Dezembro de 2006- Nº 04    ISSN 1982-7733
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Intercâmbio Alaska

Depoimento enviado por Gustavo Prouvot Ortiz
23 anos, Instituto Oceanográfico da USP

São Paulo - capital

Inverno no Alaska


Nascer do sol - Foto: Gustavo P. Ortiz

Assim como a maioria das pessoas, eu achava que o Alaska fosse habitado somente por eskimos e animais selvagens. Um lugar inacessível, conhecido apenas por documentários e livros de aventura no ártico. Mas, como adoro viajar, sempre foi um lugar que me chamou a atenção.
Foi numa agência de intercâmbio onde vi que este amor platônico poderia ser consumado.

Eu já conhecia o programa de intercâmbio Work & Travel, que leva universitários estrangeiros, nas férias, para trabalhar no USA e quis aliar este programa com um estágio em uma universidade americana. Listei as melhores faculdades de oceanografia (meu curso) e nesta lista, aparecerem diversos estados, incluindo o Alaska! Mas no Alaska não tinha somente eskimos?!? Pesquisei um pouco na internet e vi que estava redondamente enganado...

Fiquei, então, muito entusiasmado com a idéia de ir morar perto do Círculo Polar Ártico. Eu iria morar num lugar completamente diferente de tudo o que conhecia. Isso é muito importante: nossa vida é a soma de nossas diferentes ações. Quanto mais inovamos, mais aprendemos! Certamente aprendi muito lá!


Meu suor congelado - Foto: Gustavo P. Ortiz

Já sabia que o frio no inverno seria absurdo, mas “minha ficha só caiu” quando cheguei em Fairbanks. Fazia -12°C e disseram que a temperatura estava amena devido a uma frente de ar quente. Caramba! Se -12°C é warm (como me disseram) o que seria o cold deles???

Porém o que mais estranhei, no início, foi a falta de Sol. Cheguei lá no dia 10 de dezembro, faltando apenas 11 dias para o solstício de inverno e os dias já estavam durando menos de 5 horas. Em janeiro, o frio de verdade chegou: fez abaixo de -40°C durante 2 semanas, sendo que uns 5 dias fez abaixo de -50°C.

Num frio tão intenso assim, tudo é diferente: não existe água líquida! É verdade, o ar é tão seco como de um deserto. O céu fica azulzinho e a umidade congelada flutua como umas purpurinas prateadas. Outra coisa interessante é que quando saia para passear andando, tinha sempre que comprar garrafas d'água novas, pois as que eu levava na mochila congelavam em uns 2 min.

A cidade onde morei, Fairbanks, é bem peculiar. Apesar de ser minúscula (35 mil habitantes), tem uma excelente infra-estrutura. Diversas lojas de departamento, hipermercados e redes de fast-food, mostram que o “pacote” de serviços americano está presente. Além isso, boates, pubs e cinemas esquentam as geladas noites do ártico. Sem esquecer da UAF, universidade com mais de 10 mil estudantes.


Piscina Vulcânica - Foto: Gustavo P. Ortiz

Aproveitei cada segundo meu. Quando não estava trabalhando ou na faculdade, passeava pela cidade e arredores. Lugares e fatos inesquecíveis: aurora boreal, bar de gelo, piscinas vulcânicas, corrida de trenó de cachorro, campeonato de arte no gelo, ski pelas trilhas da UAF, jogos de hockey, casa do papai noel... ah! São tantas coisas...

Fui para lá com mais 4 brasileiros. Foi perfeito, pois um grupo pequeno favorece a interação com os anfitriões, afinal este é um dos propósitos do intercâmbio. Então, fomos muito bem acolhidos pela sociedade. E tenho certeza que ficaram com uma excelente impressão dos brasileiros.

Já no final, quando já estava bem integrado ao cotidiano de Fairbanks, percebi o quanto verdadeiras eram as palavras que um cara me disse no avião, indo para lá : “Alaska has no fences.” A sensação de liberdade lá é inimaginável! A cidade é cercada por florestas.

Eu, brasileiro e tropical, achei que conhecesse florestas. Descobri que o que conhecemos no Brasil, indo para o interior, são campos cultivados. A quase totalidade da área rural brasileira são fazendas. No sudeste temos umas manchas de floresta nas serras e na região norte temos a floresta amazônica. Fora isso, só temos fazenda! Até o pantanal está quase inteiramente loteado!

Então, a imensidão selvagem do Alaska me cativou! Lá, você pode morar no meio da floresta e ter uma Sears a 10 min de distância. Você agrega a qualidade da vida natural, com o pacote de serviços do primeiro mundo. Com esta excelente qualidade de vida, as pessoas que moram lá, são diferentes dos americanos que vivem no lower 48 (expressão que usam para designar os 48 estados ao sul do
Canadá). Não são frios, preconceituosos e nem psicóticos, como o americano médio. Como já disse, me senti muito bem acolhido entre a população. Foi uma experiência incrível, pois conheci uma região maravilhosa que me mostrou que ainda vale a pena lutar pelo mundo.

 
Pois é: intercâmbio!

Você já pensou nisso ou já participou de um intercâmbio?

Se já participou, que tal contar um pouco da sua experiência? Se não, vai ver como é legal ouvir as histórias de quem já fez!

Você pode ter dicas ótimas e assim contribur com quem está querendo programar um intercâmbio.
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