encantar,
na busca de motivação para acompanharmos mais
o contexto em que o país se encontra, afinal “não
pode ser que só haja corrupção dentro
desse mundo. Tem de haver algo positivo que nos motive a
caminhar para frente”.
Minutos antes de o tempo do debate se esgotar, o representante
do movimento “Reforma Brasil” divulgou o trabalho
que vem desenvolvendo na busca de uma mudança no
sistema político-eleitoral do país. “O
movimento é apartidário”, frisa. “O
que desejamos é essa transformação
estrutural para que meus filhos, por exemplo, possam voltar
a morar comigo, uma vez que estão os dois no exterior”,
revela.
Tempo encerrado, Sonia Makaron fez um balanço do
evento que segundo ela, será o primeiro de muitos:
“O evidente desejo dos jovens em participar foi marcante
nesse debate. Alguns infelizmente ficaram sem falar por
conta do tempo mas deu para perceber que um debate político
é algo que exige prática e constância.
Hoje engatinhamos, amanhã estaremos andando”,
disse bem-humorada e otimista.
Para Rafaela, do Colégio Unisa, uma das estudantes
da mesa, essa foi uma clara demonstração de
que a maioria quer e sente que pode fazer a diferença.
“Somos privilegiados e por isso devemos passar informação
a quem não tem acesso a ela”, pondera.
Já Lara Carolina, de 17 anos, estudante do terceiro
ano do ensino médio do São Luis, após
ter interagido da platéia, comentou: “Debates
são bons porque acendem essa chama dentro de cada
um de nós. O movimento estudantil está apagado
e essa é uma boa oportunidade de reacendê-lo.
Isso ajuda a esclarecer quem está alienado e a incita-lo
a se movimentar nesse sentido”.
Roda
Jovem
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