Dezembro de 2006- Nº 04    ISSN 1982-7733
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Mídia, Governo e Voto no Brasil

Rondinelli Suave e Claudia Sabadini
19 e 32 anos,
Comunicação Social -Centro Universitário São Camilo/ES Cachoeira do Itapemirim- Espírito Santo

Reza um ditado: "Política é uma arte de espetáculo. A mídia costuma mostrar somente o palco a nós, a platéia. Caso passe a cobrir os bastidores, detona uma crise política". Lamentavelmente, nossa imprensa continua influenciando as eleições do país. Mais uma vez, agora no processo eleitoral de 2006, o expediente da divulgação de pesquisas de intenções de voto, por exemplo, repercute e induz o eleitor na escolha de seus candidatos.

Uma das provas dessa intervenção deu-se em 1989, quando o "caçador de Marajás" Fernando Collor de Mello alçou vôo do anonimato rumo à Presidência da República graças a mídia tê-lo consagrado como o Salvador da Pátria recém-redemocratizada. A imprensa, arrogante à época e querendo extravasar as amarguras da censura, não refletiu os reais e óbvios interesses da ascensão do "almofadinha poliglota" Collor, que agora voltará triunfante ao Senado Federal. Sua campanha fora arquitetada para desbancar os favoritos ao pleito, Lula e Leonel Brizola, ali tidos como duas ameaças à ordem nacional. Outro caso ocorreu na campanha de Brizola para o Governo do Rio de Janeiro, quando pesquisas manipuladas quase lhe tiraram a vitória.

"No momento em que a mídia passa a não apenas relatar os acontecimentos como eles são, mas sim manipular informações e dados que podem influenciar o voto, passa a fugir do seu real propósito existencial, que seria o de levar a informação correta aos cidadãos", opina o analista político Ilauro Oliveira, editor do jornal eletrônico Atenas Notícias. Assim, essa mídia passa a exercer um papel que foge às suas responsabilidades, sendo que a maioria da população não está consciente suficientemente para fazer essa leitura 'crítica' e analisar com frieza a notícia consumida. "É uma prática equivocada e que passa longe da ética", complementa.

Para o professor de História, Adilson Santos, a mídia, principalmente a televisiva, desempenha um papel fundamental no processo de 'santificação' de uns e de 'satanização' de outros. "A influência da mídia é decisiva em alguns momentos como, por exemplo, no debate entre Lula e Collor, nas eleições de 1989, na Rede Globo", lembra. As pesquisas de opinião, para Adilson, são também instrumentos utilizados pela mídia para favorecer determinados candidatos. "A esmagadora maioria dos eleitores tem na TV o único veículo de informação disponível, não podendo confrontar seu discurso com outros meios, e, mergulhados no senso comum, votam muita vezes inconscientemente", explica.

Muito ao contrário do Brasil, jornais norte-americanos veiculam suas bandeiras políticas nos editoriais, deixando claro ao leitor que compra o periódico as reais intenções de defender uma candidatura. Aqui, isso não ocorre, pois, ao entrelaçar-se a acordos obscuros com setores políticos, parte da imprensa acaba minando a credibilidade do jornalismo e a conscientização da sociedade. "A mídia foge dos padrões éticos movida por interesses próprios ou de grupos aliados que anseiam perpetuar-se no poder", observa o radialista Parraro Sherrer, veterano conhecedor da área política.

A população tem ojeriza à politicagem. Daí, os meios de comunicação aproveitam as brechas estratégicas na programação e atiram os candidatos para dentro dos lares – e estes deixam seu recado. Muitos candidatos usam verbas públicas (legais ou surrupiadas, valendo-se inclusive da máquina administrativa estatal) para promover campanhas veiculadas por uma parcela da imprensa que sucumbe a quem paga mais. Isso quando os próprios parlamentares, paradoxalmente donos e fiscalizadores de concessões de rádio e TV, não decolam suas campanhas nas próprias emissoras que controlam.

Hoje a corrupção campeia no Congresso Nacional e nas Assembléias Legislativas, e manda quem tem dinheiro. Porém, esse é um retrato do povo brasileiro, bem representado quando explodem escândalos, uma vez que aqui muitos vendem o voto em troca de todo tipo de mimo ou necessidade. "'Quem se vende por um tostão, também o faz por um milhão'", enfatiza Parraro Sherrer, da Rádio Diocesana de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo. "O cidadão comum não tem representatividade no Congresso Nacional. Embora haja exceções no poder regionalizado, os parlamentares ora são empresários ora os defendem. Aí não tem dinheiro para a agonizante saúde publica, educação, salário maior etc. " argumenta.

Quando a 'ideologia' da empresa influencia o voto do funcionário

O poder econômico influencia o voto, sobretudo devido ao fator emprego. No 'toma lá, dá cá', o empresário financia as campanhas ativamente e exige retorno. Ele tem representação no Congresso para facilitar a aprovação de um projeto de lei ou um pagamento de imposto que lhe facilite a vida. Mas também pede ao funcionário para votar na chapa que apóia, argumentando que sua vitória garantirá emprego e prosperidade à corporação. Profissionais podem ser contaminados (ou contagiados) pela ideologia da empresa visando a preservar seu trabalho, que está cada vez mais raro. Esse e outros fatores tornam mais difícil a sociedade transformar seu voto em instrumento de mudança. Todavia, "voto é um direito do indivíduo e por ser secreto garante aos cidadãos a liberdade de escolha", argumenta Ilauro Oliveira.

Mídia, Governo e Voto no Brasil
Parte I -Rondinelli Suave

Debates na mídia, candidatos e Terceiro Setor
Parte II -Rondinelli Suave

Força do Voto
Parte III -Rondinelli Suave

 

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