O estilo musical cinquentão nasceu no Rio de Janeiro há 50 anos
LP de João Gilberto que lança a Bossa Nova. Foto: Divulgação
Há muito que não se comemorava um aniversário com tantas homenagens como este. Festas, shows comemorativos, artigos em jornais, especiais em programas de rádio e homenagens foram vistas por todo o Brasil. A Bossa Nova fez 50 anos em grande estilo, e não podia ser esquecida nesta edição especial do Jornal Jovem sobre os cinquentões da música
Muitos de seus representantes, que participaram do movimento na época em que ele foi criado, não estão mais entre nós, mas mesmo após meio século ainda há milhares de seguidores e fãs que preservam a memória e as características da Bossa Nova com muita dedicação. É o caso de Marco Poubel, que se dedica há seis anos ao website Bossa Nova. Seu envolvimento com o estilo musical começou assim que ouviu pela primeira vez as canções Chega de Saudade e Outra Vez. Pegou o violão e começou a aprender os acordes. Hoje ele disponibiliza cifras e letras das músicas da bossa nova para quem também quer aprender a tocar.
“Seis anos atrás a bossa nova estava completamente fora da mídia, e havia uma nova geração de jovens que praticamente não conheciam nada sobre ela”, conta Marco. Realmente, a bossa nova só voltou a chamar a atenção dos holofotes nas comemorações do seu aniversário de 50 anos. “Decidi juntar o acervo e colocar num site, até como forma de ajudar a preservar e resgatar um pouco da nossa memória musical”, completa.
Durante essa entrevista ao Jornal Jovem, Marco fala sobre novas vozes da Bossa Nova, da fórmula para se fazer uma música bossanovista e da representação do estilo no contexto musical. Confira!
JJ - A Bossa Nova possui novos nomes?
Marco: Sim, ela possui vários novos nomes, inclusive os filhos dos precursores, como Paulo Jobim, Kay Lyra, Bebel Gilberto, Marcio Menescal e Marcel Powell, entre outros.
JJ - Por quais transformações passou a Bossa Nova nos últimos 50 anos?
Marco: Eu diria antes que agregou novos conceitos e tendências, tanto da parte de compositores do início, como Marcos Valle, quanto de mais novos, como Fernanda Porto, que é da nova geração de bossanovistas.
JJ - Qual é a representação da Bossa Nova no contexto musical do Brasil?
Marco: Como diz Ruy Castro, a bossa nova é um patrimônio da cultura brasileira e, como tal, é permanente e atemporal.
JJ - Que outros estilos musicais surgiram após a Bossa Nova?
Marco: Nenhum estilo brasileiro teve expressão musical desde a Bossa Nova, se considerarmos somente estilos genuinamente brasileiros. Mas tivemos também as musicas de protesto, a
tropicália, a lambada, o axé e a sertanejo, mas nenhum que tivesse toda a força que a Bossa Nova teve.
JJ - Existe uma fórmula para se fazer Bossa Nova?
Marco: Se reunirmos algumas características da Bossa Nova, presentes na maioria das composições, talvez tenhamos encontrado a fórmula: harmonia elaborada, melodia sofisticada, voz suave, letras poéticas e ritmo sincopado.
JJ - A Bossa Nova tem a cara do carioca?
Marco: Sim. A bossa nova talvez seja o único estilo de música do mundo que tenha por endereço de nascimento, um bairro: Copacabana - Rio de Janeiro.
Vídeo
João Gilberto cantando Chega de Saudade, considerada a primeira música da Bossa Nova
