Maio de 2010 - Nº 17   ISSN 1982-7733  
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IO - Instituto Oceanográfico da USP

Os organismos do bentos* antártico


Thaïs Navajas Corbisier

Laboratório de Ecofisiologia

Departamento de Oceanografia Biológica

Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo

* Desde a zona entremarés (zona delimitada pela região entre a maré alta e a maré baixa) até as grandes profundidades, existem organismos que vivem associados a um substrato (parte sólida) que recebem o nome de Bentos (Bentos - Bénthos, do grego, significa profundidade) os quais agrupados recebem o nome de comunidade bentônica. Nela, encontramos desde microrganismos até organismos maiores que compõem parte da fauna antártica e que são classificados conforme seu tamanho. A maior parte desses organismos é constituída por invertebrados que apresentam baixo deslocamento.

Fauna antártica

O ambiente marinho antártico é considerado bem mais rico em organismos que o ambiente terrestre na região, devido a enorme variedade de seres vivos que abriga como: baleias, focas, aves (lembrem-se que os pinguins são aves com forte ligação com o mar como outras que vivem na região antártica), peixes e uma diversidade fabulosa de invertebrados que, em alguns locais, pode ser tão alta quanto em recifes de coral localizados em áreas tropicais. Veja na figura abaixo.

A água marinha austral é caracterizada por apresentar temperaturas baixas e apresentar variação sazonal acentuada entre o verão e o inverno, sobretudo quanto à luminosidade e à presença de gelo (água na forma sólida, flutuando), resultando assim em diferença da produção primária nestes dois períodos do ano, ou seja, na produção  de alimento marinho por meio da fotossíntese, o que, consequentemente, afeta todo o resto do ecossistema.

Devido a estas variações na produção de matéria orgânica para manter os organismos de diversos níveis da cadeia alimentar, ocorre também uma seleção dos padrões alimentares, reprodutivos, bioquímicos e comportamentais dos organismos que ali vivem segundo o período do ano.

Outra característica de alguns organismos que vivem na região antártica é o alto grau de endemismo que apresentam, ou seja, muitos organismos que vivem nos fundos marinhos, debaixo do gelo, não se espalham e só ocorrem ali, pois apresentam baixa tolerância a condições ambientais diferentes das locais.

 

Diversa e especial, a vida marinha  Antártica é, no entanto, muito frágil e susceptível a mudanças globais. Muitos organismos marinhos antárticos são também conhecidos pelo crescimento muito lento, e impactos ambientais naquela região podem ter conseqüências irreversíveis uma vez que a comunidade levaria muito tempo para se recuperar. Algumas podem não se recuperam jamais.

 

Na Antártica, o ambiente costeiro, próximo ao continente e às ilhas é considerado um dos mais complexos e produtivos ecossistemas marinhos e, provavelmente, um dos mais sensíveis às mudanças das condições ambientais. Apesar da instalação de duas estações de pesquisa na Baía do Almirantado, na Ilha do Rei George, com presença humana permanente, as comunidades biológicas marinhas do entorno conservam-se praticamente intactas, sem revelar ainda conseqüências significativas da atividade humana.

O impacto provocado pelo gelo no fundo devido ao encalhe de blocos tem sido considerado um tema importante em estudos polares, uma vez que as mudanças globais que estão sendo observadas em nosso planeta poderão contribuir ao aumento considerável da ocorrência desse impacto.

 

Mundo miúdo. O que é o bentos antártico?

Desde a zona entremarés (zona delimitada pela região entre a maré alta e a maré baixa) até as grandes profundidades, existem organismos que vivem associados a um substrato (parte sólida) que recebem o nome de Bentos (Bentos - Bénthos, do grego, significa profundidade) os quais agrupados recebem o nome de comunidade bentônica. Veja na figura abaixo.

Comunidade bentônica

 

Na comunidade bentônica encontramos desde microrganismos até organismos maiores que compõem parte da fauna antártica e que são classificados conforme seu tamanho. A maior parte desses organismos é constituída por invertebrados que apresentam baixo deslocamento sendo muito apropriados aos estudos das condições ambientais predominantes, e, portanto muito úteis como indicadores de efeitos locais de distúrbios e da qualidade ambiental de áreas costeiras.

O estudo biológico dessas comunidades como densidade (número de indivíduos por área), biomassa (quantidade de matéria orgânica), número de espécies por área (composição específica e biodiversidade) constitui elemento básico para futuras investigações de alterações ambientais, como provável resultado da continuidade da presença humana e de suas instalações, além de ser importante instrumento para um plano de gerenciamento ambiental.

O IO USP  na Antártida

Desde 1988, o grupo de pesquisadores de Bentos Antártico do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo  (IOUSP) realiza o estudo da estrutura das comunidades bentônicas da zona costeira rasa da enseada Martel, na baía do Almirantado (Ilha Rei George). Para tal, conta com o apoio do CNPq e MMA.

Os estudos vêm avaliando a diversidade das comunidades bentônicas em função dos diferentes habitats presentes no sedimento da baía do Almirantado, os quais são verificados por meio da coleta de amostras de sedimento e imagens fotográficas e em vídeo de como é o fundo, para conhecer e monitorar o ambiente marinho. Até o momento, os resultados dos estudos demonstraram que a distribuição e composição de espécies de organismos bentônicos encontrados na Baía do Almirantado, Ilha do Rei George pode representar, de um modo geral, o ecossistema costeiro antártico, o qual é abundante e rico em espécies.

A megafauna constitui-se de animais relativamente grandes, geralmente acima de 2 cm, que podem ser facilmente observados a olho nu ou por meio de fotografias. A megafauna antártica apresenta uma contribuição significativa para a biomassa bentônica, já que muitos componentes são consideravelmente grandes, além de também serem importantes na transferência de energia e de matéria dentro do sistema bentônico.

Atualmente, o Grupo de pesquisadores do Bentos Antártico do IOUSP desenvolve um projeto, vinculado ao Instituto de Ciência e Tecnologia Antártico de Pesquisas Ambientais (INCT-APA) (CNPq). Os objetivos do projeto desenvolvido pelo grupo são estudar os efeitos do impacto ambiental natural e antrópico – provocado pela presença do homem.

A importância do conhecimento, preservação e monitoramento dos organismos associados aos fundos marinhos são muito importantes em todas as regiões, e você conheceu aqui um pouco sobre o bentos antártico e seu uso nas avaliações de impacto ambiental nos mares austrais.

 

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PESQUISAS REALIZADAS PELO INSTITUTO DE OCEONOGRAFIA DA USP NA ANTÁRTIDA

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