Samira
Moratti
19 anos, 2º
Comunicação
Social -Centro Universitário São Camilo/ES
Cachoeira do Itapemirim- Espírito Santo
O momento das eleições no país promove
diversos sentimentos nos corações tanto dos
candidatos quanto dos eleitores, e estes últimos
terão a oportunidade de escolher novos candidatos
para ocuparem cargos políticos ou permitir que outros
continuem desempenhando o papel para o qual estejam tentando
reeleição. Para tanto, há um vasto
material que circula pelas mídias, seja impressas
ou televisivas, para divulgar tais candidatos. Fato notório
são as famosas propagandas do Horário Eleitoral
Gratuito, que rolam soltas pelos canais abertos da TV. Vê-se
de tudo: candidatos fortalecidos e ainda desconhecidos,
e outros que fazem de uma oportunidade de publicidade parecer
um momento hilário, com direito a paródias,
violão e sanfona, teatro, poesia, etc.
Para
que a propaganda, bem como a imagem do candidato em questão,
seja na TV ou em 'santinhos', outdoors e bunners, se dê
com sucesso, garantindo a confiança do eleitorado,
deve-se investir pesado em marketing político. Mas
o que seria isso?
O marketing político tem como objetivo promover a
candidatura de qualquer pessoa que desejar trabalhar no
meio político, assim como de qualquer partido. Seu
papel é apresentar o candidato à sociedade,
de forma positiva, garantindo sua eleição
e monitorando sua imagem durante e depois do período
eletivo. São os "marketeiros" políticos,
ou mesmo assessores de imprensa, que coordenam desde os
materiais impressos, que divulgam propostas de governo e
informações acerca de seus candidatos, bem
como comícios e sua relação com os
eleitores e demais parceiros políticos. Exploram
as características positivas do candidato, para utilizar
em sua campanha a fim de beneficiá-lo, seja uma boa
oratória, boa memória para recordar fatos
históricos ou mesmo ser um bom conhecedor do eleitorado-alvo.
Além disso, pesquisam o mercado e a opinião
do eleitorado vigente, a fim de buscar temas debatidos por
estes para que seu candidato possa 'esclarecer' à
população o que poderá fazer em prol
disto ou daquilo, angariando a confiabilidade e credibilidade.
São conquistadores da opinião pública.
Agem, muitas vezes, com bajulação moderada
para conquistar os jornalistas e a própria imprensa.
O consultor político também é o responsável
para que o candidato não exagere em um comentário
feito para a mídia, que é tenaz e praticante
da atitude de "emagrecer", segundo KUNTZ (2002;
p.161) os fatos importantes ditos pelo entrevistado, colocando
à frente somente o que lhe é considerado "importante".
Não só na própria propaganda política,
mas também na mídia pode haver manipulação
da imagem do candidato. É o profissional de marketing
político que deve cuidar para que qualquer manipulação
contra o candidato seja temporária.
O marketing político é, portanto, usar a comunicação
como arma em prol do político e é o responsável
pela formação da imagem do candidato, seja
ela boa ou má. É uma atividade recente no
Brasil, tendo como início a década de 1980,
de acordo com os moldes atuais (que concerne ao trabalho
junto ao eleitorado, com pesquisas de opinião pública
e de mercado).
Apesar
desse aparecimento hodierno no país, pode-se ressaltar
na nossa história alguns exemplos de profissionais
do marketing político, iniciando pelo que foi mais
relevante na então candidatura e mandatos do ex-presidente
Getúlio Dornelles Vargas. Seu consultor político
foi Assis Chateaubriand que, apesar de não ser um
profissional da área, atuou no campo político
para promover Vargas, que por si só era um grande
'publicitário', bem como a seu governo. Dono da maior
cadeia de imprensa no Brasil, a Diários Associados,
na década de 1930, e posteriormente, na década
de 1960, na revista O Cruzeiro, assessorou Getúlio
durante muito tempo até a década de 1950,
quando entra para a vida política como senador da
Paraíba. Entretanto, sua fama foi marcada pela forma
como coagia as pessoas a se "entregarem" aos apelos
de seu patrão. Usou, com o consentimento de Vargas,
a propaganda nazista para conseguir a total rendição
dos eleitores, já que o presidente era simpatizante
do regime facista alemão. Chantageava empresas que
não se rendiam as propostas do governo e difamava
seus inimigos, utilizando seus jornais. Foi bastante influente,
sem dúvida, mas não possuía uma aliança
forte com a ética.
Vale ressaltar que por ser recente, a consultoria de marketing
político ainda não possui amadurecimento tal
que objetive o sucesso de todas as ações.
Tanto que a própria política no país
ainda está em fase de reestruturação,
principalmente no que se refere à democracia, e sofreu
deveras durante o regime da ditadura militar em 1964 (que
também foi reduto de uma manifestação
incipiente dessa propaganda). Os políticos, então
acostumados a praticarem irregularidades para conseguirem
o que almejam – o famoso "jeitinho brasileiro"
- não são bons exemplos principalmente para
os consultores políticos, bem como os de assessoria
que lidam com eles. Portanto, tal profissional ainda não
é visto com bons olhos.
É preconceituoso julgar a classe toda, sim, evidentemente.
Mas ainda há maçãs podres no cesto
que corrompem as demais. Sem o comprometimento principalmente
dos próprios políticos o que se consegue é,
não somente, deturpar a imagem do profissional de
marketing político, bem como da própria política.
Mas como é difícil saber quem age de forma
ética e correta, só será possível
verificar se haverá verdade em ambas as atividades
quando a política em si não utilizar atitudes
deploráveis para com ela mesma e para com a sociedade.
Somente com uma política honesta pode-se desmistificar
a imagem arranhada tanto do político quanto do "marketeiro"
político. Até lá, resta analisar aqueles
que estão atuando eticamente no meio e tirar as próprias
conclusões.
Referências
bibliográficas:
MARKETING Político. Comunicação Empresarial
. [s.n.t.]. Disponível em: http://www.comunicacaoempresarial.com.br.
Acesso em: 22 out. 2006.
SILVA, Valdir Roberto da. Marketing Político. Portal
do Marketing . [s.l.], 24 ago. 2002. Seção
Artigos. Disponível em: < http://www.portaldomarketing.com.br/.
Acesso em: 22 out. 2006.
ASSIS Chateaubriand: banco de dados. Disponível em:
< http://pt.wikipedia.org/wiki/Assis_Chateaubriand>.
Acesso em: 22 out. 2006.
KUNTZ, Ronald A. Manual de campanha eleitoral : Marketing
Político. 9 ed. São Paulo: Global, 2002, p.
124, 125,161.
|