Shemilla Rossana de Oliveira Paiva
20 anos, 3º período de Comunicação Social, Universidade Estadual do Rio Grande do Norte - UERN
Mossoró - RN
Quem estuda algo relacionado à interessantíssima Indústria Cultural esbarra em alguns termos que significam os diferentes rótulos culturais existentes. Começarei por aqueles que estão no cume, por exemplo: pinturas do renascimento, composições de Beethoven e os romances "difíceis" de Proust e Joyce, ou seja, são todos os produtos canonizados pela crítica erudita e considerados como o próprio nome diz, superiores. O médio, ou seja, midcult é destinado aos intermediários que na minha visão, ou essas pessoas são e gostam de serem pseudo-intelectuais ou são ingênuas, pois adquirem gato por lebre. Na "rapa do tacho" vem a masscult, a cultura da massa, que não é produzida por quem a consome, irônico não é?
Funciona assim: existem pessoas que acreditam serem inteligentes e sagazes o bastante pra criarem uma cultura xula, de fácil entendimento, sem profundidade e significação nenhuma, pronto, esse é o primeiro passo, depois vem o segundo que é convencer essa massa a absorver aquele gênero, portanto, existe uma cultura PARA a massa e não DE massa.
Como já disse a erudita/superior é a soberana do pedaço, a midcult é a espertinha enganadora que pega Mozarts e executa em ritmo de discoteca e cria com isso uma nação de seguidores que enganadamente passam a se acharem extremamente cultos e por dentro do que há de mais inteligente que existe. A masscult, são os reles mortais, aqui não existem produtos típicos para os designar, o jeito como falam, como se vestem e como sem portam é que dita quem são, ás vezes, engolem bocados prontos, tendo aquelas mensagens como verdades absolutas, e o que ganham com essa passividade? Um rótulo! São vistos como alienados, a massa recebe uma cultura que não é feita por eles, que não tem seus traços reais... mas que por comodidade eles absorvem, e com isso nunca terão voz ativa, mas com certeza são melhores que os da midcult que pensam que são o que nunca chegaram perto de ser. Moral da história: O mundo está impregnado de midcults, que coitados, se reúnem em rodinhas, cheios de uma soberba de intelecto digna de pena, e está lotado também de uma massa que felizmente tem chances de mobilidade social e consequentemente crítica, mas que deve acordar para que isso aconteça, e é lógico que o mundo também vai continuar tendo sempre os eruditos, a cultura superior, por isso as inferiores sempre existirão, pois eles, meticulosos como são, usam as outras duas como combustível/lucro para manter a sua própria cultura "melhor e mais digna".
Enfim, esse conteúdo nos traz um velho conhecido, as desigualdades sociais, tão criticadas e nunca extintas, ou seja, o que estava em pauta aqui não era a cultura X ou Y como o assunto nos leva a pensar, mas sim a posição social, nada além disso.
Outro quesito sobre a indústria cultural que deve ser analisado, é a mercantilização da cultura, que leva inevitavelmente ao Kitsch, ou seja, a arte do mau gosto, objetos estéticos distorcidos, ocasionando a perda da aura das obras primas o que gera um falso agente de socialização de conhecimentos para com a sociedade, uma vez que reproduz sem transmitir a mensagem de forma correta, existe também o Kitsch do exagero e da inadequação, mas eu quero destacar o pedagógico, que tem enorme ocorrência atualmente.
Esse fenômeno ocorre quando os alunos não têm um contato com as obras, na íntegra, lidam apenas com sínteses, e partes mais centrais tratadas pelos autores, ou seja, ocorre uma espécie de troca do todo por apenas uma parte, isso é o retrato da principal característica do elemento falado: o comodismo e a preguiça de intelecto. Essa reprodutibilidade e mercantilização da cultura a transformam em algo que é produzido nos moldes de um automóvel: iguais, em série e sem levar em conta as particularidades de cada um. Isso foi largamente criticado pelos Frankfurtianos que enxergavam a ruptura da legitimação cultural sendo sucumbida pelo capitalismo.
É necessário que a sociedade entenda que ela tem o poder de interferir na grande mídia, e que essa comunicação não pode continuar sendo esmagadoramente uma via de mão única. É preciso sair dessa posição de meros expectadores e interferir com responsabilidade e com conhecimento, só assim veremos o fim da "ipanemização da linguagem" na televisão, a supremacia sulista e a falta de traços do Brasil como um todo.
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