Outubro de 2007 - Nº 07    ISSN 1982-7733
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"Cartola - Música para os olhos"

O Sonho não se acabou

A célebre frase dita por Nelson Sargento sobre Cartola venceu a barreira dos anos e chegou até nós com o mesmo frescor de sambas como Tive Sim e O Mundo é um Moinho. “Cartola não existiu. Foi um sonho que a gente teve”. E por mais que insistentemente repetida a cada evocação feita sobre Angenor de Oliveira, ela se recicla, assumindo outra conotação, ainda mais se dita para exprimir a beleza de um filme como “Cartola – Música para os olhos”  que acaba de entrar nos cinemas.

Dirigido por Lírio Ferreira e Hilton Lacerda, o documentário sobre o sambista da Velha Guarda da Estação Primeira de Mangueira concatena elementos de diversas linguagens artísticas para resultar mais especificamente num filme que trata de música. Mas é muito mais que isso: penso que ao reconstituir a vida de uma personalidade como Cartola, qualquer diretor se obriga a contar também, a história do samba, o que inevitavelmente se confunde com o percurso trilhado pelo país.

“Música para os olhos”, logo nos primeiros minutos de filme, converte-se em música para o coração. Para o corpo inteiro. O documentário se inicia com um excerto de Memórias Póstumas de Brás Cubas de Machado de Assis e segue com depoimentos de amigos, passando por trechos de filmes como Copacabana, estrelado em 1947 por Carmem Miranda e Groucho Marx.

Provavelmente Marx não conheceu Cartola. E, no entanto, é bonito perceber como ajuda a recontar sua trajetória. Com pitadas de humor e cenas raras como o encontro entre Donga, João da Baiana e Pixinguinha numa mesa de bar, o documentário mostra os foliões da época e dedica boa parte de seu tempo a escola de samba cujos nome e cores foram igualmente dados pelo autor de As Rosas não Falam.

Figuras como Chico Buarque, Elizethe Cardoso, Elza Soares, Beth Carvalho e Dona Zica, esposa de Cartola, fazem justiça à memória do compositor que vem sendo gravado por grandes nomes da MPB tais como Elis Regina (Basta de Clamares Inocência no álbum “Essa Mulher”, 1979) ou Ney Matogrosso, que dedicou em 2002 um trabalho todo à sua obra interpretando pérolas como Corra e Olhe o Céu e Ensaboa. No entanto, esses dois últimos não aparecem no documentário.

O compositor, reconhecido quase no fim de sua vida, é hoje uma das figuras mais aclamadas quando se fala em música brasileira e “Música para os olhos” vem coroar todo esse respeito com cores marcantes de um tempo igualmente rico e belo como a obra de Cartola. Como a história do Brasil.

 

Thiago Sogayar Bechara

22/04/2007

*Foto- Fonte: http://www.dustygroove.com/

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VOCÊ SABIA?

Arnaldo Jabor

     Para as gerações mais novas, esse carioca nascido em 1940 é conhecido como cronista dos jornais O Globo e O Estado de São Paulo. Tornou-se popular em meados dos anos 90, quando passou a atuar como comentarista nos telejornais da Rede Globo.

      Formado em Direito pela PUC do Rio de Janeiro, Arnaldo Jabor também é considerado uma das figuras de maior representatividade do cinema nacional, ainda que, atualmente, não se dedique à produção de filmes.

      Sua carreira teve início ainda no Cinema Novo - mais especificamente no ano de 1963 - ao exercer as funções de técnico de som em Ganga Zumba e Maioria Absoluta e de assistente de direção e produtor executivo de Integração Racial. Em 1967, assinou a direção do documentário Opinião Pública, um ensaio sobre a classe média.

      Pindorama (1970), seu primeiro filme de ficção, contou com o apoio financeiro da Columbia Pictures, mas foi mal recebido tanto pela crítica quanto pelo público. Já Toda Nudez Será Castigada (1973) – produção baseada na obra de Nélson Rodrigues – representa a volta por cima do diretor, que conseguiu driblar a censura graças ao Urso de Prata conquistado no Festival de Berlim. O Casamento (1975), também inspirado no universo rodrigueano, não repetiu o sucesso do antecessor.

     Em 1978, com a colaboração de Leopoldo Serran, Jabor escreveu o roteiro original de Tudo Bem, seu filme mais contundente. Nele, o diretor optou por retratar o ambiente familiar a partir das figuras que simbolizam todas as classes e regiões do Brasil.

     Eu Te Amo (1980), protagonizado por Sônia Braga e Paulo César Pereio, versa sobre os jogos do amor e da sedução com sofisticação e complexidade relativa. Eu Sei Que Vou Te Amar (1984) trata da mudança dos papéis familiares: a figura paterna perde força diante das transformações do comportamento feminino. Esse filme rendeu à protagonista Fernanda Torres o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes.

     Durante o governo Collor, Jabor decidiu enveredar pelo Jornalismo, já que o então presidente havia acabado com a Embrafilme desestruturando o cinema nacional.

    . Por meio da visão radical e totalizante do Cinema Novo, Jabor fez do cinema um instrumento de revelação da alma da classe média brasileira.

Cremilda Aguiar, 19 anos, estudante de jornalismo Mackenzie/SP

 
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