Samuel de Oliveira Paiva
17 anos, ensino médio completo
Mossoró - Rio Grande do Norte
Ofuscado pelos conglomerados comerciais da modernidade os carrinhos de confeito tem um papel cada vez mais secundário, mas é impossível que no nosso âmago não desperte uma sensação de ingenuidade, de pureza, um retorno a infância, um rasgo de sensibilidade numa época maquinal.
O carrinho de confeito não leva só doces e barganhas, ele leva nossos mais puros desejos, a idéia de simplicidade que passa da nostálgica face do vendedor, a empurrá-lo forçosamente e cabisbaixo por repicados paralelepípedos.
Tenho o prazer de observar todos os dias por minha janela o humilde vendedor que apoiado no seu material de trabalho fuma um de seus intragáveis cigarros, e a fumaça que sua cavidade nasal exala carrega todo sua solidão e amargura, somado a um cochilo e a um dia inteiro de micro cálculos financeiros, ele segue sua sina, sem pesar, sem refletir, sem questionar, e no fim de cada interminável dia ele se esvai lentamente pelas vielas, ele, o vendedor, e seu carrinho, nosso portal para encontrar uma triste e singela harmonia.
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