Março de 2007 - Nº 05    ISSN 1982-7733
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Os Sertões
Adaptação: José Celso Martinez  Corrêa

Última Temporada de “Os Sertões” em São Paulo com filmagem e transmissão ao vivo pela internet em 24 de fevereiro. “O Longa mais Longo da História do Cinema” terá distribuição nacional e internacional.

Foto: Divulgação

Ao todo são 25 horas de espetáculo divididas em 5 peças, um dos projetos mais ousados das artes cênicas mundiais. A saga sertaneja iniciada em 2001, com base no clássico “Os Sertões”, de Euclides da Cunha.

Para Zé Celso, “Os Sertões” já era uma vitória desde os conselheristas que não se entregaram e hoje são “a rocha viva, bem viva, mutante da cultura do povo brasileiro, povo universal em todas as favelas explodindo para lá da violência, na força da criação da arte, do ritmo, do rap, do hip hop, do maracatu atômico do sambafunk".

O HOMEM Parte 2 - Do Homem ao trans-homem

 

03 e 04 de fevereiro, às 19 h

 

A partir da história de Antônio Conselheiro, todo o teatro revive sua morte iniciática: um homem comum, que por amor, se transpõe em líder anti-messiânico, arregimentando uma legião de sertanejos como raízes solidárias no interior da Bahia e que, juntos conseguiram levantar em mutirão, açudes, igrejas e cemitérios. A comunidade chegou a contar com 25 mil habitantes, sendo na época a segunda maior cidade baiana. Padres capuchinhos tentaram "diplomaticamente" dispersar o povo de Canudos. A negativa do povo de Canudos em dispersar-se leva o Frei Evangelista, um padre italiano, a amaldiçoar os conselheristas, em nome de Jesus. A Cidade prepara-se para A Luta.

 

 

Foto: Divulgação

A LUTA - Parte 1

 

10 e 11 de fevereiro, às 19 h

 

Dedicado ao “poeta Oswald de Andrade e ao empresário, animador e ator Silvio Santos” a teatralização da terceira parte do livro "Os Sertões", de Euclides da Cunha apresenta o incidente provocador da guerra, ligado à vingança de um juiz de Juazeiro que proíbe a entrega de um lote de madeiras, já pagas, para construção da Igreja Nova de Canudos. Três expedições são enviadas pelo  exército republicano e derrotadas, a última delas, de caráter nacional, comandada pelo célebre Coronel Moreira César. O Exército foi submetido a humilhação da deserção, fuga e ao empalamento do Coronel Tamarindo, personagem principal de uma instalação  macabra  na estrada de Canudos, feita pelos jagunços e pelas mandrágoras, para intimidar novas expedições.

O primeiro movimento de A Luta é escrito em versos de cordel. Uma revelação da Guerra de Canudos como arquétipo da Guerra atual contra o terrorismo. Desejo de paz e de encontro das alternativas mundiais, além dos fundamentalismos.

A Luta 1 ampliou o espaço do teatro em casas e trincheiras da invencível Canudos, uma verdadeira coluna vertebral no corredor do Oficina e espaços aéreos dos mutãs, esconderijos que os índios usavam nas copas das árvores para a caça do jaguar e que os conselheristas reinventaram.

Os músicos se tornaram também atores quebrando o muro secular entre música e teatro. Lirinha, do Cordel do Fogo Encantado, trouxe sua paixão pela sonoplastia, gravando sons do próprio teatro, para transformar em tiros, artilharia, levantando com música a vanguarda da luta. Elaine César expande o espaço real do Oficina para o mundo, como imagens gravadas, sampleadas, bordadas nas ruas vizinhas do teatro, nos camarins, em lugares ocultos para a visão direta do público, expande o campo da ação do espaço fazendo cinema ao vivo.

 

Foto: Divulgação

A LUTA Parte 2

 

17 e 18 de fevereiro,  às 20 h

A teatralização da última parte do livro trata da quarta e derradeira expedição do exército brasileiro ao sertão nordestino, com envio de 12 mil soldados, canhões, armas modernas e estrategistas, como o marechal Bittencourt, que pela primeira vez na história do exército brasileiro criou uma base de operações distante do front, de onde comandou as manobras, chefiadas pelo general Arthur Oscar e secundada pelo sanguinário general Barbosa.

A peça mostra a finalização da Guerra de Canudos, que resultou no massacre de mais de 25 mil sertanejos, na morte do próprio Antonio Conselheiro (que foi se encontrar com Deus) e na destruição da cidadela. No Teatro Oficina, o massacre é encenado não como uma missa de repetição do martírio, mas da perspectiva de um des-massacre.

Canudos não se rendeu e Euclydes da Cunha conclui, lembrando que seu livro não é de defesa, mas sim de ataque. O plantio da vivência trágica da aniquilação final, do extermínio por não querer se render, do realismo da sobrivência dos que continuarão de outras maneiras a luta, iniciou a Cia. na sabedoria trágica da condição dos que não querem se deixar massacrar.

oram confeccionadas cerca de 70 réplicas de armas de fogo, entre espingardas utilizadas no final do século XIX e 30 metralhadoras modernas, como AK47 e fuzis americanos, utilizados na Guerra do Golfo e mais pistolas de época, como manlincher, comblaein, modelos utilizados pela Gestapo alemã, além de clavinotes antigos (com boca de sino). O destaque fica por conta da Matadeira. Levada pela expedição nacional ao sertão baiano, o canhão 32 desenhado pelo diretor de arte tem sua estrutura toda feita em ferro e pesa cerca de meia tonelada.

O sistema de transmissão de vídeos captados e editados ao vivo permite projeções em diversos locais: chão, teto, paredes. Imagens diferentes são exibidas simultaneamente. A novidade é a inclusão de projeções de cinema de 35 milímetros, com cenas especialmente filmadas para o espetáculo.

Os Sertões

O Homem II - 03 e 04 de fevereiro, às 19 h

A Luta I - 10 e 11 de fevereiro, às 19 h

A Luta II - 17 e 18 de fevereiro, às 20 h

R$ 30,00 / espetáculo

Com impressão de Flyer promocional no site www.teatroficina.com.br :R$ 10,00

capacidade – 350 lugares

acesso a deficientes

não aceita cartões de crédito ou débito

Teatro Oficina - R. Jaceguai, 520 – Bela Vista – 3106.2818

PRÊMIOS DE OS SERTÕES

A TERRA ganhou o Prêmio Shell 2002 nas categorias Melhor Direção e Melhor Música
O HOMEM PARTE 1 ganhou o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de Melhor Espetáculo de 2003
A LUTA PARTE 1 ganhou o Prêmio Bravo Prime de Cultura de Melhor Espetáculo de 2005, oferecido pela Revista Bravo!
A LUTA PARTE 1 ganhou o Prêmio APCA na categoria de melhor  Direção Teatral de 2005, para José Celso Martinez Corrêa
A LUTA PARTE 1 ganhou o Prêmio Shell 2005, na categoria melhor Cenografia e Categoria Especial de  Direção de Cena. E foi indicada para os prêmios Melhor Iluminação e Melhor Figurino

FOTOS: Luis Ushirobira

Veja também...

17 x Nelson
Direção:Nelson Baskerville

-O Avarento
Direção:Felipe Hirsch

- Terça Insana
Direção:Grace Gianoukas

-Os Sertões
Adaptação:José Celso Martinez Corrêa

 

 

 

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VOCÊ SABIA?

"Gualharufas"

Não se sabe quando começou, nem se ainda existe essa brincadeira entre gente da classe teatral.

Numa peça, entre veteranos, quando aparece algum novato que pela primeira vez vai subir ao palco, o pessoal ‘escolado’, faz com o pobre diabo, que já está pra lá de nervoso com a estréia, a seguinte brincadeira:

Alguém, com a maior seriedade pergunta-lhe:

- Bom, já que você vai estrear (hoje ou amanhã, sempre encima da hora, que é pra arrasar o cara de ansiedade) – imagino que já providenciou as “galharufas”.

O pobre diabo, que jamais ouviu falar em tal coisa, faz cara de interrogação, e já tremendo de medo, pergunta engasgado:

- GA-LHA-RU-FAS???!!!

-  É, insiste o carrasco, sem elas você não poderá estrear.

- Ai meu Deus! é o grito agônico do pobre ingênuo. - Mas ninguém me disse nada!-  Como não, não é possível!

-  Ô fulano, ô beltrano, vocês não avisaram o nosso amigo aqui, que ele não pode estrear sem “galharufas"?

E é aquele auê no elenco inteiro, uns juraram que avisaram,  outros que mandaram algum aviso.

Estabeleceu-se o horror! Todo mundo grita e estrebucha, enquanto o infelicíssimo estreante, já arrasado com as preocupações com a sua atuação na estréia, arranca os cabelos com mais este contratempo de última hora.

Aí aparecem as sugestões:

- Acho que o ator fulano de tal, poderia emprestar as suas... ou beltrano... ou sicrano.

Arranjam telefones, endereços, fazem um alvoroço e o infeliz que deveria estar cuidando de ensaiar melhor o seu papel, sai pelas ruas, pela cidade, pelos orelhões, telefonando, suando, implorando pra esse e praquele, que lhe arranjem um par de “galharufas”. Como todo o mundo teatral já conhece a estória, cada um que ele procura, aumenta-lhe o terror.

-  Eu tinha, mas emprestei. Meu Deus, que tragédia! Você não pode subir ao palco sem galharufas! – Olhe, fulano de tal, pode ser que ele empreste as dele..

O desgraçado sai outra vez em busca de um e de outro e no seu atarantamento, nem se lembra de perguntar o que são afinal “galharufas”.

Sucumbido, deprimido, horrorizado, em pânico com a própria negligência, não raciocina mais, só se afoba, já esqueceu seu papel e suas “falas”, está envergonhado, pensa em, desistir de fazer teatro, dizer que a vó morreu, que teve uma febre tifóide, qualquer coisa para escapar à vergonha e a gozação.

À noite, chega ao teatro arrasado, não se lembra mais do que foi fazer lá e é recebido pelo cruel, malvado elenco às gargalhadas... sente-se um idiota, sai de um horror para cair em outro, mas também aliviado, como não? E depois, olha, rola para o palco como um saco de batatas, aliviado e desesperado e dá conta de seu papel de quarqué jeito, pois afinal Show must go on. Show cannot stop.

Quem conta a estória é Jurandy Whildhagen Figueira que já foi professora de teatro na USP. São Paulo - capital.

 
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