Fevereiro de 2011 - Nº 20   ISSN 1982-7733  
Como participar
Fale conosco/cadastro
 Arquivo JJ
Todas as edições do JJ
 Tema da Hora
Memórias e História
Dicas de livros
 Perfis e Canções
Clara Nunes
Cida Moreira
 Gonzagão e Gonzaguinha
 Jayme Ovalle
 Luiz Carlos Paraná
Seção Livre
Palavra aberta
Ponto de vista
Desenho
Poesia
Crônica
Exceção
Presentation
Here you are the reporter
Open section
Contact us
Acompanhe
Escola
Como participar

Infelizmente os rótulos não são só para geléias

Shemilla Rossana de Oliveira Paiva

20 anos, 3º período de Comunicação Social, Universidade Estadual do Rio Grande do Norte - UERN
Mossoró - RN    


Quem estuda algo relacionado à interessantíssima Indústria Cultural  esbarra em alguns termos que significam os diferentes rótulos culturais existentes. Começarei por aqueles que estão no cume, por exemplo: pinturas do renascimento, composições de Beethoven e os romances "difíceis" de Proust e Joyce, ou seja, são todos os produtos canonizados pela crítica erudita e considerados como o próprio nome diz, superiores. O médio, ou seja, midcult é destinado aos intermediários que na minha visão, ou essas pessoas são e gostam de serem pseudo-intelectuais ou são ingênuas, pois adquirem gato por lebre. Na "rapa do tacho" vem a masscult, a cultura da massa, que não é produzida por quem a consome, irônico não é?

Funciona assim: existem pessoas que acreditam serem inteligentes e sagazes o bastante pra criarem uma cultura xula, de fácil entendimento, sem profundidade e significação nenhuma, pronto, esse é o primeiro passo, depois vem o segundo que é convencer essa massa a absorver aquele gênero, portanto, existe uma cultura PARA a massa e não DE massa.

 

Como já disse a erudita/superior é a soberana do pedaço, a midcult é a espertinha enganadora que pega Mozarts e executa em ritmo de discoteca e cria com isso uma nação de seguidores que enganadamente passam a se acharem extremamente cultos e por dentro do que há de mais inteligente que existe. A masscult, são os reles mortais, aqui não existem produtos típicos para os designar, o jeito como falam, como se vestem e como sem portam é que dita quem são, ás vezes, engolem bocados prontos, tendo aquelas mensagens como verdades absolutas, e o que ganham com essa passividade? Um rótulo! São vistos como alienados, a massa recebe uma cultura que não é feita por eles, que não tem seus traços reais... mas que por comodidade eles absorvem, e com isso nunca terão voz ativa, mas com certeza são melhores que os da midcult que pensam que são o que nunca chegaram perto de ser. Moral da história: O mundo está impregnado de midcults, que coitados, se reúnem em rodinhas, cheios de uma soberba de intelecto digna de pena, e está lotado também de uma massa que felizmente tem chances de mobilidade social e consequentemente crítica, mas que deve acordar para que isso aconteça, e é lógico que o mundo também vai continuar tendo sempre os eruditos, a cultura superior, por isso as inferiores sempre existirão, pois eles, meticulosos como são, usam as outras duas como combustível/lucro para manter a sua própria cultura "melhor e mais digna".

 

Enfim, esse conteúdo nos traz um velho conhecido, as desigualdades sociais, tão criticadas e nunca extintas, ou seja, o que estava em pauta aqui não era a cultura X ou Y como o assunto nos leva a pensar, mas sim a posição social, nada além disso.

 

Outro quesito sobre a indústria cultural que deve ser analisado, é a mercantilização da cultura, que leva inevitavelmente ao Kitsch, ou seja, a arte do mau gosto, objetos estéticos distorcidos, ocasionando a perda da aura das obras primas o que gera um falso agente de socialização de conhecimentos para com a sociedade, uma vez que reproduz sem transmitir a mensagem de forma correta, existe também o Kitsch do exagero e da inadequação, mas eu quero destacar o pedagógico, que tem enorme ocorrência atualmente.

 

Esse fenômeno ocorre quando os alunos não têm um contato com as obras, na íntegra, lidam apenas com sínteses, e partes mais centrais tratadas pelos autores, ou seja, ocorre uma espécie de troca do todo por apenas uma parte, isso é o retrato da principal característica do elemento falado: o comodismo e a preguiça de intelecto. Essa reprodutibilidade e mercantilização da cultura a transformam em algo que é produzido nos moldes de um automóvel: iguais, em série e sem levar em conta as particularidades de cada um. Isso foi largamente criticado pelos Frankfurtianos que enxergavam a ruptura da legitimação cultural sendo sucumbida pelo capitalismo.

 

É necessário que a sociedade entenda que ela tem o poder de interferir na grande mídia, e que essa comunicação não pode continuar sendo esmagadoramente uma via de mão única. É preciso sair dessa posição de meros expectadores e interferir com responsabilidade e com conhecimento, só assim veremos o fim da "ipanemização da linguagem" na televisão, a supremacia sulista e a falta de traços do Brasil como um todo.

  

 

Envie esta notícia para um amigo

 

 

Texto livre:

Você escolhe o assunto sobre o qual quer escrever. Depois é só enviar pra gente e aguardar nosso contato. Se quiser, envie também foto e/ou ilustração.

Veja as dicas na seção Como participar.

Clique aqui
para enviar seu texto para esta seção. Aguarde nosso contato.
 
 Copyright © 2005-2011 Jornal Jovem - Aqui você é o repórter. Todos os direitos reservados.