Letícia Veloso, 19 anos, 2° ano de jornalismo- Uninove/ Campus Vergueiro/ São Paulo-SP
A agricultura orgânica rouba a cena e é um dos temas do Censo Agropecuário que será realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2007.
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Em abril do ano que vem, serão levantados dados sobre os cerca de 5,6 milhões de propriedades agrícolas no Brasil. A décima edição Censo Agropecuário coletará informações sobre o setor, como mudanças desde o último levantamento em 1996. O IBGE admite a inclusão da produção orgânica nos levantamentos, por se tratar de um tema importante no setor agrário.
Segundo dados divulgados no site oficial da Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS), cerca de 60% da população brasileira desconhece os produtos orgânicos. Para reverter esse quadro, muitos supermercados do país iniciaram a comercialização destes alimentos.A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) informou que cerca de 71% dos consumidores -com conhecimento sobre o assunto, têm interesse no consumo de produtos sem insumos tóxicos.
Conceitualmente, os produtos orgânicos são cultivados de maneira ecologicamente correta, não há uso de agrotóxicos sintéticos, sementes transgênicas (geneticamente modificadas) dentre outros. Um dos objetivos da produção de orgânicos, de acordo com o Instituto de Biodinâmica (IBD), é produzir sem agredir o ecossistema e em “equilíbrio com o meio ambiente”. Nos dias de hoje, é possível encontrar verduras, legumes, carnes e vinhos orgânicos."A carne de frango é mais saborosa e sadia que a convencional, percebo no paladar", diz a promotora de eventos Luisa Santiago, adepta ao consumo de alimentos orgânicos.
Os alimentos tradicionais podem conter fertilizantes químicos utilizados nos cultivo, fator responsável por ocorrer alterações no aspecto físico e até no sabor. Os orgânicos dispensam o uso de produtos tóxicos na plantação e criação de animais. Inclusive, há propriedades orgânicas, com pasto especial para o gado. A carne bovina orgânica pode custar 30% mais cara-se comparada ao produto convencional, segundo informações do IBD.
Sob o aspecto mercadológico, o mercado direcionado aos produtos orgânicos, está em expansão. Políticas públicas de incentivo à prática do cultivo destes alimentos orgânicos, podem tornar o país o maior exportador do mundo. Técnicos da Embrapa acreditam nessa tese, associada às políticas de fortalecimento do setor agro-exportador. O Brasil possui a segunda maior área orgânica do mundo, em primeiro lugar está a Austrália.
Lei dos produtos orgânicos
No ano de 2003, foi aprovada a Lei Federal 10.831, com a finalidade de fiscalizar a agricultura orgânica. O engenheiro agrícola Marcelo Silvestre Laurino, fiscal da Delegacia Federal de Agricultura de São Paulo, destaca a importância da medida em relação à fiscalização e controle de produção. Em entrevista ao portal da Embrapa, Laurino afirma que antes da lei entrar em vigor, muitos produtos apreendidos pelo setor fiscal eram rotulados como orgânicos. Atualmente há mais mecanismos disponíveis contra as falsificações, os produtos passam por rigorosa fiscalização. Institutos como o IBD ajudam neste processo, em 2007 está previsto uma lei que possa regulamentar eficazmente a questão dos alimentos orgânicos.
Alimentos mais saudáveis
A lei do orgânico (Lei 10.831/03) refere-se a esses alimentos como ecologicamente corretos, “biodinâmico, natural, regenerativo, biológico, agroecológico “.A agricultora orgânica mantém equilíbrio com o meio ambiente, os animais são criados sem uso de hormônios do crescimento e anabolizantes.
Segundo o Instituto Biodinâmico (IBD), pesquisas recentes comprovam o valor nutritivo dos orgânicos. Como esses alimentos dispensam insumos químicos, espontaneamente desenvolvem defesas naturais. A partir deste processo foi detectada a presença de micronutrientes não encontrados nos alimentos convencionais, tais como; minerais, vitaminas, fitonutrientes e antioxidantes.
Os alimentos orgânicos apresentam cerca de 63 % mais cálcio e 73% a mais de ferro. Sobre os produtos de origem animal, o diferencial é ausência de resíduos de produtos químicos, pois os animais se alimentam apenas de produtos orgânicos. Embora, a higienização correta dos alimentos pode eliminar restos de material químico.
Vale ressaltar as diferenças de preços entre o produto convencional e o orgânico, estes custam cerca de 30% mais caro e seu tamanho em geral é menor, se comparado aos produtos usuais. Contudo, segundo os especialistas, as vantagens ultrapassam o argumento valor nutritivo. A agricultura orgânica proporciona benefícios ao ecossistema, preservação dos recursos naturais, recuperação do solo e melhoria na qualidade de vida do produtor rural.
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