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Outubro de 2022 - Nº 22    ISSN 1982-7733
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EQUÍVOCO NEFASTO

Uma reflexão sobre as eleições presidenciais de 2014

A campanha política da presidente eleita causou uma perturbação nacional nos laços de amizade e bom companheirismo cultivados entre as regiões sul e sudeste e os nordestinos. Laços estes que se fortalecem no convívio, e principalmente, no turismo às belíssimas praias do nordeste brasileiro.

Não foram os nordestinos que elegeram Dilma. Entre outros, que são os militantes de longa data, o que elegeu a presidente foi a ameaça que rondou a cabeça das pessoas, infelizmente, mal informadas, do nosso país, de perderem o pouco que têm.  Esclarecendo, mal informado é aquele a quem não foi oferecida escola de qualidade, e por isso, e só por isso, é analfabeto funcional e tem dificuldade para ler. Quem tem dificuldade para ler, tem dificuldade para conhecer um mundo além do seu. Alguns dirão, a TV substitui. A TV entrega pacotes fechados de ideias. Não vamos comparar TV com uma boa escola e uma boa leitura.  Já o termo ignorante é utilizado com a intenção de menosprezar o interlocutor e, nas eleições, foi usado para distorcer o discurso de FHC e, a partir daí, incitar a ideia de divisão, preconceito e discriminação contra essa parcela esquecida do nosso Brasil... glorioso.

Infelizmente, nos grotões deste país, ainda existem cidadãos que vivem em locais onde não podem usufruir de uma infraestrutura mínima de saneamento e qualidade na saúde, educação, moradia e trabalho que lhes permitam viver com dignidade. Eles ainda são esquecidos pelos governantes deste país. Vivem quase que, exclusivamente, do Bolsa Família. Nesse sentido, e só nesse sentido, Bolsa Família é similar a uma esmola, por que é pouco, muito pouco, para que eles sejam verdadeiramente incluídos e alcancem a estatura de cidadãos por completo e com dignidade. É esse o correto sentido de quem se refere ao Bolsa Família como esmola.

Ódio ao nordestino? Como odiar aqueles que são os menos favorecidos do nosso país? Detestável é usá-los para fins eleitoreiros. Abominável é aterrorizá-los e fazê-los crer que a mão que dá é uma só, e que, se não houver fidelidade não haverá benesse.   

Quem primeiro se referiu aos nordestinos com ‘ignorantes’ foi Lula, líder do PT. Não foi isso que FHC disse. Mal informado não é o mesmo que ignorante. A partir do momento em que Lula igualou os dois conceitos, incentivou a guerra de preconceitos. Com isso, tirou o pior de cada brasileiro nessa disputa eleitoral. Ele, Dilma e o seu marqueteiro conhecem o efeito que esse tipo de ataque tem.

Os ataques dos eleitores não deveriam ser dirigidos aos nossos bons amigos nordestinos, nem a ninguém. Mas as críticas, sim, devem ser dirigidas ao líder que disparou os motes da campanha. Aposto que, na cabeça do leitor, acabam de surgir mil adjetivos venenosos que poderiam ser usados  nas campanhas da  oposição. Mas não foram. Os ataques e ofensas pessoais ao candidato da oposição, levados ao extremo e cantados em prosa e verso em todos os meios de comunicação (os mesmos que o PT sataniza), reverberaram como um mantra nos quatros cantos do país. O maior líder do PT jogou com o pior que cada um tem dentro de si. Por isso, tantos ataques nas redes. O veneno da cobra correu e ainda corre solto. A barbárie também. Tantos que tentavam explicar por que não votar no PT. E os petistas, inflexíveis, afirmando que quem não vota no PT é contra os pobres, contra os programas sociais e por aí vai. Um equívoco que teima em não ser esclarecido. Até hoje, os petistas acreditam nisso.  A campanha do PT não chamou para a discussão de ideias e projetos, chamou para a guerra, para as ofensas e transformou o mal entendido em certeza venenosa. Certeza de que quem não vota no PT é...

No seu discurso de posse, Dilma disse que não quer um Brasil dividido e que quer promover a união de todos os brasileiros. Dura tarefa para quem estimulou o contrário em toda a sua campanha política. Na sua posse, quando surgiu a primeira oportunidade pública para o gesto de união, quando os militantes petistas desferiram ofensas contra a TV Globo, não o fez. Seu silêncio disse tudo. Aqui, não cabe o álibi da liberdade de expressão.  Quem quer conciliar, concilia.

Equívoco nefasto. Barbárie.

 

Sônia Maria Makaron

Psicanalista

 

 

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