BIOGRAFIA
Nascido
dia 30 de julho de 1906, no município de Alegrete,
RS, Mario de Miranda Quintana alfabetizou-se com os pais
lendo o jornal Correio do Povo. Inicia-se no
francês e é a partir de 1919 que começa
a produzir seus primeiros trabalhos na revista Hyloea.
Trabalha na Livraria do Globo, n´O
Estado do Rio Grande, ganha prêmios com contos,
e começa a publicar seus livros, tais como “Espelho
Mágico” (1951), “Rua dos Cataventos”
(1940), “Canções” (1946), “Sapato
Florido” (1948), dentre outros.
Em 1967 recebe da Câmara de Vereadores de Porto
Alegre, o título de cidadão honorário
e passa a escrever no Correio do Povo até
1980, dentre outras tantas atividades e prêmios
recebidos por seus trabalhos publicados. Fez traduções,
foi traduzido, teve poemas musicados, um disco gravado
com declamações, enfim, uma brilhante personalidade
que, segundo Fausto Cunha, “soube manter-se fiel
ao seu gênio poético, à sua vocação
lírica, quando tantos em torno dele se esgotavam
em caminhos equivocados”.
Quintana falece dia 05 de maio de 1994 em Porto Alegre,
próximo de completar 87 anos.
Poemas selecionados de Maria Quintana
Soneto
V
(De: A Rua dos Cataventos)
Na
minha rua há um menininho doente.
Enquanto os outros partem para a escola,
Junto à janela, sonhadoramente,
Ele ouve o sapateiro bater sola.
Ouve
também o carpinteiro, em frente,
Que uma canção napolitana engrola.
E pouco a pouco, gradativamente,
O sofrimento que ele tem se evola...
Mas
nesta rua há um operário triste:
Não canta nada na manhã sonora
E o menino nem sonha que ele existe.
Ele
trabalha silenciosamente...
E está compondo este soneto agora,
Pra alminha boa do menino doente...
Dos
Mundos
(De: Espelho Mágico)
Deus
criou este mundo. O homem, todavia,
entrou a desconfiar, cogitabundo...
Decerto não gostou lá muito do que via...
E foi logo inventando o outro mundo.
Dos
Milagres
(De: Espelho Mágico)
O
milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloqüência ao mundo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!
Das
Ilusões
(De: Espelho Mágico)
Meu
saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, a após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!
Do
Exercício da Filosofia
(De: Espelho Mágico)
Como
um burrico mourejando à nora,
A mente humana sempre as mesmas voltas dá...
Tolice alguma nos ocorrerá
Que não a tenha dito um sábio grego outrora...
Das
Idéias
(De: Espelho Mágico)
Qualquer
idéia que te agrade,
Por isso mesmo... é tua.
O autor nada mais fez que vestir a verdade
Que dentro em ti se achava inteiramente nua.
Da
Amizade entre Mulheres
(De: Espelho Mágico)
Dizem-se
amigas... Beijam-se... Mas qual!
Haverá quem nisso creia?
Salvo se uma das duas, por sinal,
For muito velha, ou muito feia...
Links:
http://www.releituras.com/mquintana_bio.asp
Foto:
do site www.bmsr.com.br/diario/detalhe.asp?cod=181, acessado
dia 19/08/2006
Thiago
Sogayar Bechara