Setembro de 2008 - Nº 11     ISSN 1982-7733
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Tema da Hora: Bullying

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Daniele Vuoto: 22 anos, gaúcha, cursando o terceiro semestre do curso de Pedagogia, na ULBRA (Canoas-RS) e mora em Porto Alegre. Foi vítima de bullying por vários anos, em várias escolas. Sofreu muito, mas deu a volta por cima. Hoje é expert no assunto e, por sensibilidade e grandeza de espírito, ajuda muita gente que sofre o que um dia ela sofreu. Criou o blog nomorebullying e é um exemplo de força e superação. Por essas e outras, é também nossa convidada especial desta edição. Leia o depoimento que ela nos enviou.


Desenho: Daniele Vuoto

É bom lembrar que bullying já é um assunto complicado para falar até com adultos (alguns confundem com bulimia). Com crianças então! Pelo próprio fato do problema ter um nome estrangeiro sem uma tradução simples já dificulta bastante!

Então, iniciar com teoria só complica as coisas, quando se quer fazer um trabalho de prevenção de bullying na escola e mostrar o tema para as crianças.

Acredito que o que funciona melhor com crianças é abordar de forma lúdica, com historinhas, dramatizações (uma turma no interior do estado do RS, após ouvir um relato de história real, fez dramatização com fantoches), e na hora de explicar, fazê-lo na linguagem deles, com vários exemplos.

Uma boa ferramenta são filmes!

Um que eu amo, e que não é explicitamente sobre bullying, é Lilo & Stitch , da Disney. Lilo é uma garotinha hawaiana que mora com a irmã mais velha (seus pais morreram num acidente). Nas aulinhas de hula , suas colegas a excluem, falam coisas feias que a deixam chateada. Certo dia, ao achar que viu uma estrela cadente no céu, Lilo fez um pedido: que Deus lhe enviasse um anjinho, um amigo. Porém o que ela viu era a nave espacial de Stitch , um experimento capaz de destruir o mundo se quisesse. Seus caminhos se cruzam e juntos vão aprendendo o valor da amizade. Apesar de Stitch ser diferente de tudo que Lilo conhecia, isso não impediu que o amasse. Esse é o trailer: http://br.youtube.com/watch?v=3KJ6V2sxfXQ

No trabalho com escolas os filmes também podem ajudar!

Outro filme interessante, na verdade é um curta, e eu só achei o trailer na internet. Passou no Curtas Gaúchos esse ano, chama-se A Peste da Janice .

Janice era filha da funcionária da limpeza da escola. Certo dia, uma de suas colegas resolveu criar uma "brincadeira" - que de brincadeira não tinha nada - chamada "A peste da Janice". Quem encostasse na Janice tinha que passar a "peste" adiante. Passado um tempo, Janice fez amizade com uma colega,mas só se falavam fora da escola. E um dia, na sala de aula, passaram a peste p/ essa menina. O filme acaba com final em aberto, com a menina muito pensativa: ou passava a peste adiante, magoando Janice mas garantindo sua segurança, ou não passava e correria o risco de ser ridicularizada. Bem interessante! Trailer: http://br.youtube.com/watch?v=VEBa79k0jro

Para adolescentes 

Para adolescentes já existem mais possibilidades, e eu destaco duas: Meninas Malvadas (principalmente para as gurias) e Bang Bang Você Morreu . Esse último é o melhor filme sobre bullying que assisti, um filme forte, que fala sobre os atentados escolares. Porém, até por isso ensina muita coisa. É baseado em uma peça teatral, que faz parte da trama.

Para os adultos 

E com adultos eu também não acho necessário o "falar difícil"; muito pelo contrário: quanto mais claro se for, melhor! Falar difícil só confunde as pessoas, ninguém gosta disso! E tão importante quanto discutir as causas, as formas de prevenção, é mostrar o porquê disso ser tão importante, mostrar o quanto os alunos sofrem, a forma que uma vítima de bullying pensa, que um aluno autor das agressões pensa.

No blog eu disponibilizei alguns vídeos explicativos (mas, explicativos na forma do sentimento mesmo, sem "falar difícil". Um deles é sobre bullying escolar, outro sobre cyberbullying.

Alguns professores já estão utilizando, até para a conscientização dos profissionais da escola e pais. Não tem jeito, a comunidade escolar inteira precisa se informar e se empenhar junto!

Mando uma cópia de uma resposta que, recentemente, dei para uma menina que me perguntou como era essa "doença" - outra confusão bem comum, acharem que bullying é uma doença:

Bullying deriva de bully . Bully significa "valentão" (quem comete as agressões, humilhações, etc) ou "to bully", que significa agredir, humilhar etc. O bullying é o conjunto de ações desse aluno agressor. Bullying é o que o alvo dessas ações sofre.

Meio confuso isso, mas na prática é bem simples: quando um aluno ou grupo de alunos começa, sem nenhum motivo aparente (sem nenhuma provocação, nada que justifique) a agredir outro aluno ou grupo de alunos.

Essas agressões podem ser físicas (chutes, socos, empurrões etc), psicológicas (rumores, ameaças, apelidos maldosos, exclusão), e em alguns casos até mesmo sexual (apalpamentos, abuso sexual).

São ações que se repetem, não são apenas casos isolados.

O aluno vítima de bullying tem sua auto-estima destruída, e pode ter problemas alimentares (perda ou aumento de apetite), mudança de comportamento (apatia, raiva), transtornos fisiológicos (dor de barriga, dor de cabeça,  vômitos), transtornos psicológicos como depressão, síndrome de pânico, TOC, etc.

Normalmente esses alunos sofrem calados, o que só aumenta a dor, e em alguns casos isso resulta em tentativas de suicídio.

Os alunos agressores na verdade também precisam de ajuda. Se agem assim, é por algum motivo: presenciar ou sofrer violência em casa, ser ridicularizado pelos pais, receber pouca atenção da família, ouvir discursos racistas vindo dos pais, vendo agressões físicas como parte do dia a dia.

Aí, ou acabam reproduzindo na escola o que "aprenderam" como aceitável desde o berço, ou acabam agindo com essa postura de "sou forte", para que, pelo menos na escola, sejam respeitados - e acreditam que assim, medo e agressão seriam formas de se garantir respeito.

Os alunos que presenciam o bullying também sofrem. Muitos dão risadas juntos por medo de -caso defendam o colega -, virem alvos de bullying também.

É um problema bem complexo! Mas que tem saída: com informação correta, conscientização e prevenção constante nas escolas. Simplesmente punir ou fingir que o problema não existe não resolve nada.

Daniele Vuoto http://nomorebullying.blig.ig.com.br

 

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EDITORIAL

          Bullying           Como enfrentá-lo?

CONVIDADOS

Cleo Fante

Trechos do livro Bullying escolar:Perguntas e Repostas, Ed. Artmed

Dr. Lélio Braga Calhau

Dr. Lauro Monteiro

Dra. Juliana Gonçalves Pedreira e Dra. Paula Velloso Baptista Lemos

Daniele Vuoto

 
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