Dezembro de 2007 - Nº 08    ISSN 1982-7733
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Fórum Internacional Estudantil Greening Cities- Londres


Wemerson Fraga, Gisele Diniz e Rafael Funari (da esquerda para direita), estudantes brasileiros no Fórum Internacional Greening Cities em Londres

 

 

Já em seu segundo ano, o Fórum Internacional Estudantil, organizado pelo British Council em conjunto com Natural History Museum de Londres, reuniu renomados cientistas e políticos e estudantes de vários países para discutir as mudanças climáticas, suas causas e impactos. O evento, realizado entre os dia 10 e 12 de julho, teve como proposta investigar as origens e consequências do problema, responder perguntas de estudantes do mundo todo, examinar idéias que possam reduzir as emissões de carbono nas grandes cidades e encorajar a biodiversidade local.

Dentre os 21 países diferentes participantes da conferência (Austrália, Brasil, Arábia Saudita, Camarões, Cingapura, Líbia, Portugal, Rússia, Omã, Iêmen, China, Canadá, Barém, Kuwait, República Tcheca, Eslováquia, Bélgica, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos, Tailândia e Turquia), o Brasil foi representado por 3 jovens que relataram diariamente os detalhes dessa experiência única. Confira abaixo:

Gisele Diniz, 16 anos - Recife (PE)

 

No momento em que chegamos a Inglaterra, percebi que seria algo totalmente diferente de tudo o que eu já havia conhecido. Há uma grande variedade de culturas a cada porta que abrimos, permitindo-nos ter uma visão global muito profunda. A oportunidade que nos foi dada foi algo único e inesquecível e que ficará marcada permanentemente.

Um das observações que considero muito importante para o Brasil é referente ao mercado de carbono, uma vez que após o novo critério de classificação de emissores de gases estufa, o Brasil passou de exemplo de preservação ambiental e vendedor de créditos de carbono a comprador destes como o quarto maior emissor do mundo devido as queimadas oriundas de atividades agropecuárias e madeireiras. Esse comércio funciona da seguinte forma: aqueles que não gastaram sua cota de emissões, vendem-na para grandes poluidores; contudo esse sistema não reduz consideravelmente a quantidade de CO2, na verdade, só o espalha pelo planeta, diminuindo sua concentração nas grandes potências.

Será que a plantação de produtos destinados à produção de biocombustíves pode levar a diminuição das áreas usadas para o plantio de alimentos? Esta é uma das questões mais debatidas no Brasil e que vem afligindo inúmeros cidadãos. Contudo esse perigo é praticamente nulo. Embora metade das terras férteis estejam ocupadas por importantes eromas que não podem ser removidos, a outra metade não esta completamente ocupada e outra parte desta é má utilizada, então elas podem ser direcionadas a este fim, combinadas ao uso da transgenia para aumentar a produção sem precisar aumentar proporcionalmente as terras semeadas e uma vez que os produtos modificados geneticamente não serão consumidos na alimentação, não há razão para se preocupar com obstáculos na sua utilização.

Um dos participantes portugueses conseguiu realizar sua viagem com 0 emissões de carbono ao investir em biocombustíveis na Índia, mostrando como as ações de uma pessoa apenas podem fazer a diferença.

No último dia de palestra, uma sugestão mencionada me chamou muitíssimo a atenção por sua qualidade e viabilidade, ela mencionava o uso de CH4, obtido pela combustão ou compressão de resíduos orgânicos, e como armazená-lo. Essa técnica gera energia suficiente para nutrir áreas relativamente extensas sem dificuldades além de dar um destino ecologicamente correto ao lixo, uma das maiores preocupações do século XXI.

Ainda sobre a temática do lixo; na viagem percebi o quanto essa questão é grave no Brasil. É indispensável ter um sistema eficaz de reciclagem para contribuir com o processo de despoluição e com a redução da extração de matérias primas, o que ajudaria enormemente o orçamento governamental.

No Brasil, existem organizações (muitas vezes formadas por iniciativas privadas) especializadas em reciclagem, mas por causa que a procura é muito baixa e por não receber muito auxílio estatal, os preços de serviço ficam incrivelmente altos se comparados com os da coleta comum, desmotivando a população.

E por fim, a questão dos transportes – uma das maiores responsáveis pelas emissões de CO2. Em algumas partes do país, o transporte público é de baixa qualidade, incapaz de atender a demanda, enquanto o setor de veículos privados cresce sem parar, chegando a ser raro uma família não ter no mínimo dois carros na sua garagem. Se quisermos realmente diminuir o aquecimento do planeta é preciso melhorar essa área pública, por exemplo, colocar preços baixos para menores para criar o hábito da utilização de transporte coletivo e/ou melhorando a sua eficiência, como o “Ligeirinho” e o “Ligeirão”, ambos veículos públicos brasileiros de alta capacidade.

 

 

Rafael Funari, 17 anos - São Paulo (SP)

 

A conferência começou no dia 09 de julho, mas as palestras só iniciraram no dia seguinte. O tema geral das palestras do dia 10 (terça-feira) foi o impacto ambiental das cidades, em que os palestrantes (alguns deles professores de renomadas universidades) falaram de diversos assuntos: a mudança climática e suas escolhas para o presente e as implicações para o futuro, a falta do óleo, os meios de transportes e seus efeitos para o aquecimento global.

A principal mensagem que eu absorvi nessas palestras foi que nos devemos unir para combater o aquecimento e que se o egoísmo for o futuro, os seres humanos estarão condenados a destruição.

 

Alem de aprender muita coisa, nós também tivemos a oportunidade de ouvir diferentes pontos de vista sobre o assunto. Também aprendemos que não devemos apenas sonhar, e sem agir, porque o que nos falta não é recursos, mas sim capacidade e disponibilidade.

 

No dia 11 de julho, quarta-feira, nós tivemos mais palestras, nas quais o tema central foi as cidades e seus impactos. Abordamos assuntos muito interessantes e importantes e percebemos como as cidades contribuem de maneira significativa para as mudanças climáticas, pois elas são responsáveis por 75% das emissões mundiais de CO2.

Algumas evidências dessa mudança estão no fato de que plantas que antes não resistiam ao inverno de Londres, agora conseguem sobreviver, provando que a temperatura tem aumentado.

Abordamos outro temas, como o que fazer e como fazer para ajudar a reduzir esse aquecimento, aprimorar o desenvolvimento sustentável das cidades e ampliar os espaços verdes de Londres. É muito importante nós termos a consciência de que precisamos pensar diferente e encontrar pessoas dispostas a ajudar o planeta da melhor forma possível.

 

No dia 12, quinta-feira, a programação foi parecida com a dos outros dias, com cinco palestras e um debate final. O tema central desse dia foi “as cidades verdes e a necessidade de pensamentos inovadores”.  Foi nesse dia que o prefeito de Londres, Ken Livingstone, deu-nos uma palestra, cujo tema era “o desafio do século XXI, em relação às mudanças climáticas”. Ele falou das coisas que Londres quer e está fazendo para combater o aquecimento, como por exemplo as grandes campanhas publicitárias, acordos com outras cidades e o objetivo de Londres de fazer, em 2012, uma olimpíada sustentável.

As outras palestras abrangeram temas como “as taxas pessoais de carbono”, “transformando Londres numa cidade sustentável com baixas emissões de carbono” e “o poder do governo municipal para combater as mudanças climáticas”.

Nesse dia aprendemos que as pequenas coisas do dia-a-dia podem contribuir muito para reduzir o aquecimento global, como por exemplo desligar a televisão quando não estiver mais usando, apagar a luz, etc, e vimos que a aviação é responsável por 34% das emissões em Londres, seguido pela parte doméstica (25%). Este foi o último dia da conferência, que foi encerrado com uma volta por Londres num ônibus movido a hidrogênio e um jantar à noite. Na sexta-feira, dia 13, nós voltamos para o Brasil.

Esta conferência, pelo menos para mim, foi inesquecível. Pudemos conhecer pessoas do mundo todo e compartilhar com elas um assunto global. Criamos laços de amizade com pessoas que sabemos ter o mesmo interesse e a mesma vontade: ajudar o planeta. Esses cinco dias de conferência foram uma oportunidade única e não tenho palavras para descrever o quanto ela significou para mim. Volto para o Brasil com muitas saudades mas, acima de tudo, motivado, pois sei que ainda há uma luz no fim do túnel. Agora, mais do que nunca, quero poder ajudar o planeta e, com certeza, vou fazer o possível e o impossível para realizar tal tarefa e sei que não vou estar sozinho nisso.

 

Wemerson Fraga, 16 anos - Inhumas (GO)

 

Mais que teoria

 

Nesses dias de palestras, debates, perguntas, respostas e opiniões vindas de todas as vértices da rosa dos ventos, mostraram que o problema das mudanças climáticas sem controle, assim como os outros problemas ambientais não se resumem simplesmente a livros ou conceitos científicos, pois seus impactos, causas e conseqüências são diferentes e podem variar nos vários países do planeta Terra.

Os temas das palestras e debates de cada dia foram universais. Começamos falando sobre o impacto ambiental das cidades, que cresce cada vez mais em todo mundo. Discutimos o que será das cidades em alguns anos, tópico em que constatamos que o amanhã depende das escolhas de hoje. Podemos escolher, por exemplo, usar biocombustíveis ao invés de combustíveis fósseis, ou ainda, usar o transporte público e deixar o carro de lado, levando uma vida sustentável ou realizando os primeiros passos para obter uma.

Falamos ainda sobre a importância de se buscar alternativas para a adaptação das cidades aos impactos ecológicos em todo o mundo. Durante o debate com professores e especialistas no assunto, ouviram-se comentários de estudantes de países onde não há grande emissões de carbono dizendo que estas nações nada deveriam ou poderiam fazer alguma coisa na luta contra os efeitos da supracitada. Porém, conversando mais, acredito que eles se conscientizaram que o planeta é um só e que todos têm que agir de alguma forma para ajudar em sua conservação, mesmo sabendo que não têm grande participação em sua devastação.

Devemos conservar nossa casa e quando não podemos ter uma nova, adaptá-la as nossas necessidades. Para nos adaptarmos as mudanças no meio ambiente, temos que nos movimentar, criando alternativas como a intensa arborização e criação de áreas verdes nas cidades para que possamos levar a natureza a selva urbana. Londres, cidade sede do Fórum, é um exemplo disso, pois tem vários parques espalhados por toda a área urbana. Isso é uma necessidade pois além de aproximar a natureza da população é essencial ao processo de adaptação da URBE, pois é uma ação tão proficiente que se aumentarmos em 10% a temperatura de uma cidade como a capital britânica, sua temperatura cairá em média 4 graus celsius.

Trazendo o exemplo para o Brasil, podemos falar da cidade de São Paulo porém com a diferença de que ela não tem áreas livres para a construção de grandes parques, como em Londres. Sobre este caso, a palestrante Shirley Rodrigues disse que devem ser criados áreas verdes nos quintais das casas e nas coberturas de edifícios, começando pelo governo, que segundo ela, deve encontrar uma maneira de crias áreas verdes nas metrópoles urgentemente.

Depois falamos das limitações de emissões de carbono por pessoa e suas aplicações sobre cidades-modelo e se elas são mesmo necessárias e se o gasto com elas valeria a pena.

Enfim, são empíricas e não somente teóricas idéias e conhecimentos, que não servirão apenas parta enfeitar mais páginas de varias línguas dos quase 30 países representados, mas para conscientizar os tão citados herdeiros do planeta de que é necessário ter mais cuidado com sua herança, seu maior patrimônio. O planeta Terra, seio de nossa vida.

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