Março de 2007 - Nº 05    ISSN 1982-7733
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17 x Nelson– O inferno de todos nós
Direção:Nelson Baskerville

Quem dá a dica é Jussane Cristine Pavan
19 anos, aluna do Teatro Escola Célia e 3° ano Letras-Mackenzie.
São Paulo - capital


Nelson Rodrigues

“É preciso ir ao fundo do ser humano. Ele tem uma face linda e outra hedionda. O ser humano só se salvará se, ao passar a mão no rosto, reconhecer a sua hediondez”.

Nelson Rodrigues

O choque no palco e a identificação dentro de cada um

Para os conhecedores de Nelson Rodrigues, aqueles que leram todas as suas peças que foram feitas entre 1941 e 1978, vai aí uma dica que pode confirmar a sua paixão pelo autor: 17 X Nelson. Porque é uma peça que junta pequenas cenas de suas peças e as coloca no contexto do mundo, escancarando tudo que ele queria dizer.


Também é uma peça adequada para aqueles que conhecem pouco, mas gostam do estilo e se identificam com o que foi escrito. Isso porque Nelson fala do ser humano e da sua face mais obscura. Com certeza todos sairão pensando sobre questões mundiais e principalmente sobre várias questões pessoais.


Independente de quem você seja, e de quanto conheça Nelson Rodrigues, quando chegar em casa vai morrer de vontade de ler ou reler todas as peças e depois vai querer assistir novamente 17 X Nelson. Esse é um espetáculo cheio de simbolismos e com ótimas atuações que você não vai tirar da sua cabeça.

Teatro Júlia Bergmann
Rua Cruzeiro, 256, Barra Funda Fone 3392- 4240
Reestréia: Sab. 19h e Dom. 18h. Até 08 de abril.
Reestréia: sábado (10 fev)

Ingresso: R$20,00

Foto: Fonte -site jbonline.terra.com.br

Veja também...

17 x Nelson
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-O Avarento
Direção:Felipe Hirsch

- Terça Insana
Direção:Grace Gianoukas

-Os Sertões
Adaptação:José Celso Martinez Corrêa

 

 

 

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VOCÊ SABIA?

"Gualharufas"

Não se sabe quando começou, nem se ainda existe essa brincadeira entre gente da classe teatral.

Numa peça, entre veteranos, quando aparece algum novato que pela primeira vez vai subir ao palco, o pessoal ‘escolado’, faz com o pobre diabo, que já está pra lá de nervoso com a estréia, a seguinte brincadeira:

Alguém, com a maior seriedade pergunta-lhe:

- Bom, já que você vai estrear (hoje ou amanhã, sempre encima da hora, que é pra arrasar o cara de ansiedade) – imagino que já providenciou as “galharufas”.

O pobre diabo, que jamais ouviu falar em tal coisa, faz cara de interrogação, e já tremendo de medo, pergunta engasgado:

- GA-LHA-RU-FAS???!!!

-  É, insiste o carrasco, sem elas você não poderá estrear.

- Ai meu Deus! é o grito agônico do pobre ingênuo. - Mas ninguém me disse nada!-  Como não, não é possível!

-  Ô fulano, ô beltrano, vocês não avisaram o nosso amigo aqui, que ele não pode estrear sem “galharufas"?

E é aquele auê no elenco inteiro, uns juraram que avisaram,  outros que mandaram algum aviso.

Estabeleceu-se o horror! Todo mundo grita e estrebucha, enquanto o infelicíssimo estreante, já arrasado com as preocupações com a sua atuação na estréia, arranca os cabelos com mais este contratempo de última hora.

Aí aparecem as sugestões:

- Acho que o ator fulano de tal, poderia emprestar as suas... ou beltrano... ou sicrano.

Arranjam telefones, endereços, fazem um alvoroço e o infeliz que deveria estar cuidando de ensaiar melhor o seu papel, sai pelas ruas, pela cidade, pelos orelhões, telefonando, suando, implorando pra esse e praquele, que lhe arranjem um par de “galharufas”. Como todo o mundo teatral já conhece a estória, cada um que ele procura, aumenta-lhe o terror.

-  Eu tinha, mas emprestei. Meu Deus, que tragédia! Você não pode subir ao palco sem galharufas! – Olhe, fulano de tal, pode ser que ele empreste as dele..

O desgraçado sai outra vez em busca de um e de outro e no seu atarantamento, nem se lembra de perguntar o que são afinal “galharufas”.

Sucumbido, deprimido, horrorizado, em pânico com a própria negligência, não raciocina mais, só se afoba, já esqueceu seu papel e suas “falas”, está envergonhado, pensa em, desistir de fazer teatro, dizer que a vó morreu, que teve uma febre tifóide, qualquer coisa para escapar à vergonha e a gozação.

À noite, chega ao teatro arrasado, não se lembra mais do que foi fazer lá e é recebido pelo cruel, malvado elenco às gargalhadas... sente-se um idiota, sai de um horror para cair em outro, mas também aliviado, como não? E depois, olha, rola para o palco como um saco de batatas, aliviado e desesperado e dá conta de seu papel de quarqué jeito, pois afinal Show must go on. Show cannot stop.

Quem conta a estória é Jurandy Whildhagen Figueira que já foi professora de teatro na USP. São Paulo - capital.

 
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