Janeiro de 2009 - Nº 13   ISSN 1982-7733  
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Pesquisa revela passo-a-passo como a Amazônia está sendo destruída

Um estudo inédito mostra como a cidade de São Paulo, principal mercado consumidor brasileiro, também é responsável pela destruição da Amazônia. A iniciativa é do Fórum Amazônia Sustentável e do Movimento Nossa São Paulo, realizadores do seminário “Conexões Sustentáveis: São Paulo – Amazônia”, que aconteceu dias 14 e 15 de outubro.

A pesquisa aponta para a necessidade de empresas que abastecem a cidade de São Paulo atuarem com seus fornecedores, combatendo os impactos negativos à maior floresta tropical do planeta.

O foco do trabalho foi para setores estratégicos que atuam na região: pecuária bovina, extrativismo vegetal, plantio de soja e outros grãos, além de políticas de financiamento para atividades produtivas em áreas amazônicas. O estudo aponta exemplos de negócios que têm na sua base produtores atuando de forma predatória, cujas matérias-primas chegam, direta ou indiretamente, a grandes redes varejistas, indústrias automobilísticas e à construção civil da capital paulista.

A região da bacia do Rio Xingu serviu como limite geográfico para a investigação dos elos produtivos que ligam os negócios entre esta região e São Paulo. A pesquisa foi realizada pela ONG Repórter Brasil e pela Papel Social Comunicação. 

Durante meses, jornalistas das duas organizações percorreram milhares de quilômetros para verificar a situação dos impactos sociais e ambientais causados pelo avanço da agropecuária e do extrativismo sobre a floresta. Avanço que está diretamente relacionado com as demandas da maior cidade da América do Sul. Por meio deste longo trabalho de investigação, foram identificados exemplos de empresas que mantiveram relações comerciais com proprietários e investidores rurais flagrados pelo poder público cometendo crimes ambientais ou se valendo do trabalho escravo. Essa cadeia de responsabilidades atinge diretamente o maior centro consumidor do país.

Pecuária - A pesquisa identificou exemplos de cadeias de responsabilidades que ligam a pecuária na Amazônia ao mercado consumidor de São Paulo. Foram encontrados produtores flagrados em desrespeito à legislação ambiental e trabalhista na cadeia de grandes frigoríficos que fornecem carne para supermercados de São Paulo e restaurantes.

Madeira - A pesquisa identificou exemplos de redes de comercialização que envolvem empresas de produtos para o lar, de decoração e do mercado imobiliário.

Grãos - Grandes empresas que comercializam não apenas grãos como soja, girassol e arroz, mas também biodiesel compram de produtores autuados por problemas ambientais.

Investimentos - Generosos financiamentos de instituições públicas e privadas bancam o desenvolvimento da Amazônia. Ao longo da história a injeção de recursos não levou em conta os impactos socioambientais desses empreendimentos. O estudo discute exemplos de financiamentos obtidos por empresas inseridas em setor que impactam negativamente a região.

A destruição da Amazônia tem uma forte relação com a economia de mercado. Na ponta da cadeia produtiva, diversos atores se beneficiam. Madeireiras, frigoríficos e agroindústrias estão diretamente ligadas ao problema, pois podem comprar de fornecedores que estão na linha de frente do desmatamento ou do trabalho escravo. Posteriormente, distribuem produtos industrializados para uma ampla rede de compradores.

A pesquisa constatou uma grande rede de “lavagem de produtos” da Amazônia, que transforma produtos ilegais em legais para serem comprados por grandes empresas, pelo poder público e financiados pelo sistema financeiro.

É importante ressaltar que os casos apresentados são apenas exemplos de um intenso comércio que atinge a todos os moradores de São Paulo. Ou seja, o objetivo desta pesquisa não é apontar culpados, pois estes são muitos e incluem todos nós, consumidores. Mas o estudo traz um alerta. Procura relacionar exemplos que sirvam de referência para aprofundar o conhecimento sobre o tema e, portanto, a busca de soluções.

Conexões Sustentáveis: São Paulo – Amazônia

Durante o seminário empresas e organizações firmaram compromisso por comércio legal de produtos da Amazônia. Representantes de cadeias produtivas de madeira, soja e pecuária bovina assinaram pactos capazes de garantir o cumprimento de direitos sociais e a preservação dos recursos naturais durante o processo de comercialização de produtos da Amazônia destinados à cidade de São Paulo.

Os documentos colocam como obrigação dos signatários o financiamento, a distribuição e a comercialização de produtos com certificação (ou que estejam em processo de regularização) e que sejam de fornecedores que não façam parte da lista suja do trabalho escravo ou de terras embargadas pelo Ibama. Os documentos também prevêem por parte dos signatários a mobilização para ampliar o número de adesões aos pactos e a realização de campanhas de esclarecimento com os consumidores e fornecedores.

O cumprimento dos termos de compromisso em cada setor será monitorado por comitês de acompanhamento. “Temos o compromisso de acompanhar esses compromissos”, disse Oded Grajew, do Movimento Nossa São Paulo.”

Os candidatos ao segundo turno das eleições municipais de São Paulo também foram convidados a assinar um pacto que comprometa a Prefeitura a cumprir políticas públicas que ajudem a construir uma Amazônia sustentável. Os compromissos terão que estar previstos no plano de metas a ser apresentado em até 90 dias após a posse, conforme prevê a emenda 30 da Lei Orgânica do Município. O documento foi assinado por representantes dos candidatos: Eduardo Jorge Sobrinho, secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, representou Gilberto Kassab (DEM) e o deputado estadual Adriano Diogo representou Marta Suplicy (PT).  Também participaram da mesa de assinatura dos pactos o secretário estadual do Meio Ambiente, Francisco Graziano, e o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc.

 

Acesse os pactos no site do Movimento Nossa São Paulo:  http://www.nossasaopaulo.org.br/portal/node/1942

Confira a íntegra da pesquisa e as empresas apontadas como exploradoras de recursos da Amazônia de forma indevida pelo link: http://www.reporterbrasil.org.br/documentos/conexoes_sustentaveis.pdf

 

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