Setembro de 2008 - Nº 11     ISSN 1982-7733
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Bullying Escolar: a prevenção começa pelo conhecimento

Tema da Hora: Bullying

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Cleo Fante: Historiadora. Pedagoga. Pesquisadora do Bullying Escolar. Especialista em Didática do Ensino Superior. Doutoranda em Ciências da Educação. Vice-Presidente do CEMEOBES. Docente em cursos de pós-graduação. Conferencista. Autora do Programa Antibullying “Educar para a Paz”. Escritora. Consultora do SINEPE/DF.

Dentre as diversas formas que se apresenta a violência escolar, o bullying vem preocupando pais e estudiosos em todo o mundo, por envolver crianças em tenra idade escolar.

É conceituado como sendo um “conjunto de atitudes agressivas, intencionais e repetitivas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais alunos contra outro(s), por um prolongado período de tempo, causando dor, angústia e sofrimento, e executadas dentro de uma relação desigual de poder, tornando possível a intimidação da vítima”.

Os autores de bullying , denominados “bullies”, perseguem e hostilizam suas vítimas, desferindo-lhes uma série de maus-tratos, como apelidos pejorativos, humilhações, zoações, perseguições, exclusões, ameaças, calúnias, difamações. As agressões são deliberadas e cruéis, com o intuito de ferir o outro e podem ser verbais, morais, sexuais, físicas, materiais, psicológicas e virtuais.

As vítimas, impossibilitadas de defesa e sem contar com a compreensão e ajuda adequadas, para lidarem com o constrangimento sofrido, aos poucos vão se retraindo, se isolando do grupo, carregando consigo as seqüelas da vitimização, podendo extrapolar ao período acadêmico, se não houver intervenção.

E ssa forma de violência tem sido ao longo do tempo, motivo de traumas e sofrimentos para muitos, sendo ignorada pela maioria das pessoas, que acreditam tratar-se de “brincadeiras próprias da idade”, sem, contudo, considerar os danos causados aos envolvidos.

Os estudos sobre o bullying escolar tiveram início na Suécia, na década de 70 e na Noruega, na década de 80, revelando altos índices de incidência. Aos poucos, os estudos vêm se intensificando em diversos países, como Estados Unidos, Canadá, Japão, Portugal, Reino Unido, Espanha, França, etc. No Brasil, os estudos são recentes, datam do ano de 2000, motivo pelo qual a maioria das pessoas desconhece o tema, sua gravidade e abrangência.

Estudos pioneiros realizados na região de São José do Rio Preto, com um grupo de dois mil estudantes, de escolas públicas e privadas, mostraram o envolvimento de 49% em bullying. Desses, 22% atuavam como vítimas, 15% como agressores e 12% como vítimas agressoras, aquelas que reproduzem a vitimização. No município do Rio de Janeiro, um outro estudo foi realizado, com um grupo de 5.875 estudantes, de nove escolas públicas municipais e duas escolas particulares, revelando o envolvimento de 40,5%. Desses, 17% eram vítimas, 13% agressores e 11% vítimas agressoras.

Estudos mundiais revelam que o fenômeno envolve entre 6% e 40% de crianças em idade escolar. Revelam também que os atos bullying tendem a aumentar nos próximos anos, assim como a violência entre os jovens e na sociedade em geral. Dados coletados pelo Cemeobes-Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar indicam o envolvimento de 45% dos estudantes brasileiros.

As conseqüências do bullying afetam o psiquismo do indivíduo e comprometem o processo de socialização e de aprendizagem, bem como, a saúde física e emocional, especialmente das vítimas. O isolamento a que são submetidas mobilizam uma série de sentimentos negativos, que comprometem a estruturação da personalidade e da auto-estima, além da incerteza de estarem em um ambiente educativo seguro, onde possam se desenvolver plenamente. A vitimização quando crônica pode resultar em suicídio e em tragédias, como as ocorridas em escolas dos Estados Unidos, Argentina, Brasil, Alemanha, Finlândia.

Quanto aos agressores, seu comportamento intimidador e cruel poderá se solidificar com o tempo, comprometendo a aprendizagem de valores humanos, o que afetará as diversas áreas de suas vidas. Muitos, quando adultos, cometem a violência doméstica e o assédio moral no trabalho. Outros se envolvem em delinqüência, uso de drogas e criminalidade, o que eleva consideravelmente os índices de violência.

Alguns fatores propiciam o bullying , sua banalização e legitimidade. As atitudes culturais, como o desrespeito, a intolerância, a desconsideração ao considerado “diferente”; a hierarquização nas relações de poder estabelecidas em detrimento da fraqueza de outros; o desejo de popularidade, a manutenção do status a qualquer preço; a reprodução do comportamento abusivo como uma dinâmica psicossocial epidêmica; a falta de habilidades de defesa, a submissão, a passividade, o silêncio e sofrimento das vítimas; a conivência e o incentivo às ações cada vez mais cruéis e desumanizantes daqueles que a assistem; a violência doméstica, a ausência de limites, a permissividade familiar, a falta de exemplos positivos; a omissão, o despreparo, a falta de interesse e comprometimento de muitos profissionais e instituições escolares; a impunidade, o descaso e a falta de investimentos e políticas públicas voltadas à educação e à saúde para o tratamento e prevenção, dentre outros.

O desconhecimento do fenômeno e a dificuldade no desenvolvimento de ações eficazes - devido à sua complexidade e identificação - têm contribuído para a disseminação em larga escala, uma vez que 80% das vítimas tendem a reproduzir a vitimização nos mais diversos contextos, o que agrava ainda mais o problema.

Por isso, é urgente o desenvolvimento de programas antibullying, que envolva toda a comunidade escolar, em parceria com as diversas instituições e membros da sociedade. A prevenção começa pelo conhecimento, portanto, é imprescindível que as escolas conscientizem seus alunos sobre a gravidade desse tipo de comportamento, que são passíveis de punição em Lei.

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EDITORIAL

          Bullying           Como enfrentá-lo?

CONVIDADOS

Cleo Fante

Trechos do livro Bullying escolar:Perguntas e Repostas, Ed. Artmed

Dr. Lélio Braga Calhau

Dr. Lauro Monteiro

Dra. Juliana Gonçalves Pedreira e Dra. Paula Velloso Baptista Lemos

Daniele Vuoto

 
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