Ricardo Régener
18 anos, ECA-USP
Equipe do Museu de Ciências da USP
Há realmente algo além de grandes tendas e um movimento atípico na Praça do Relógio, no evento organizado pelo Museu de Ciências da USP. Pelo ponto central da Universidade de São Paulo passam Josés, Renatos, Silvanas, Cláudias: estudantes que voltam do almoço no Restaurante Universitário resolvem entrar nas tendas pra olhar, curiosos, o que acontece; grupos inteiros de 30, 40, 50 alunos chegam ao mesmo tempo, mobilizando todos os monitores. Entre os grupos há aqueles que são de escolas da região, principalmente de Pinheiros e do Butantã, mas também grupos vindos de colégios do Interior de São Paulo: Jundiaí e até de Tatuí, a duas horas da capital paulista.
Numa tenda, dedicada a experimentos de Matemática, o grupo de oito meninas da 5ª série da Escola Estadual José Ferraz de Campos acompanha a explicação do monitor sobre pontos de equilíbrio em figuras geométricas. Quando perguntadas sobre o que estão achando das atividades, as respostas vêm com unanimidade: "Legal, muito louco, muito interessante". Ali do lado o seu Roberto, formado em Odontologia pela USP, acompanha o pequeno filho que, deslumbrado, faz bolhas de sabão com as molduras de arame em formas geométricas variadas. "Olha isso aqui, você olha e já lembra da infância" diz o pai, "eu e minha esposa levamos eles na Estação Ciência, nos Museus, no Teatro, é muito importante o pai levar o filho quando é pequeno pra esses lugares", completa.
Ali na tenda do lado, dois colegas do Colégio Objetivo assistem compenetrados o vídeo sobre Radiação, no estande do IPEN, o Instituto de Pesquisas Energéticas Nucleares. "A TV emite radiação?", pergunta o jovem interessado, ao final da apresentação. "Toda a luz é uma forma de radiação", responde o monitor Adhemar Ferreira, aluno do Programa de Pós-Graduação do IPEN, e voluntário na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Em seguida chegam ao estande quatro garotos animados, da Escola Estadual Ênio Vaz, em Paraisópolis, o mais falador é o pequeno Júlio, de 11 anos, que dá orgulhoso uma entrevista sobre os estandes que mais gostou: "eu gostei mais do Raio-X e do Choque".
Lá fora da tenda, na Beira do Espelho D'Água, estão três meninas: Carol, Carine e Michele, moradoras de uma comunidade carente da região. As jovenzinhas passam sem saber o que está acontecendo. "Vocês querem entrar? Tem brinquedos lá dentro!", chama o monitor. "Não, nós não fomos convidadas", recusam, hesitantes. Mas logo cedem ao convite: passam pelas atividades da Tenda de Matemática, ouvem interessadas a explicação sobre como a água sai das estações de tratamento e chega na nossa casa, recebem livros ilustrados de brinde. Arrepiam os cabelos no gerador de eletricidade estática, mexem em animais marinhos e em ossadas de homens e cavalos, aprendem, brincam, sonham no mundo onde a ciência não é apenas útil, mas divertida e agradável.
O Museu de Ciências da USP, organizador do evento, tem um papel de integrar as unidades da USP na realização de eventos e iniciativas como essa. A "USP na Semana" é apenas uma entre as muitas iniciativas integradoras do MC: ainda há uma exposição itinerante chamada "Água, uma viagem no mundo do conhecimento", que já passou por 10 cidades do interior de São Paulo e atualmente está no Ecomuseu da Usina de Itaipu, e um programa de visitação gratuita e monitorada a 6 Museus e Acervos da USP, nos finais de semana e feriados.
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