Agosto de 2010 - Nº 18   ISSN 1982-7733  
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Texto enviado por Jemima Pompeu
41 anos, blogueira
São Paulo – SP
 

Meu nome, Jemima, é de origem hebraica - foi uma das filhas de Jô - e significa Pomba da Paz. Minha irmã gêmea chama-se Kesia, que significa Canela. É também irmã da Jemima na história bíblica.

Em 09 de Abril de 1969 eu e minha vizinha de Útero, viemos ao mundo. Apesar de sermos bivitelinas, mamãe nos vestia com roupas e calçados idênticos. Eu não gostava, mas aceitava para não desapontar meus pais. Mas é terrível quando a individualidade dos gêmeos não é respeitada. Tive que aceitar as inevitáveis comparações, mas hoje não me importo mais. Apesar disso, nossa infância foi divertida.  Éramos muito unidas, tínhamos sintonia e cumplicidade. Brincávamos e brigávamos com a mesma frequência.

 

 Na adolescência, ela escolheu estudar nos Estados Unidos e eu escolhi ficar. A partir daí, perdemos nossa sincronia. Naquela época não tinha internet. Nosso contato era raro. Aos 21 anos ela voltou noiva, eu já estava casada. Tanto ela quanto eu - éramos pessoas diferentes. A vida tinha mudado muito para ambas.

 

Logo em seguida ela casou e eu me separei. Com o divórcio decidi morar no Paraná e ela ficou em São Paulo. Então, não tivemos mais a oportunidade de conviver. Não tínhamos mais assuntos comuns para compartilhar, não tivemos interesse em acompanhar uma a vida da outra. Quando voltei pra São Paulo em 2006, ela tinha se mudado com o marido e filhas para Miami. Em 2009 ela passou por uma cirurgia e eu senti verdadeiro pânico ao imaginar que ela poderia ter morrido. Fiquei um bocado assustada. Fiquei três dias ao lado dela no pós-operatório.

 

Hoje temos uma relação civilizada, porém, superficial. Não falamos o mesmo idioma. Na distância, sentimos aquele tipo de amor esquisito que não amadureceu. Uma ligação atrofiada. Nossa vida é marcada por desencontros - mas ninguém tem culpa nisso. Durante muito tempo eu não entendi essa distância emocional, essa lacuna que ela provocou em mim. Mas hoje eu sei que nunca foi intencional nem proposital. Não há rancor. E é justamente por estar liberta deste conflito, que me senti preparada para criar este blog http://www.vizinhosdeutero.blogspot.com. Hoje compartilho meus sentimentos sem medo, porque não dói mais.

 

 
 
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