Outubro de 2007 - Nº 07    ISSN 1982-7733
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JJ entrevista o jornalista esportivo Odir Cunha

Guilherme George Fuoco

17 anos, ano E.M. Colégio Padre Moye
São Paulo - capital

Odir Cunha, escritor e jornalista esportivo há 30 anos. Dois prêmios Esso de Informação Esportiva: em 1978, pela cobertura da Copa do Mundo da Argentina, e 1979, pela cobertura dos Jogos Pan-americanos de Porto Rico. Vários livors publicados, entre eles,

Heróis da América, a história completa dos Jogos Pan-americanos, Editora Planeta, 2007; Time dos Sonhos, história completa do Santos F.C., Editora Códex, 2003; Oscar Schmidt, a biografia do maior ídolo do basquete brasileiro, editora Best Seller, 1996, Os Bichos Ensinam, Editora Códex, 2005; Pedrinho escolheu um time, Editora Duna Dueto, 2007. 

 

Odir, há alguma vantagem dos Jogos Pan-Americanos sobre os Jogos Olímpicos?

Uma das vantagens é a acessibilidade. Todos os 42 países americanos podem participar dos Jogos Pan-americanos, e nem todos podem estar nas Olimpíadas.

O objetivo de uma mega-competição poliesportiva como esta não é apenas técnico, mas também cultural, político, social. E não há outro evento que integre melhor os países das três Américas do que o Pan.

Outra vantagem é a competitividade. A maioria dos países americanos vai  à Olimpíada apenas para passear, sem qualquer chance de subir ao pódio na maioria das modalidades. No Pan a conquista é mais provável. Mesmo assim, países como Paraguai e Bolívia jamais conquistaram uma medalha de ouro no Pan. Para eles, a Olimpíada é um sonho distante demais.

Aos elitistas, que dizem que se há uma Olimpíada, para que haver os  Jogos Pan-americanos, eu faço uma comparação com o futebol e pergunto: Se há  uma Taça Libertadores da América, que reúne os melhores times sul-americanos,

para que haver um Campeonato Brasileiro? Ora, são estágios diferentes e necessários. Do contrário, clubes que jamais conquistaram a Libertadores e dificilmente a disputam, como Corinthians, Botafogo e Fluminense, já

estariam extintos, não é mesmo?

Outro detalhe importantíssimo: o desenvolvimento esportivo começa, necessariamente, pela motivação do atleta. Essa vontade de competir e vencer em determinada modalidade é que gera todo o processo. E essa motivação precisa de uma competição assim. Milhares, talvez milhões de jovens brasileiros vão olhar a prática esportiva com mais carinho depois desse  Pan.

Não há infraestrutura? Quando se quer muito criar uma, se cria. Todo país que organizou uma edição do Pan apresentou um crescimento esportivo. Por outro lado, outros que nunca organizaram, como o Chile, ficaram estagnados neste aspecto.

Sabendo de todos os problemas do Brasil, como falta de investimento na educação, saúde, habitação para as pessoas, crises em diversas áreas,  vale a pena gastar muito com os Jogos?

Problemas com educação, saúde e habitação até os Estados Unidos, o país mais esportivo do mundo, têm. Gastar é uma coisa, investir é outra. Está comprovado que o esporte é uma forma eficaz de afastar os jovens pobres das drogas, do crime e da violência. E a prática esportiva também diminui a doença. Então, só a economia gerada por uma quantidade menor de internações hospitalares e de gastos com o sistema presidiário devem compensar o dinheiro investido no Pan.

Mas há ainda o crescimento do mercado do esporte. Especialistas dizem  que o marketing esportivo será uma das áreas de maior crescimento neste  primeiro século do terceiro milênio. O Brasil não pode ficar fora disso.

Agora, se você me perguntar o que achei de o orçamento inicial do Pan estourar em seis vezes, eu sugeriria que se faça uma auditoria rigorosa para analisar os gastos com o evento.  São coisas diferentes. O Pan é  essencial para o desenvolvimento esportivo do Brasil e dos países das Américas, mas a corrupção, que parece fazer parte da cultura do homem público  brasileiro, e aí eu incluo políticos e dirigentes esportivos, precisa ser extirpada.

A vila pan-americana de 1963, em São Paulo, virou loteamentos para estudantes da USP. Você teria alguma sugestão para o uso da vila pan-americana, do Rio de Janeiro, após o término do Pan?

A vila pan-americana de 1963 virou o Crusp, alojamentos para os estudantes que moram na USP. Aliás, o Pan de 63 foi barato, bem organizado, deu  lucro e este dinheiro foi utilizado para a compra da primeira sede própria do Comitê

Olímpico Brasileiro, no Rio de Janeiro.

Bem, a vila do Pan do Rio será utilizada pela comunidade, pelo que sei como moradias populares.

Qual foi pra você, o maior destaque brasileiro e mundial em todas as edições?

Considero Adhemar Ferreira da Silva o maior destaque brasileiro, pois venceu a prova de salto triplo nas três primeiras edições do Pan – Buenos Aires/1951, México/1955 e Chicago/1959 –, bateu o recorde mundial no Pan de 55 com a marca de 16,56m e naquele período ainda foi bicampeão olímpico, em Helsinque/1952 e Melbourne/1956.

O Pan teve mais de duas centenas de atletas que depois se tornaram campeões olímpicos. Muitos outros se consagraram no esporte profissional, como o jogador de basquete Michael Jordan e o pugilista Sugar Ray Leonard. Mas considero Mark Spitz o grande destaque que já passou pelos Pan-americanos. Aos 17 anos ele disputou os Jogos de Winnipeg/1967 e bateu três recordes mundiais (um em prova de revezamento), mostrando que seria o fenômeno da natação que comprovou na Olimpíada de Munique/1972, ao conquistar o recorde de sete medalhas de ouro.

Como foi a sua cobertura dos Jogos Pan-Americanos em 1979, em Porto  Rico?

Muito boa, Guilherme. Eu e o companheiro Castilho de Andrade, do Jornal da Tarde, ganhamos o Prêmio Esso de Informação Esportiva daquele ano com esse trabalho. Foram duas semanas a mil por hora. Teve dia que cobri provas de remo que começavam às sete da manhã e terminei acompanhando o boxe, que terminava além da meia-noite. Mas era minha primeira cobertura internacional e estava muito motivado. Quando é assim, você sente menos cansaço e sono.

Dei sorte de acompanhar modalidades nas quais o Brasil foi bem, como o judô, futebol, remo, o estreante hóquei sobre patins, que surpreendeu ao ficar com a medalha de prata. Pena não ter visto outras, nas quais os brasileiros não tinham tanta tradição. Naqueles Jogos o norte-americano Greg Louganis, que depois seria tetracampeão olímpico em saltos ornamentais, ganhou o ouro nos saltos de trampolim e plataforma. O destaque brasileiro foi João Carlos de Oliveira, o João do Pulo, vencedor dos saltos em distância e triplo.

Historicamente, os Estados Unidos dominam as edições do Pan. Porém, os cubanos cresceram nos últimos anos, ficando até com a primeira colocação no quadro de medalhas em 1991. Em qual país você aposta nesta edição dos Jogos? Estados Unidos, Cuba ou outro?  

Os Estados Unidos ganharão de novo, Cuba ficará em segundo e o Brasil, após 40 anos, ultrapassará o Canadá e ficará em terceiro. Esta é a minha previsão técnica.

Mas torcerei para que os cubanos se dêem mal em muitas modalidades nas quais são favoritos, que o Brasil surpreenda em outras e que assim, no final das contas, o Brasil consiga superar Cuba e fique com o segundo lugar, repetindo a colocação de São Paulo/1963.

Mas é muito difícil que isso aconteça. Cuba selecionou mil atletas, dos quais escolheu os 500 mais bem preparados para este Pan. Enfim, trará sua força máxima. E Cuba é um país que ganhou nove medalhas de ouro na última Olimpíada, em Atenas/2004.

Os Estados Unidos, mesmo trazendo equipes “B” em algumas modalidades, traz seus melhores atletas na maioria dos esportes. E é bom lembrar que uma equipe “B” dos Estados Unidos ficaria entre as dez melhores em uma Olimpíada. Por outro lado, atletas jovens e desconhecidos nem sempre são sinal de fraqueza. O Pan Tradicionalmente revela futuros astros do esporte.

 

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