Julho de 2007 - Nº 06    ISSN 1982-7733
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INÊS – Gil Vicente po ele mesmo

Criação e Direção: Achileu Nogueira Neto


Adriana Lobo

20 anos, aluna do Teatro-Escola Célia Helena e do curso de Artes Cênicas da UNESP

São Paulo- capital

Foto: Divulgação

 

A Cia dos Ícones apresenta-nos sua nova montagem: Inês – Gil Vicente por ele mesmo. Muitos trabalhos da Cia possuem um caráter social, o que justifica a escolha de um texto de Gil Vicente, considerado o pai do teatro português e fundador da dramaturgia daquele país. Escolas levam seus estudantes para assistir a peça, lembrando que esse autor é leitura obrigatória para o vestibular de muitas universidades.

Diz-se que essa farsa foi escrita por Gil Vicente a pedido de Pero Marques, que propôs a ele um desafio na Corte diante do rei e da rainha, duvidando da sua capacidade como dramaturgo, já que ele era acusado de plagiar autores espanhóis. Esse episódio é narrado por um ator que apresenta-se como Gil Vicente, e os outros atores formam seu grupo de teatro. Eles começam assim a encenar o que seria o “improviso” da Farsa de Inês Pereira na Corte, valendo-se assim do recurso do metateatro. Um recurso difícil de ser trabalhado, mas muito bem utilizado. A peça possui um alto caráter didático, chegando mesmo a ser explicativo. Mas tendo como ponto de vista o público-alvo e a proposta da Cia, talvez isso tenha sido necessário.  

A montagem não se restringe ao século XVI sendo adaptada à atualidade. A comicidade já tão natural do texto, uma farsa popular, é acentuada pelas piadas e tiradas cômicas dos atores. O texto também é adaptado a uma linguagem atual, o que facilita a compreensão porém distancia-se um pouco do original da obra. A trilha sonora não surpreende mas é muitíssimo bem utilizada, equilibrando as músicas “medievais” que acompanham as cenas da farsa com as músicas contemporâneas inseridas em momentos específicos para causar comicidade. Funciona muito bem.

Destaque para o excelente preparo dos atores, que possuem um grande domínio da técnica de triangulação com a platéia, tão característico do teatro popular, e da improvisação. Além de todo um domínio da técnica necessária para fazer comédia, já que sabemos não ser nada fácil tirar riso de uma platéia comum, quanto mais de uma platéia formada por estudantes do nível escolar.

Destaque também para a direção que soube marcar os momentos importantes do texto para acentuar a comicidade sem atrapalhar o desenvolvimento da história, além de uma boa transposição de situações e falas para a atualidade.

Uma montagem muito interessante pra quem quer conhecer um pouco mais da obra de Gil Vicente sem deixar de se divertir. O riso é garantido.

“INÊS – Gil Vicente Por Ele Mesmo”

Autor: Achileu Nogueira Neto

Local: TEATRO MARIA DELLA COSTA

Rua Paim, 72 – Bela Vista – São Paulo / SP – tel: (11) 3256-9115

(trav. Av. 9 de Julho – próx. Pça. 14 Bis)

Período: a partir de 05/Abril (quintas-feiras) – às 21h

Ingressos: R$ 40,00 (inteira) R$ 20,00 (meia)

Bilheteria: de quinta a domingo, a partir das 14h

FICHA TÉCNICA

Criação e Direção: Achileu Nogueira Neto

Elenco da Cia dos Ícones:

Alessandro Ramos, Charles Edward Murray, Jéferson Santos,

Miriam de Castilho, Roberto Cezzaretti, Sergio Portella, Tatiana Ramos, Thiago Reis, Thiago Fortes, Tony Ravan

Diretor de Cena: Félix Moices

Operador de Luz e Som: Irineu Justino

Realização: Cia dos Ícones.

 

Veja também...

-O Avarento
Direção:Felipe Hirsch

-Inês: Gil Vicente por ele mesmo
Direção:Achileu Nogueira Neto

-Tristão e Isolda
Direção:Vladimir Capella

-Mammy vai à lua
Direção:Elias Andreato e Patrícia Gasppar

- Terça Insana
Direção:Grace Gianoukas

 

 

 

 

 

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VOCÊ SABIA?

Quem foi Molière?

Jean Baptiste Poquelin (1622-1673), mais conhecido como Molière, nasceu em Paris e é considerado o maior comediógrafo do teatro clássico francês. Assim como é comum aos comediantes, Molière era bastante espirituoso, mas escondia uma certa melancolia.

Talentoso como ator cômico percorreu várias das províncias francesas representando Arlequim. Em Paris, tornou-se diretor teatral e com o apoio do Rei Luís XIV foi responsável pela reforma do teatro cômico francês e pela criação da comédia moralista de costumes.

Mesmo exercendo essa função, não deixou de apresentar-se como palhaço. Molière continuou escrevendo farsas, gênero no qual se destacam O Médico à Força, As Preciosas Ridículas e As Artimanhas de Scapin. Esta última foi escrita já no fim de sua vida e o papel de palhaço ficou reservado para ele.

A comédia tinha um objetivo moralizador. Em Georges Dandin, o personagem principal é o burguês que é enganado no casamento aristocrático. Já em O Burguês Gentil-homem, a crítica é dirigida aos novos-ricos que querem demonstrar intelectualidade.

A sua primeira grande comédia foi A Escola das Mulheres. Com O Avarento, o dramaturgo satiriza o pecado da avareza, típico dos burgueses. Ainda nessa peça as convenções da sociedade são abordadas em tom de lamento e sátira e nota-se, também, uma aproximação maior com o espírito trágico.

Tartufo é, sem dúvida, sua peça mais discutida, por ser uma crítica à hipocrisia da época e à falsa devoção. Para ser representada, o rei teve que intervir pessoalmente no caso enfrentando a resistência dos beatos.

Molière, tanto em sua obra quanto em sua vida, sempre perseguiu os médicos. Em O Doente Imaginário eles são apresentados como ignorantes e pretensiosos por ludibriarem e explorarem o hipocondríaco Argan, interpretado pelo próprio Molière, que já estava muito adoentado. Por conta disso, diz-se que o dramaturgo morreu no palco demonstrando que, até o fim, a teatralidade o acompanhou.

 

Cremilda Aguiar. São Paulo -  capital

 
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