Paulo César Resende de Carvalho Alvim
Gerente da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas)
O movimento de fomento ao empreendedorismo emerge a partir dos anos 90, em função do incremento da competição entre as empresas e do conjunto de oportunidades que surgem em função de aspectos de multiplicação de informações e conhecimentos, diferenciação de produtos e serviços e das novas formas de organização e relações de trabalho.
No caso brasileiro, o contingente de empreendedores é muito significativo. E concentrado, principalmente, nos pequenos negócios. São 5,3 milhões de micro e pequenas empresas registradas, que têm crescido em média em 500 mil novas por ano, concentradas nas atividades de comércio e serviços; 4,1 milhões de pequenos produtores rurais, com forte foco na agricultura familiar; e 8 milhões de artesãos. Este conjunto representa 20% do PIB e mais de 56% dos postos de trabalho de carteira assinada. Estamos falando de maiorias.
A esse conjunto, se somam algo em torno de 10 milhões de pequenos negócios informais, em todos os tipos de atividades econômicas e que estão presentes em todo o território nacional.
Quando falamos de empreendedorismo, temos que incorporar ainda os potenciais candidatos a empreendedores, também da ordem de milhões, oriundos das novas inserções no mercado laboral das pessoas economicamente ativa; os desempregados e aqueles que têm buscado alternativas de complementação de renda.
Este público tem merecido tratamento cada vez mais distintivo, pois está relacionado a nova geração de empreendedores, onde se busca estimular o surgimento de empreendedorismo de oportunidade, em detrimento do empreendedorismo de sobrevivência, que ainda significa a maioria da realidade brasileira.
A recente versão da pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor) aponta para o crescimento do empreendedorismo no país e a maior presença de empreendedoras femininas, pela primeira vez.
Este contexto, somado a oportunidades de um país como o Brasil, que precisa deixar de ser o país do futuro, para ser o país das oportunidades, decorrentes das especificidades territoriais e setoriais que temos, e da diversidade de oportunidades de ofertas de produtos e serviços para atender as necessidades de consumidores cada vez mais exigentes.
Neste contexto é que o Sistema Sebrae, que tem na sua missão institucional o fomento ao empreendedorismo, foca o apoio a candidatos a empreendedores, no empreendedorismo de oportunidades como uma de suas ações estratégicas, baseado no seguinte conjunto de ações; sempre em um processo de parceria com um conjunto de entidades, públicas e privadas, detentoras da capacidade de gerar e difundir informações e conhecimentos na área de empreendedorismo:
- divulgar informações sobre oportunidades de negócios;
- desenvolver soluções de capacitação de empreendedores, considerando a diversidade de realidades que temos no país;
- considerar o empreendedorismo como um processo;
- trabalhar seu conjunto de soluções voltadas ao empreendedorismo considerando as questões de habilidades e atitudes empreendedoras e o conjunto de ferramentas de gestão necessárias para a boa prática empreendedora;
- utilizar as diversas mídias (TV, rádio e internet) e as modalidades presencial e a distância no apoio ao candidato a empreendedor;
- prover ações de apoio integrado (capacitação gerencial, acesso a mercado, acesso a tecnologia, acesso a serviços financeiros, inteligência competitiva, entre outras) no momento do desenvolvimento empresarial, com ênfase principalmente nos dois primeiros anos de vida do empreendimento;
- articular mecanismos diferenciados no apoio aos empreendedores, como no caso das incubadoras de empresas;
- mobilizar o setor educacional formal para a construção de uma cultura empreendedora, com ênfase no ensino universitário, técnico e de segundo grau;
- construir uma educação empreendedora, tarefa da sociedade com um todo;
- trabalhar a construção de um ambiente favorável para empreender, que tem avançado nos últimos anos, em especial após a sansão da Lei Geral das Micro e Pequenas empresas, mas que ainda tem o desafio de implementar e aperfeiçoar, via o desenvolvimento de mecanismos complementares de apoio ao empreendedor, que trate diferentes de forma diferente; e
- incrementar o apoio ao empreendedorismo inovador, mecanismo que garantirá a competitividade e sustentabilidade dos pequenos negócios, base de um desenvolvimento mais equânime, exigência do século XXI.
Este conjunto de instrumentos, demonstra quão desafiador é a tarefa de construir uma sociedade empreendedora, que irá dar base para uma maior geração de riquezas e postos de trabalho, para construirmos uma sociedade mais justa e equilibrada.
O desenvolvimento sustentável passa necessariamente pelos pequenos negócios, daí a importância do fomento ao empreendedorismo inovador, que tem nos jovens o seu público preferencial.
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