A mostra Paisagem e Panoramas reúne cerca de 60 obras, entre pinturas, aquarelas, litografias e águas tintas aquareladas, da Coleção Brasiliana-Fundação Estudar da Pinacoteca do Estado de São Paulo e de coleções particulares paulistanas raramente expostas, propiciando um diálogo oportuno e estimulante com o acervo da Pinacoteca. Até 16 de agosto.
Johann Jacob Steinmann. Foto: Divulgação.
Para a exposição foram selecionados trabalhos de artistas que contribuíram significativamente para o registro da paisagem brasileira, obedecendo a um aspecto que se tornou muito difundido para a realização de vistas no século XIX, o panorama. Esse tipo de representação vem ao encontro do desejo dos artistas de não mais dirigir seu olhar para um foco, mas o de captar de forma abrangente o mundo circundante.
Nicolau Fachinetti. Foto: Divulgação.
Assim, muitas vezes, suas obras escapam aos limites das proporções convencionais para a representação de uma paisagem na pintura de cavalete, alcançando dimensões inusitadas. Mais que revelar uma imagem do país, seus trabalhos nos mostram a maneira como, em diferentes épocas, fomos vistos e representados, sob o prisma de intenções e interesses diversos.
Os artistas-viajantes muitas vezes chegaram com missões de reconhecimento que cruzaram o país, mas incontáveis são aqueles que vieram por livre iniciativa. Foram, sem dúvida, os grandes responsáveis pela coleta e elaboração da extensa produção sobre o Brasil no século XIX, divulgada no exterior. Esses “aventureiros” traziam em seu repertório as preocupações científicas e estéticas vigentes na Europa e aplicaram à paisagem brasileira este aspecto curioso de representação da paisagem. Já no inicio do século XIX foram produzidas as primeiras imagens em grandes perspectivas. Algumas dessas obras chegam a medir 30 x 312 cm, como é o caso da aquarela Panorama do Rio de Janeiro, 1835, de Benjamin Mary.
As obras expostas cobrem diferentes regiões do país. O Rio de Janeiro foi porta de entrada do Brasil e sua privilegiada situação geográfica contribuiu para construir sua fisionomia de capital imperial. Durante todo o século XIX, porém, a beleza de sua paisagem natural, não esconderia as contradições de um país que almejava ser civilizado ao mesmo tempo em que se estruturava sobre a herança colonial da escravidão.
O Rio de Janeiro sempre despertou grande interesse nos artistas-viajantes, por isso há uma grande quantidade de registros iconográficos, dos mais diferentes pontos de vista da cidade. Na exposição teremos obras de Debret, Chamberlain, Steinmann, Bauch, Facchinetti, entre outros. A exposição inclui uma seleção de obras do artista alemão Friedrich Hagedorn, que tão bem utilizou as potencialidades do panorama, com destaque para uma vista do Pão de Açúcar, ícone do Rio de Janeiro. Outro grande destaque da mostra é a obra, Entrada da Baia do Rio de Janeiro, encomendada em 1872 ao artista Facchinetti pelo Duque de Saxe, marido de dona Leopoldina, filha de Dom Pedro II.
Revestem-se de especial interesse as obras que registram outras partes do Brasil. Assim, as pinturas de São Luis do Maranhão, do italiano Joseph Leon Righini, as gravuras de Recife e Salvador, editadas por Steinmann e, mais uma vez Hagedorn, com o grande panorama de Recife. Como inestimável contribuição à mostra, a presença do Panorama de São Paulo de1821, pintado por Arnaud Julien Pallière, retratando o pacato núcleo urbano que já foi a atual metrópole. Esta é a primeira pintura que apresenta uma vista panorâmica da cidade de São Paulo.
Paisagem e Panoramas dá continuidade à série de exposições realizadas com diferentes propostas, utilizando o acervo da Coleção Brasiliana-Fundação Estudar da Pinacoteca do Estado. A primeira, em 2003, foi Vistas do Brasil e, na seqüência, 2005, A Figura Humana em Representação. Por ocasião da doação da Coleção à Pinacoteca do Estado, foi apresentado Aspectos de uma Coleção. Agora, temos a oportunidade de, contextualizando artistas como Jean-Baptist Debret, Henry Chamberlain, Nicolau Facchinetti, e muitos outros, apresentarmos mais um aspecto da produção artística no Brasil do século XIX.
Pinacoteca do Estado
Praça da Luz, 2 – 11 3324 1000
Aberta de terça a domingo, das 10 às 18h | R$ 4,00 e R$ 2,00 (meia). Grátis aos sábados.
Envie esta notícia para um amigo
|
