V de
Vingança
Direção:
James
McTeigue
V
de Vingança (V for Vendetta, Reino-Unido/Alemanha
2006).
Roteiro: Andy Wachowski e Larry Wachowski, baseado nos personagens
criados por David Lloyd e Alan Moore
Com: Natalie Portman, Hugo Weaving, Stephen Rea, John Hurt
"Remember,
remember the 5th of November".
Pode
uma música mudar uma geração? Uma obra
de arte inspirar mudanças? Quem sabe um livro causar
uma revolução? E um filme? Que poder teria
este tipo de arte?
Bem,
ao ver o filme V de Vingança, eu tive a
impressão de voltar aos meus tempos de congressos
estudantis em que o meu desejo era de mudar meu país.
Não sei se essa era a intenção de Alan
Moore quando escreveu a premiada Graphic Novel, nem ao menos
sei se era a idéia dos Irmãos Wachowski quando
adaptaram o roteiro para o cinema, mas deu vontade de levantar
e sair para a rua buscar minha própria revolução.
O
personagem V (interpretado por
um Hugo Weaving, perfeito e destituído de vaidade)
é muito forte e, por vezes incompreendido. Também
pudera, ele luta com facas, se cobre com um manto negro
e usa uma máscara que tem um sorriso desafiador.
Sua justiça é feita à base de muito
sangue, mortes e vinganças pessoais. Não é
por acaso que seu filme favorito seja O Conde de Monte
Cristo. Mas o que V gosta de salientar é
que não existe um homem atrás daquela máscara,
e sim, uma idéia. Uma idéia nunca morre, uma
idéia não envelhece, uma idéia não
tem medo, portanto não pode ser destruída.
E
em Evey (representada aqui por Natalie Portman no auge do
seu talento) ele encontra uma aliada poderosa, alguém
que tem medo como qualquer um de nós, mas lá
no fundo tem enterrado um espírito inquieto e insatisfeito.
E ele sabe como trazer à tona essa força presente
nela e em todos os londrinos que vivem encarcerados nas
suas próprias casas, vítimas de um sistema
que prega o terror e controla rigidamente os seus cidadãos,
caçando e punindo severamente todos os contraventores,
ou seja, homossexuais, mulçumanos, judeus, negros
ou qualquer um que se oponha ao seu regime castrativo.
"As
pessoas não deveriam temer seu governo. O governo
é que devia temer seu povo".
Usando
e abusando deste lema, V começa uma mudança
que vai além das explosões de prédios
públicos ou do assassinato de membros poderosos do
governo, ele começa uma mudança dentro de
cada um que assiste seus atos, de cada membro dessa sociedade
destituída de identidade, de cada indignado que se
resignou ao anonimato por temer sua pátria. E é
nessa mudança que ele se apóia e justifica
cada ação que ele faz, por mais questionável
que seja.
E
assim, respondemos a pergunta inicial, com um artigo inflamado
e apaixonado, mostramos que o cinema pode ser uma arte que
inspira revoluções pessoais, alterações
de humor e aguça a visão dos mais atentos.
"Remember,
remember..."
Danilo
Lodi, 24 anos, São Paulo - capital |