Outubro de 2007 - Nº 07    ISSN 1982-7733
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Cinebiografia de Maria Antonieta chega às telas brasileiras

 

Cremilda Aguiar

19 anos, 3° ano Jornalismo-Mackenzie
São Paulo - capital

O filme Maria Antonieta é um projeto ambicioso, encabeçado pela direção de Sofia Coppola – em seu terceiro longa - tendo como produtor seu pai, Francis Ford Coppola. Orçado em US$ 40 milhões, o filme teria tudo para ser um dos grandes sucessos de bilheteria do ano passado, porém o resultado foi bem diferente. Nem a popularidade de Kirsten Dunst, que interpreta a personagem título, salvou a produção do fracasso. Maria Antonieta acumulou bilheteria mundial de US$ 56 milhões, ou seja, menos da metade do que seria necessário para apenas se pagar.

Não era uma tarefa fácil adaptar para o cinema a história da austríaca que se tornou rainha da França, após se casar com Luís XVI (Jason Schwartzman). Mas a riqueza da personagem, com suas nuances e com o respaldo de tudo que já foi escrito sobre esse período conturbado da História (Revolução Francesa) seria suficiente para se fazer uma reflexão densa acerca das ambigüidades da rainha, da sua falta de parcimônia em relação às contas do Estado, dos excessos da nobreza parasita e da vulnerabilidade do governo francês. Esta, provavelmente, não foi a intenção de Sofia ao pensar na construção do roteiro, mas talvez tenha sido seu grande erro tratar o tema de maneira tão superficial.

A crítica respondeu à altura: o filme passou despercebido pelo Festival de Cannes e, ainda que mais ponderada, a crítica americana também respondeu mal. O único momento de glória foi na festa do Oscar, quando Milena Canonero recebeu a estatueta de melhor figurino pelas roupas do filme. Merecidíssimo, aliás, já que a moda parece, em muitos momentos, ser o foco principal da produção.

Ainda há o que se explorar sobre a vida da rainha que morreu decapitada no auge da Revolução Francesa. Ressalta-se, também, que muito já foi falado. A Sofia coube fazer uma abordagem diferente e ela optou por dar ênfase ao sentimento de deslocamento vivido por Maria Antonieta desde que chegou à França. A princípio, pouco habituada às responsabilidades de Delfina; depois, cobrada para dar à luz um herdeiro da coroa; e, ao final, odiada por toda a população por conta de seus gastos exorbitantes e pela imagem desprestigiada do governo francês.

Kirsten Dunst deixa a desejar na interpretação. A atriz já demonstra uma certa maturidade para fazer papéis desafiadores, mas mesmo assim seu desempenho é limitado. A trilha sonora tenta dar uma roupagem pop ao filme e, por conseguinte, reforça a atmosfera onírica e o descolamento da realidade. No Brasil, Maria Antonieta segue uma trajetória de sucesso. Talvez não levar tão a sério seja a melhor maneira de aproveitar o filme.

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VOCÊ SABIA?

Arnaldo Jabor

     Para as gerações mais novas, esse carioca nascido em 1940 é conhecido como cronista dos jornais O Globo e O Estado de São Paulo. Tornou-se popular em meados dos anos 90, quando passou a atuar como comentarista nos telejornais da Rede Globo.

      Formado em Direito pela PUC do Rio de Janeiro, Arnaldo Jabor também é considerado uma das figuras de maior representatividade do cinema nacional, ainda que, atualmente, não se dedique à produção de filmes.

      Sua carreira teve início ainda no Cinema Novo - mais especificamente no ano de 1963 - ao exercer as funções de técnico de som em Ganga Zumba e Maioria Absoluta e de assistente de direção e produtor executivo de Integração Racial. Em 1967, assinou a direção do documentário Opinião Pública, um ensaio sobre a classe média.

      Pindorama (1970), seu primeiro filme de ficção, contou com o apoio financeiro da Columbia Pictures, mas foi mal recebido tanto pela crítica quanto pelo público. Já Toda Nudez Será Castigada (1973) – produção baseada na obra de Nélson Rodrigues – representa a volta por cima do diretor, que conseguiu driblar a censura graças ao Urso de Prata conquistado no Festival de Berlim. O Casamento (1975), também inspirado no universo rodrigueano, não repetiu o sucesso do antecessor.

     Em 1978, com a colaboração de Leopoldo Serran, Jabor escreveu o roteiro original de Tudo Bem, seu filme mais contundente. Nele, o diretor optou por retratar o ambiente familiar a partir das figuras que simbolizam todas as classes e regiões do Brasil.

     Eu Te Amo (1980), protagonizado por Sônia Braga e Paulo César Pereio, versa sobre os jogos do amor e da sedução com sofisticação e complexidade relativa. Eu Sei Que Vou Te Amar (1984) trata da mudança dos papéis familiares: a figura paterna perde força diante das transformações do comportamento feminino. Esse filme rendeu à protagonista Fernanda Torres o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes.

     Durante o governo Collor, Jabor decidiu enveredar pelo Jornalismo, já que o então presidente havia acabado com a Embrafilme desestruturando o cinema nacional.

    . Por meio da visão radical e totalizante do Cinema Novo, Jabor fez do cinema um instrumento de revelação da alma da classe média brasileira.

Cremilda Aguiar, 19 anos, estudante de jornalismo Mackenzie/SP

 
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