Agosto de 2010 - Nº 18   ISSN 1982-7733  
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Sinceramente: Situação dramática

Jamilton Neres

22 anos, professor, pedagogo formado, cursando Letras

Senador Canedo, Goiás

Creio que em todas as profissões existam problemas, inevitavelmente. Na profissão de Professor, não é diferente. Os desafios e problemas são maiores e até mesmo "crônicos". Mas o que me desagrada pensar não é exatamente nas dificuldades que a profissão nos traz em sentido de desafios, de exigir maior conhecimento da área em que se trabalha, de ter uma postura mais técnica ou profissional em relação a isto ou aquilo. Meu desagrado vem do fato de lidar com pessoas (professores) que esqueceram que a educação - ser professor -  é algo que continua primordial nos dias atuais.

    Às vezes tenho a impressão ou até mesmo a certeza, de que muitos professores acham que os alunos são robôs, que tem um botãozinho programado pra tolerá-los sempre e com bom humor as atrocidades e as barbáries que eles provocam em sala de aula, como "profissionais". É hipocrisia acreditar que nossos alunos são os melhores, que estão todos muito bem. Nossos alunos atuais estão numa verdadeira faixa de Gaza. Ao invés de bombas e tiros, recebem um bombardeiro de ideias loucas, sem fundamentos. Estamos na era de professores que cobram a leitura, sendo que eles não leem; cobram a escrita, sendo que os mesmos não escrevem; cobram responsabilidade, sendo que ele é um irresponsável - matando aulas, ou enrolando aulas. Nossos alunos estão perdidos, e os professores mais perdidos ainda.

    Alguns professores reconhecem os seus desafios. Para além de compreender e sistematizar os conhecimentos da realidade que envolve os alunos e a comunidade e acompanhar as inovações tecnológicas e da informação, eles sabem que precisam rever as suas práticas. Estudos recentes sobre o tema apontam para a necessidade de sistematizar os conhecimentos e suas práticas, como forma de re-significar a sua intervenção em sala de aula. O jornalista Gilberto Dimenstein fez uma crítica muito contundente em seu último artigo sobre professores e escolas: "Diante de tanta informação, cresce cada vez mais a confusão e, logo, a demanda por orientação para se saber o que é relevante. A escola não terá função se os professores apenas repetirem conteúdos, isso pela simples razão de que se pode encontrá-los em qualquer hora e em qualquer lugar, devidamente interativos. O bom professor será um gerenciador de curiosidades - e ele próprio terá de ser um curioso". Chegamos à era dos professores sem qualquer importância. Essa profissão tão pouco valorizada no país e em todo o mundo, chega a um nível de banalização incomensurável.

    Num mundo em “ligeiras e profundas mudanças” cabe ao professor promover-se, atualizar-se, complementar-se, sem comprometer suas opções pedagógicas e ideológicas; sem entrar na onda de quaisquer estratégicas mercadológicas de aperfeiçoamento, em nome da qualificação. Esta não é uma responsabilidade solitária, mas de todos os que pensam, decidem e tem responsabilidades para com a escola. Se os atuais professores não aderirem aos pressupostos citados, penso no fim, na extinção de vários "profissionais" da educação. Essas declarações podem ser julgadas como atitudes de um louco revoltado, mas antes que me atirem pedras prefiro atirar pérolas aos porcos.

    Portanto, professores não são números. Professores são sujeitos, humanos, com suas opções pedagógicas e ideológicas. Portadores de desejos, direitos e dignidade. O exercício de seu ofício não lhes permite neutralidade, pois a educação é, por natureza, um ato político. Suas práticas pedagógicas resultam de suas trajetórias pessoais, de seus compromissos com o ser humano e de seus conhecimentos e aperfeiçoamento profissional.

 

 

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