Abril de 2009 - Nº 14   ISSN 1982-7733  
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JJ Entrevista


O JJ entrevistou o diretor e atores do grupo Cia. Nacional de Teatro Musical que apresentam o espetáculo "Nos embalos da Jovem Guarda - show" em cartaz no Teatro Folha (veja aqui mais detalhes) até 3 de março. Este grupo de jovens artistas traz momentos inesquecíveis da Jovem Guarda, com aquele toque de quem conhece mesmo sem ter vivido, para lembrarmos com muita ternura.

Grupo de atores-cantores do musical "Nos embalos da Jovem Guarda". Foto: Divulgação

Marllos Silva é o diretor geral e roteirista do musical "Nos embalos da Jovem Guarda - show". Confira!

 

JJ - Qual a proposta de trabalho da Cia. Nacional de Teatro Musical?

Marllos - A nossa proposta é de produzir musicais genuinamente brasileiros. Pesquisar uma nova linguagem para o teatro musical brasileiro, se apropriando do que já é feito na Broadway ou em West End, dessa experiência que as grandes produções estão trazendo. A nossa intenção é aproveitar essa importação de conhecimento e produzir grandes musicais, mas que tenham a ver com a nossa história. Desmistificar a história de que não podemos ter grandes musicais com temas nacionais. Usar o palco para contar um pouco da nossa história. Lançar novos autores, compositores, atores, técnicos, músicos que entendam a engrenagem teatral. Mas isso não significa que não possamos num futuro próximo falar de outras histórias, mostrar o nosso ponto de vista sobre o mundo lá fora. Não queremos nos fechar para o mundo, ao contrário, queremos é nos abrir e mostrar quão bonita e rica é a nossa história.

 

JJ - Em que o espetáculo se baseou? Utilizou alguma referência para a caracterização de personagens e na montagem de cenário, iluminação, trilha sonora?

Marllos - Na Jovem Guarda. A Jovem Guarda como todo movimento musical traz uma série de complementos, nunca vem sozinho. Esse poder que tem a música é impressionante. Porque ele mexe com o vestuário, com a forma de agir das pessoas, cria novas idiossincrasias, os astros musicais têm um enorme poder de influência sobre os fãs. E não foi diferente para nossa pesquisa, apesar dos personagens não terem os nomes dos artistas, você facilmente identifica cada um pela sua atitude em cena. A nossa referência é a Jovem Guarda. Todas as músicas, os figurinos, os cabelos, as gírias, a atitude de cada um tem o jeito Jovem Guarda. A leveza e a inocência que a Jovem Guarda representava.

 

JJ - Que tipo de pesquisa foi realizada para o espetáculo?

Marllos - Este é um trabalho que começou em 2006. Teve o seu inicio com a pesquisa em livros, em revistas, Internet, que é um facilitador no trabalho de pesquisa, isso tudo nos ajudou a decifrar o DNA da Jovem Guarda do ponto de vista dos artistas, mas esse é um ponto de vista que todos já conhecem, nos queríamos chegar na essência da Jovem Guarda, em saber como ela foi para os fãs, para quem assistiu a Jovem Guarda sentado na platéia. É nessa hora que nos tivemos a nossa melhor fonte de pesquisa... os nossos familiares. Eles foram o nosso norte nesse trabalho. Nos deram todo o material para entendermos o movimento Jovem Guarda.

 

JJ - Quais foram os percalços até que fosse fechada a realização da peça?

Marllos - Esses foram muitos. Em todos nós demos um jeito, mas a falta de dinheiro é um complicador sem solução. Fazer teatro sem patrocínio é muito difícil. Fazer musical sem patrocínio então, é uma loucura. Num musical tudo é em escala maior. A nossa "pequena" produção envolve mais de 20 pessoas. Juntar essas pessoas sem patrocínio é muito difícil. E se ficarmos esperando um apoio do governo não vamos produzir nunca, porque nós somos um bando de moleques desconhecidos com a pretensão de fazer teatro musical de qualidade. Quem assistir este espetáculo vai ver um musical artisticamente puro. Sem grandes cenários ou efeitos.Tendo no artista a sua essência, um diferencial do nosso espetáculo é ter excelentes músicos nos acompanhando ao vivo. Isso aumenta o nosso custo de produção, mas traz uma vida para o espetáculo incrível. É o artista fazendo a sua arte sem muletas.

 

JJ - Como foi a escolha dos atores para a peça?

Marllos - Por contatos e por já conhecer de trabalhos anteriores. Normalmente a escolha para um trabalho é feita através da capacidade para execução do espetáculo. Para um musical além da atuação, o ator tem que cantar e dançar muito bem, e executar essas três habilidades com equilíbrio. Mas para o trabalho em uma companhia as exigências vão além, porque existem ideais, formas de trabalho e limitações que nem sempre agradam, aceitar opiniões e sugestões dos outros, trabalho em equipe. E isso dificulta ainda mais a escolha dos atores. Para chegar nessa formação atual alguns atores passaram pela Cia, mas não voltam por uma série de fatores, outros foram por outros motivos na sua maioria financeiros, mas podem voltar no futuro. O mais difícil é encontrar profissionais que estejam linkandos com o nosso ideal. Que desejem escrever uma história. O nosso diferencial é que temos projetos futuros, algo que não acontece numa grande produção, em que você pode estar nessa montagem, mas isso não garante que esteja na próxima. Mas para isso é necessário muita dedicação e tempo, e alguns não querem esperar esse tempo. O que hoje eu percebo é que muitos querem brilhar, mas poucos querem trabalhar.

 

JJ - Já tinha intimidade com a Jovem Guarda antes da montagem da peça?

Marllos - Ela estava intrínseca na minha memória. A minha geração é uma geração que conhece a Jovem Guarda, e ponto final. Quando nascemos ela já estava aqui. Era como aquela Tia distante que eu sei quem é, mas não tenho muito contato. Eu só me aprofundei e ganhei a intimidade com as pesquisas e com a convivência.

 

JJ - Acha que a Jovem Guarda possui letras e ritmos propícios para a adaptação para o teatro?

Marllos - Totalmente. Qualquer tipo de música pode ser levada para o teatro. O cuidado que se tem que ter é na história que se deseja contar. Fica complicado montar um Beckett usando músicas da Kelly Key ou Britney Spears. A música é um importante instrumento teatral. Como trilha, ela funciona para levar o espectador para um determinado lugar, trazer um clima para o espetáculo. Nos musicais ela ganha uma função a mais, a música tem o dever de contar a história, de fazer a história fluir.

 

8. Após 50 anos, acredita que a Jovem Guarda tenha espaço entre os jovens?

Marllos - É difícil de saber, mas eu acredito que sim. A arte é muito cíclica. O que fazia a cabeça dos jovens da minha geração já é muito velho, e nós estamos falando de menos de 20 anos. Ao mesmo tempo, é possível ver musicas que faziam sucesso na Jovem Guarda serem regravadas com novos arranjos. A referência esta por aí solta, sempre alguém vai pescar algo e utilizar, às vezes sem ter idéia da fonte que esta bebendo.

  Daniel, Rafael e Michelle. Fotos: Divulgação

Confira as entrevistas com jovens atores do musical, entre eles: Daniel Henares (como Silvio Araujo, o Apresentador); Rafael Pucca (como Alfredo, o Contra Regra);m Michelle Zampieri (como Ana Maria).

JJ - Já tinham envolvimento com o estilo musical (Jovem Guarda) antes da peça?

Daniel - Sempre tive um fascínio grande pelos anos 50 e 60, desde os carros, os estilo dos jovens até as músicas; então, cresci ouvindo essas músicas e sempre gostei.

Rafael - O contato que tive com a Jovem Guarda foi através de minha mãe e meus avós. Ao lado da minha casa tinha uma churrascaria que todas as quintas tinha show com musicas da Jovem Guarda. No caso dos meus avós, meu avô quando se empolgava em alguma festa, começava a cantar os sucessos da Jovem Guarda.

Michelle - Eu passei a conhecer algumas das músicas da Jovem Guarda primeiramente através dos meus pais, e depois logo que comecei a cantar profissionalmente percebi que grande número de pessoas ouviam e conheciam as músicas e que seria fundamental ter pelo menos a maioria delas inseridas no repertório. E como sempre, elas sempre foram muito bem recebidas.

 

JJ - Qual é a rotina de ensaio do grupo?

Daniel - O Espetáculo está em cartaz as terças, então as segundas feiras é o dia da reunião na Cia. Discutimos projetos, mas também aproveitamos para ensaiar as músicas, coreografias e cenas, para que na terça tudo esteja fresco na memória e possamos divertir o público e embalarmos sua noite de Jovem Guarda.

Rafael - Antes da reestréia, ensaiamos por uma semana todos os dias, e logo depois, nos encontramos uma vez por semana, sempre um dia antes das apresentações, para afinarmos ainda mais o espetáculo e propormos coisas novas.

Michelle - Em épocas de estréia o grupo ensaia com mais freqüência, algumas semanas antes da data e praticamente todos os dias. Depois fazemos ensaios técnicos uma vez por semana para acertos com o objetivo de mantermos vivo o espetáculo  evitando que ele caia no  "automático".

 

JJ - Como tem sido a recepção do público? Qual é a faixa de idade da platéia?

Daniel - Tem sido incrível. Pelo tema da peça ser um programa de TV ela permite um jogo, uma interação direta com o público. Neste espetáculo em especial a platéia faz parte ativamente de tudo. É muito legal ver que sem invadirmos ou intimidar o público eles participam ativamente e mergulham de cabeça na nossa história, deste túnel do tempo. Quanto à faixa etária da platéia, essa foi uma das surpresas que nos só tivemos depois da estréia. Nos pensávamos que o nosso público seriam os "brotinhos" e os "pães" que curtiram sua juventude na época da Jovem Guarda. No entanto, nossa surpresa foi ver que famílias inteiras vão nos assistir e indiscutivelmente todos se divertem e conhecem as músicas.

Rafael - O espetáculo tem agradado pessoas de todas as idades, o público sempre foi muito receptivo e eles fazem parte do espetáculo, o que torna tudo ainda mais divertido. Além disso, é muito recompensador quando o público que viveu aquela época vem falar com a gente, dizendo que voltou no tempo, voltou a se sentir como um adolescente, é mágico.

Michelle - A recepção tem sido muito positiva. As pessoas se divertem, se identificam e a maioria delas conhecem as letras e cantam com os atores o que é sempre muito bom e estimulante. É um espetáculo leve, portanto ele é bem recebido por todas as faixas, percebemos na platéia crianças, jovens, senhores (as), todos eles com algum tipo de identificação com a proposta.

 

JJ - Após 50 anos, acredita que a Jovem Guarda tenha espaço entre os jovens?

Daniel - Não só acredito, como a prova esta toda semana na nossa platéia. Quando vemos um público da nossa idade cantando as músicas, além do fato de que as músicas da Jovem Guarda são regravadas até hoje por grandes artistas desta geração.

Rafael - Esse é um dos objetivos do espetáculo, resgatar a história da música brasileira e apresentá-la para as novas gerações. A nova roupagem, os arranjos e a identificação com os atores faz com que os jovens derrubem seus próprios preconceitos e saiam do espetáculo cantando as músicas da Jovem Guarda.

Michelle - Sim, acredito. A jovem Guarda foi um período maravilhoso onde os jovens eram ouvidos e respeitados diante de outra realidade dura em nosso país. Ela teve uma vida curta, porém intensa, lembrada e vivida até hoje por muitos, é difícil não se identificar com uma época como essa. Eu particularmente tenho o maior carinho e respeito pela Jovem Guarda e por todos que os artistas que ilustraram este período.

 

JJ - Que sentimentos as músicas da Jovem Guarda despertam em você?

Daniel - Como disse sou apaixonado pelos anos 50 e 60, então, tenho uma ligação especial com este período com os ritmos e as músicas. E algumas músicas da Jovem Guarda têm letras lindas, um ótimo exemplo é "Ternura" e "Alguém na Multidão", que são músicas que falam ao coração e talvez isso faça com que elas rompam a barreira do tempo e falem com a mesma intensidade geração após geração.

Rafael - Me despertam uma vontade de ter vivido aquele tempo, todos pareciam ser tão felizes, as brincadeiras da paquera, o estilo estético, os carros, as gírias. Acredito que resgatar um pouco disso pros tempos de hoje não seria nada mal.  

Michelle - Os melhores (rs). Algumas músicas são maravilhosamente bem escritas como "A última canção". Esta música tem uma letra incrível, "Broto Legal" já é outro rítmo, um Rock, que nos remete imediatamente a época, naqueles bailes. "Pare o Casamento" me faz rir com o que a letra diz, enfim, é uma época sem malícias e que deixou grandes marcas. 

 

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