Silvia
Kuntz
23 anos, jornalista esportiva
São Paulo - capital
Desconhecido
encantador
Mais do que um esporte de disputas cegas e acirradas, mais
do que regado pela ânsia de conquistar o “trono”,
o enduro eqüestre é uma aventura, com sabor
de desafio. Modalidade em que o triunfo não é
o topo do pódium, mas a perfeita relação
entre homem, cavalo e natureza.
A palavra “endurance” – do Francês
- significa resistência, exatamente o que diferencia
o Enduro das outras modalidades eqüestres.
Nessas provas, os competidores percorrem uma trilha natural
definida e demarcada por faixas e sinais, ou desenhada e
distribuída aos concorrentes, variando de 30 a 160
Km. E tudo deve ser feito dentro de um limite de tempo,
caso contrário, o participante é desclassificado.
Durante o percurso, em postos instalados pelo trajeto, realizam-se
paradas obrigatórias para controle veterinário,
mais conhecidos pelos enduristas como “vet-checks”:
o cavalo pode ser eliminado durante a prova, caso sua condição
física seja julgada insatisfatória, já
que se preza muito pela saúde do animal.
No decorrer da prova, não é permitida a troca
de cavalo ou cavaleiro -diferente de outros esportes-, o
que torna mais intensa essa afabilidade entre o conjunto.
Além disso, a premiação não
é feita apenas para os cavaleiros, mas também
para o cavalo que melhor se desempenha durante a trajetória
(o que pode ser constatado devido ao controle veterinário).Ganha
a taça - "best condition” - o cavalo que
apresentar as melhores condições físicas.
Outra distinção própria do enduro é
o ambiente familiar que paira durante a realização
dos eventos, já que não há restrições
de idade para o cavaleiro. A família toda participa
direta ou indiretamente, visto que cada etapa é realizada
em cidades diferentes e dura um fim de semana inteiro. Além
disso, os familiares que optam por não montar, podem
formar parte da “equipe de apoio” ao cavalo
e ao cavaleiro, tarefa indispensável para os cuidados
com o cavalo, antes de ser apresentado ao “vet-check”
e não menos indispensável para os enduristas,
que não poderiam descansar e cuidar do animal ao
mesmo tempo, durante as paradas obrigatórias.
Dentre as diversas categorias, a mais aspirada pelos participantes
é a “Velocidade Livre”, uma verdadeira
corrida de longa distância. O detalhe é que
não se deve galopar todo momento, pois os cavalos
não agüentariam e seriam, além disso,
desclassificados pelo controle veterinário: um dos
requisitos mais importantes é o limite de batidas
cardíacas por minuto. Realmente o desafio é
mais complicado do que parece... A questão fundamental
é saber gerenciar, do melhor modo possível,
as forças do animal.
Sintonia… antes, durante e depois!
O equilíbrio entre o cavalo e cavaleiro é
condição básica para a prática
do esporte. Mas não pára por aqui, o Enduro
ainda requer o condicionamento físico, tanto
do cavalo, quanto do cavaleiro.
A “dupla” evolui juntamente, a começar
pelos treinos. Só consegue um bom desempenho no esporte,
quem está sempre se preparando. O cavalo depende
de um treinamento constante feito a partir de um cronograma
demorado e rigorosamente obedecido. O animal passa a percorrer
longas distâncias em ritmos acelerados, portanto,
seu fôlego e capacidade de recuperação
devem estar afinados, assim como o preparo físico
do endurista, que terá de enfrentar, no mínimo,
4 horas cavalgando.
Os enduristas em geral, possuem uma paixão deslumbrante
pelos cavalos e, quando questionamos a razão pela
qual escolheram o enduro, respondem inevitavelmente que
o principal motivo é o maior tempo de contato com
o cavalo durante a competição. Alegam também,
que se desenvolve um entrelaçamento amistoso mais
intenso com o cavalo e compreende-se melhor suas reações.
Os cavalos de maior destaque são aqueles que possuem
sangue árabe, uma vez que são mais resistentes.
Contudo, não é necessário ser um “puro
sangue”, destacam-se também, os “cruza-árabes”
e os “anglo-árabes”. O que não
descarta os animais de outras raças, pois deve haver
uma avaliação individual do cavalo.
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