Dezembro de 2006- Nº 04    ISSN 1982-7733
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Marketing Político: análise da atividade no Brasil

Samira Moratti
19 anos,
Comunicação Social -Centro Universitário São Camilo/ES Cachoeira do Itapemirim- Espírito Santo

O momento das eleições no país promove diversos sentimentos nos corações tanto dos candidatos quanto dos eleitores, e estes últimos terão a oportunidade de escolher novos candidatos para ocuparem cargos políticos ou permitir que outros continuem desempenhando o papel para o qual estejam tentando reeleição. Para tanto, há um vasto material que circula pelas mídias, seja impressas ou televisivas, para divulgar tais candidatos. Fato notório são as famosas propagandas do Horário Eleitoral Gratuito, que rolam soltas pelos canais abertos da TV. Vê-se de tudo: candidatos fortalecidos e ainda desconhecidos, e outros que fazem de uma oportunidade de publicidade parecer um momento hilário, com direito a paródias, violão e sanfona, teatro, poesia, etc.

Para que a propaganda, bem como a imagem do candidato em questão, seja na TV ou em 'santinhos', outdoors e bunners, se dê com sucesso, garantindo a confiança do eleitorado, deve-se investir pesado em marketing político. Mas o que seria isso?

O marketing político tem como objetivo promover a candidatura de qualquer pessoa que desejar trabalhar no meio político, assim como de qualquer partido. Seu papel é apresentar o candidato à sociedade, de forma positiva, garantindo sua eleição e monitorando sua imagem durante e depois do período eletivo. São os "marketeiros" políticos, ou mesmo assessores de imprensa, que coordenam desde os materiais impressos, que divulgam propostas de governo e informações acerca de seus candidatos, bem como comícios e sua relação com os eleitores e demais parceiros políticos. Exploram as características positivas do candidato, para utilizar em sua campanha a fim de beneficiá-lo, seja uma boa oratória, boa memória para recordar fatos históricos ou mesmo ser um bom conhecedor do eleitorado-alvo. Além disso, pesquisam o mercado e a opinião do eleitorado vigente, a fim de buscar temas debatidos por estes para que seu candidato possa 'esclarecer' à população o que poderá fazer em prol disto ou daquilo, angariando a confiabilidade e credibilidade.

São conquistadores da opinião pública. Agem, muitas vezes, com bajulação moderada para conquistar os jornalistas e a própria imprensa. O consultor político também é o responsável para que o candidato não exagere em um comentário feito para a mídia, que é tenaz e praticante da atitude de "emagrecer", segundo KUNTZ (2002; p.161) os fatos importantes ditos pelo entrevistado, colocando à frente somente o que lhe é considerado "importante". Não só na própria propaganda política, mas também na mídia pode haver manipulação da imagem do candidato. É o profissional de marketing político que deve cuidar para que qualquer manipulação contra o candidato seja temporária.

O marketing político é, portanto, usar a comunicação como arma em prol do político e é o responsável pela formação da imagem do candidato, seja ela boa ou má. É uma atividade recente no Brasil, tendo como início a década de 1980, de acordo com os moldes atuais (que concerne ao trabalho junto ao eleitorado, com pesquisas de opinião pública e de mercado).

Apesar desse aparecimento hodierno no país, pode-se ressaltar na nossa história alguns exemplos de profissionais do marketing político, iniciando pelo que foi mais relevante na então candidatura e mandatos do ex-presidente Getúlio Dornelles Vargas. Seu consultor político foi Assis Chateaubriand que, apesar de não ser um profissional da área, atuou no campo político para promover Vargas, que por si só era um grande 'publicitário', bem como a seu governo. Dono da maior cadeia de imprensa no Brasil, a Diários Associados, na década de 1930, e posteriormente, na década de 1960, na revista O Cruzeiro, assessorou Getúlio durante muito tempo até a década de 1950, quando entra para a vida política como senador da Paraíba. Entretanto, sua fama foi marcada pela forma como coagia as pessoas a se "entregarem" aos apelos de seu patrão. Usou, com o consentimento de Vargas, a propaganda nazista para conseguir a total rendição dos eleitores, já que o presidente era simpatizante do regime facista alemão. Chantageava empresas que não se rendiam as propostas do governo e difamava seus inimigos, utilizando seus jornais. Foi bastante influente, sem dúvida, mas não possuía uma aliança forte com a ética.

Vale ressaltar que por ser recente, a consultoria de marketing político ainda não possui amadurecimento tal que objetive o sucesso de todas as ações. Tanto que a própria política no país ainda está em fase de reestruturação, principalmente no que se refere à democracia, e sofreu deveras durante o regime da ditadura militar em 1964 (que também foi reduto de uma manifestação incipiente dessa propaganda). Os políticos, então acostumados a praticarem irregularidades para conseguirem o que almejam – o famoso "jeitinho brasileiro" - não são bons exemplos principalmente para os consultores políticos, bem como os de assessoria que lidam com eles. Portanto, tal profissional ainda não é visto com bons olhos.

É preconceituoso julgar a classe toda, sim, evidentemente. Mas ainda há maçãs podres no cesto que corrompem as demais. Sem o comprometimento principalmente dos próprios políticos o que se consegue é, não somente, deturpar a imagem do profissional de marketing político, bem como da própria política. Mas como é difícil saber quem age de forma ética e correta, só será possível verificar se haverá verdade em ambas as atividades quando a política em si não utilizar atitudes deploráveis para com ela mesma e para com a sociedade. Somente com uma política honesta pode-se desmistificar a imagem arranhada tanto do político quanto do "marketeiro" político. Até lá, resta analisar aqueles que estão atuando eticamente no meio e tirar as próprias conclusões.

Referências bibliográficas:

MARKETING Político. Comunicação Empresarial . [s.n.t.]. Disponível em: http://www.comunicacaoempresarial.com.br. Acesso em: 22 out. 2006.

SILVA, Valdir Roberto da. Marketing Político. Portal do Marketing . [s.l.], 24 ago. 2002. Seção Artigos. Disponível em: < http://www.portaldomarketing.com.br/. Acesso em: 22 out. 2006.

ASSIS Chateaubriand: banco de dados. Disponível em: < http://pt.wikipedia.org/wiki/Assis_Chateaubriand>. Acesso em: 22 out. 2006.

KUNTZ, Ronald A. Manual de campanha eleitoral : Marketing Político. 9 ed. São Paulo: Global, 2002, p. 124, 125,161.


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