Dezembro de 2006- Nº 04    ISSN 1982-7733
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Mário Quintana

BIOGRAFIA

Nascido dia 30 de julho de 1906, no município de Alegrete, RS, Mario de Miranda Quintana alfabetizou-se com os pais lendo o jornal Correio do Povo. Inicia-se no francês e é a partir de 1919 que começa a produzir seus primeiros trabalhos na revista Hyloea. Trabalha na Livraria do Globo, n´O Estado do Rio Grande, ganha prêmios com contos, e começa a publicar seus livros, tais como “Espelho Mágico” (1951), “Rua dos Cataventos” (1940), “Canções” (1946), “Sapato Florido” (1948), dentre outros.
Em 1967 recebe da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, o título de cidadão honorário e passa a escrever no Correio do Povo até 1980, dentre outras tantas atividades e prêmios recebidos por seus trabalhos publicados. Fez traduções, foi traduzido, teve poemas musicados, um disco gravado com declamações, enfim, uma brilhante personalidade que, segundo Fausto Cunha, “soube manter-se fiel ao seu gênio poético, à sua vocação lírica, quando tantos em torno dele se esgotavam em caminhos equivocados”.
Quintana falece dia 05 de maio de 1994 em Porto Alegre, próximo de completar 87 anos.

Poemas selecionados de Maria Quintana

Soneto V
(De: A Rua dos Cataventos)

Na minha rua há um menininho doente.
Enquanto os outros partem para a escola,
Junto à janela, sonhadoramente,
Ele ouve o sapateiro bater sola.

Ouve também o carpinteiro, em frente,
Que uma canção napolitana engrola.
E pouco a pouco, gradativamente,
O sofrimento que ele tem se evola...

Mas nesta rua há um operário triste:
Não canta nada na manhã sonora
E o menino nem sonha que ele existe.

Ele trabalha silenciosamente...
E está compondo este soneto agora,
Pra alminha boa do menino doente...

Dos Mundos
(De: Espelho Mágico)

Deus criou este mundo. O homem, todavia,
entrou a desconfiar, cogitabundo...
Decerto não gostou lá muito do que via...
E foi logo inventando o outro mundo.

Dos Milagres
(De: Espelho Mágico)

O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloqüência ao mundo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!

Das Ilusões
(De: Espelho Mágico)

Meu saco de ilusões, bem cheio tive-o.
Com ele ia subindo a ladeira da vida.
E, no entretanto, a após cada ilusão perdida...
Que extraordinária sensação de alívio!

Do Exercício da Filosofia
(De: Espelho Mágico)

Como um burrico mourejando à nora,
A mente humana sempre as mesmas voltas dá...
Tolice alguma nos ocorrerá
Que não a tenha dito um sábio grego outrora...

Das Idéias
(De: Espelho Mágico)

Qualquer idéia que te agrade,
Por isso mesmo... é tua.
O autor nada mais fez que vestir a verdade
Que dentro em ti se achava inteiramente nua.

Da Amizade entre Mulheres
(De: Espelho Mágico)

Dizem-se amigas... Beijam-se... Mas qual!
Haverá quem nisso creia?
Salvo se uma das duas, por sinal,
For muito velha, ou muito feia...

Links: http://www.releituras.com/mquintana_bio.asp

Foto: do site www.bmsr.com.br/diario/detalhe.asp?cod=181, acessado dia 19/08/2006

Thiago Sogayar Bechara

VOCÊ SABIA?

Quintana declarou num texto seu uma vez, em que falava de sua vida:

"Dizem que sou tímido. Nada disso. Sou é caladão, introspectivo. Não sei porque sujeitam os introspectivos a tratamentos" (...) "adoro a síntese"

"Dizem que sou modesto. Pelo contrário, sou tão orgulhoso que nunca acho que escrevi algo a minha altura. Porque poesia é insatisfação, um anseio de auto-superação. Um poeta satisfeito, não satisfaz"

O que os amigos dele vão falar agora:
Segundo seus amigos, Quintana era o poeta das coisas simples e fazia pouco caso da crítica. Ele dizia que escrevia simplesmente porque sentia necessidade.

Comentários de Thiago Bechara.

 
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