Narrando de forma épica a saga da heroína francesa Joana d’Arc, a peça propõe uma reflexão sobre objetivos, rumos e escolhas de cada indivíduo. Até 12 de outubro.
Foto:Divulgação
Originalmente concebido para percorrer as ruas da cidade, o espetáculo mantém sua montagem original, sem separação entre palco e platéia. Referências da cultura pop e da tradição popular brasileira trazem o enredo para o Brasil dos dias atuais. A peça usa o humor, a música e a interação com o público para contar a vida da heroína francesa como metáfora para falar de escolhas da vida e referências culturais.
“A história de Joana foi usada como metáfora e transportada para os dias de hoje no contexto brasileiro. Trazemos ao espetáculo a nossa cultura popular, como músicas tradicionais e cantos de orixás, mas também as influencias externas do pop-rock, e do rap, por exemplo”, conta Fábio Resende, diretor da peça.
Sem separação entre palco e platéia, objetos de ferro velho formam a estrutura do cenário, que se movimenta de acordo com a dramaturgia, obrigando os espectadores a se deslocarem para acompanhar a cena. “Há momentos em que transformamos o próprio público no coro do espetáculo, ora em platéia de um show de rock, ora em população que testemunha a sentença de Joana”, revela o diretor.
A peça traz situações cênicas que exploram o drama, mas também um humor “anárquico”, como a companhia define. “Nem um commedia dell’arte nem um clown. Usamos várias referências para fazer um humor próprio sem nenhum padrão definido”, conta Fábio.
As “vozes” ouvidas por Joana tornam-se símbolos que podem ser interpretados como a crença em sonhos ou a ousadia de trilhar caminhos contrários a padrões pré-estabelecidos pela sociedade. Suas batalhas assemelham-se à luta contra os obstáculos do dia-a-dia na busca pela felicidade.
Fábio conta que há ainda uma outra interpretação possível: “Brincamos também com as vozes no sentido de questionar o que estamos ouvindo hoje. A invasão à França pode representar ainda a invasão cultural que sofremos no Brasil. O intento não é barrar de todo o que vem de fora, o que questionamos é a imposição cultural, propondo uma apropriação consciente dessas influências”.
A Brava Companhia surgiu em 1998, inicialmente com o nome de Cia. Teatral ManiCômicos, na zona Sul da Cidade de São Paulo. Com a proposta de descobrir novos caminhos para o acesso ao teatro, o grupo se apresenta em locais públicos, como ruas da periferia e do centro da cidade.
A Brava
Até 12 de outubro.
sextas e sábados às 21 horas, e domingos às 20 horas
Centro Cultural São Paulo - Espaço Cênico Ademar Guerra
Rua Vergueiro 1000 – Liberdade. Próximo à estação de metrô Vergueiro.
Telefone – (11) 3277-3651.
Duração: 90 minutos.
Censura: Livre.
Capacidade: 200 lugares.
Ingresso: R$ 12,00 (inteira), R$ 6,00 (meia-entrada).
A bilheteria abre com uma hora de antecedência ao horário da apresentação do espetáculo.
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