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Outubro de 2022 - Nº 22    ISSN 1982-7733
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As Abstrações – Concretismo e Neoconcretismo - De 1950 a 1960

Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o Modernismo começa a perder força para dar lugar a uma produção abstracionista, em que se tem como elementos principais de valorização, as formas e as cores da obra, e não mais temáticas específicas como o que vinham fazendo os modernistas desde a Semana de 1922. Trata-se definitivamente de um ponto de virada da arte brasileira que expõe tanto características gestadas anos antes, como também precursoras de movimentos futuros.

Essa característica de recusa da arte como modo de duplicação do real surge por parte de alguns artistas como Cícero Dias (Abstracionismo Geométrico), Luis Sacilotto (Grupo Ruptura) e Ivan Serpa (Grupo Frente), por exemplo, já no final dos anos quarenta quando alguns museus como o MASP, em São Paulo, e o MAM, no Rio de Janeiro e São Paulo, começam a ser criados.

Acontecimentos como a transformação do Salão Nacional de Belas Artes em Salão Nacional de Arte Moderna, em 1951, marcam bem a importância do que ocorria no país, uma vez que simbolizam definitivamente o encastelamento do sistema acadêmico de arte – processo esse já iniciado pelos modernistas – para dar lugar a uma produção completamente inovadora, a tal ponto que, ironicamente, escandaliza artistas como, por exemplo, o modernista Di Cavalcanti, tão empenhado em chocar o público da Semana de 1922.

Pela primeira vez no Brasil se pode falar em movimentos de vanguarda advindos do contraste entre as várias idéias e modos de ação diferentes, que traziam, como intenção principal, a bandeira do rompimento e o desejo pelo avanço para acelerar o processo de superação do atraso existente no setor, haja vista as sucessivas edições da Bienal Internacional de São Paulo que ajudaram a reformular o sistema das artes plásticas no país.

São representativos de tais dissonâncias, grupos de artistas cujas obras e manifestos comprovam essa marca de experimentação:

Filiado ao Concretismo – movimento de arte abstrata de raiz suíço-alemã marcado pelo uso de figuras geométricas e pela elaboração baseada no raciocínio – o “Grupo Ruptura” nasceu em São Paulo no ano de 1952 justamente com o projeto de reformar a cultura brasileira vigente até então em sua totalidade, e foi composto por artistas como os irmãos Haroldo e Augusto de Campos, Geraldo de Barros, Mauricio Nogueira Lima e Waldemar Cordeiro. Além das artes plásticas, o movimento teve desdobramentos também no Design e na Poesia, gerando polêmica a partir da primeira exposição ocorrida dia 9 de dezembro de 1952 no MAM de São Paulo, localizado na Rua 7 de Abril.

Enquanto artistas como Cândido Portinari e Emiliano Di Cavalcanti cada vez mais relutavam em aceitar os novos padrões estéticos de arte numa postura quase que conservadora, outros como Lasar Segall (justo um dos precursores do Modernismo) praticamente radicalizaram todas as suas anteriores condutas artísticas do início do século para se “adequarem” à proposta abstracionista do Manifesto Concretista de 1952, assinado pelo Grupo Ruptura, o que significou um marco de que esse movimento cultural, de fato, estava sendo fundado.

Já composto de idéias divergentes, formou-se no Rio de Janeiro o “Grupo Frente”, sob o ideal da liberdade de criação, sem a necessidade de obedecer a padrões formais tão restritos. A primeira exposição de seus artistas ocorreu em 1954 e reunia obras de Ivan Serpa e alguns de seus ex-alunos como Lygia Clark, Lygia Pape, Aluisio Carvão e Décio Vieira. No ano seguinte, uniram-se a eles outros artistas com, por exemplo, Hélio Oiticica e João José da Silva Costa.

O Grupo interessava-se, dentre outras coisas, por manifestações primitivas e infantis, o que justifica, por exemplo, a participação da pintora naïf, Elisa Martins da Silveira ou de Carlos Val, advindo do curso de arte infantil de Serpa.

O “Grupo Frente” deu origem ao chamado Neoconcretismo que teve seu Manifesto assinado em 1959 opondo-se, sobretudo, a ideologia do grupo paulista, uma vez que o que faziam era um Concretismo mais livre, segundo o já supracitado. Denunciava, já nas linhas iniciais, que a "tomada de posição neoconcreta" se faz "particularmente em face da arte concreta levada a uma perigosa exacerbação racionalista". Daí decorrem expressões como as da Pop Art e da Arte Cinética sintetizando características tais como a valorização da luz, do espaço e dos símbolos.

Participam desse movimento, Amílcar de Castro, Franz Weissmann, Willys de Castro e Ferreira Gullar (com a teoria do Não-Objeto), além dos também já citados Hélio Oiticica, Lygia Clark e Ligia Pape.

Contudo, dando início à tarde do século XX no Brasil, os anos 1950 não deixaram de anunciar crises. (...) Não bastasse o sol iniciar sua rota descendente, nuvens começaram a encobrir o céu. Prenúncio de uma noite que parece não ter fim.

Thiago Sogayar Bechara

ARTE BRASIL SÉCULO XX
 
 
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