Julho de 2007 - Nº 06    ISSN 1982-7733
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Segredos de Fairbanks - Alaska

Relato enviado por Gustavo Prouvot Ortiz
23 anos, Instituto Oceanográfico da USP
São Paulo - capital



Arco-íris em volta da lua - Alaska. Foto: Gustavo Prouvot Ortiz

Há umas duas semanas, estava um calor infernal aqui em São Paulo e resolvi entrar num site onde mostra uma webcam ao vivo em Fairbanks, no Alaska, cidade onde morei por três meses. Já faz um ano que voltei de lá e foi um choque rever que lá era possível fazer abaixo de -40°, enquanto aqui estava 36° positivos! Como é bom sempre relembrar que o mundo é imenso e cheio de peculiaridades... e peculiaridade é o que não falta no Alaska!

Sabiam que os nossos irmãos portugueses estiveram no Alaska, durante as Grandes Navegações? Eu fiquei extremamente surpreso ao saber disso! Quem me contou foi um nativo que conheci numa galeria de arte. E mais: ele me disse que sua aldeia descendia de uma mistura dos nativos com os lusitanos e que a sua avó sabia falar português! Meu coração disparou quando perguntei se ele sabia algo em nossa língua, porém ele não havia aprendido... Ufa, ainda bem! Se ele pronunciasse um "obrigado" eu teria um piripaque lá, dada a minha surpresa! É uma parte interessantíssima da história, que não está em nenhum livro didático...

Assim como em grande parte dos USA, quase ninguém no Alaska anda de ônibus. Como os carros são muitos baratos, só crianças, idosos e pessoas mais pobres utilizam o transporte público; além de mim, claro! O sistema de ônibus era excelente, mesmo por ser uma cidade pequenina. Cinco linhas de circulares (de graça, no inverno) atravessam a cidade, algo excelente para um turista sem grana disposto a conhecer tudo o que for possível!

Canyon congelado visto do trem entre Fairbanks e Anchoragelta - Alaska. Foto: Gustavo Prouvot Ortiz

Meu primeiro passeio, de ônibus, foi até uma cidadezinha chamada North Pole. O nome lembra alguma coisa? Isso mesmo! Lá fica a Casa do Papai Noel! O que dizer de um lugar onde você vê todos os enfeites possíveis natalinos, conhece o Papai Noel, a Mamãe Noel, elfos, gnomos e um curral cheio de renas?!? Simplesmente inesquecível! Inesquecíveis são também os cartões de natal que enviei de lá, para minha família, com o carimbo do correio de uma cidade chamada North Pole. Os carteiros brasileiros devem ter adorado entregar estes cartões!

Depois de algumas semanas, uma amiga começou a me emprestar o carro para passear. Mas dirigir no gelo é um capítulo à parte... eu demorei uns dias para me sentir seguro. Mesmo com pneus para gelo (com pontas de metal), parece que estava andando numa pista de sabonete. Andar de carro lá é um barato: quando estaciona o carro, tem que ligá-lo na tomada, para não congelar os fluidos do motor. Toda garagem tem uma tomadinha e nos paquímetros têm os plugs para ligar seu possante.

Subida de uma trilha no Cheena Hot Spring- Alaska. Foto: Gustavo Prouvot Ortiz

À uma hora e meia da cidade, está localizado o Cheena Hot Springs, cujo atrativo são as piscinas vulcânicas. É indescritível estar numa piscina quente, com neve ao redor e o cabelo congelando de tanto frio. Além das piscinas, o resort possui diversas trilhas e passeios com trenós e snowmobiles. Porém, o que mais me chamou atenção lá foi o bar de gelo! Onde mais é possível sentar num banco de gelo e pedir uma vodka num copo de gelo, para uma garçonete que está atrás de um balcão de gelo? Na volta para casa, deixei um copo de gelo no porta-malas do carro, para não derreter. Ele durou mais de um mês, guardado na varanda de casa. Eu o usava freqüentemente para brindar com meus amigos.

Aurora boreal vista do mirante Ester Dome, Fairbank - Alaska. Foto: Gustavo Prouvot Ortiz

Algo que nunca esquecerei são as auroras boreais: parecem cortinas brilhantes tremulando ao vento. Do centro da cidade era difícil de vê-las, pois tinha muita luz. Tínhamos que ir a um mirante afastado para nos deleitarmos com o fabuloso fenômeno. Quase toda noite elas apareciam e tem até um serviço oficial de previsão de auroras boreais, para todos poderem aproveitar! Eu gostei tanto, que até congelei um dedo enquanto tirava foto delas.



Largada da Yukon Quest
corrida de treno - Alaska. Foto: Gustavo Prouvot Ortiz

Dois eventos imperdíveis acontecem em Fairbanks no inverno: a largada da Yukon Quest e o World Ice Art Championship. A Yukon Quest é uma corrida de trenós puxados por cachorros que vai de Fairbanks até Whitehorse, no Canadá. Durante duas semanas eles percorrem mil milhas na imensidão gelada. A largada e as primeiras cem milhas são sobre o rio Cheena, congelado. A cidade inteira vai assistir ao evento, como nos filmes!

Escultura no gelo. Foto: Gustavo Prouvot Ortiz

O World Ice Art Championship, como o nome diz é o campeonato mundial de arte no gelo. Eu fui felizardo em conseguir um trabalho (voluntário) de segurança do evento. Durante duas semanas, pude ver tudo e conversar com muitos escultores e visitantes. No local existe a área para as esculturas e, separadamente, o parque das crianças. Neste parque, os escultores fazem escorregas, labirintos e outros tipos de brinquedo. Tudo de gelo, é claro! Mesmo sendo um "importante" segurança, eu adorei escorregar com a criançada!

Estas e muitas outras histórias fazem parte do singular cotidiano de Fairbanks. Isto me faz refletir: "Quais serão os segredos de outros lugares do mundo?". Nesta reflexão é onde eu busco motivação de nunca parar!

 
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