Wagner Mateus Nogueira
22 anos, 5º semestre Letras com habilitação em Inglês, Universidade Nove de Julho (Uninove)
São Paulo-SP
Quando olhou pela janela do prédio, não sabia se São Paulo correspondia às suas expectativas.
- Aqui estou! - Pensou
Abriu sua mala. Suas roupas eram sem graça, sem cor e sem costura. Afinal não poderia usar mais aqueles trapos morando na "Capital do estilo". Separou peça a peça em dois montes: os aproveitáveis e os impossíveis de utilizar. Quando terminou, mudou de idéia e jogou tudo fora. Ainda tinha sua economia que a manteria viva, pelo menos o primeiro mês. Mas ficaria "desencanada", seus pais ajudariam assim que precisasse.
O apartamento-pensão era simples, as moradoras ainda desconhecidas e em seu quarto apenas uma cama, sua mala e uma janela grande.
Da janela era possível ver todos os prédios possíveis e nunca imaginados, era possível bisbilhotar no prédio ao lado, onde cada janela correspondia a uma vida.
Tudo era lindo, um pouco diferente, mas lindo.
Não era possível imaginar que estava ali. Com uma vontade de conquistar seu mundo e colocar a bandeira com seu nome escrito.
Afinal ela sentia como propriedade de si. Agora mandava e desmandava, tomaria banho ou não, deixaria de ser a bobinha do interior, a queridinha dos pais... seria simplesmente quem a quis por muitos anos e nunca pode. Seria feliz.
Estava com fome, precisava comer algo naquele bar simpático que viu ao chegar. Desceu pelas escadas arriscando encontrar algum rosto pelo caminho. Viu apenas o porteiro na entrada do prédio.
No bar, escolheu o lanche que costuma comer no interior, porém com o dobro do preço. Não queria bebida alguma. Entre catchups e queijos um casal chamou sua atenção. Aparentavam estar apaixonados, com olhares fixos, vozes calmas e sorrisos sempre presentes. Ela não lembrava mais o que era amar. Esqueceu todos os sentimentos no interior.
- Preciso trabalhar e não me casar. - sussurrou para si.
Os pensamentos voavam, não sabia se ria ou chorava de felicidade. O que restava naquele momento era dormir, estava cansada da viagem, havia muita coisa a construir no dia seguinte. Antes de fechar os olhos lembrou-se da frase que sua avó disse antes de sair de casa: "Fé é o pássaro que sente a luz e canta quando a madrugada é ainda escura". Dormiu.
Envie esta notícia para um amigo
|