Dra. Olinda Mara Daniel de Moura
Médica Endocrinologista de São Paulo; Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia
JJ - Quais são os sinais para se perceber a existência de um transtorno alimentar?
Mara - Os transtornos alimentares mais conhecidos são a Anorexia e a Bulimia, porém existem outros como a Vigorexia (busca indiscriminada e sem limites pela definição de músculos), a compulsão alimentar etc.
A Anorexia caracteriza-se pela perda deliberada de peso e um medo intenso de engordar. As pessoas que sofrem desse distúrbio costumam ter uma distorção de imagem do próprio corpo, mesmo estando exageradamente magras enxergam-se gordas.
Os sinais de alerta são: perda de peso, desculpas para não comer, isolamento social, tristeza, insônia, irritabilidade, prática exagerada de atividades físicas, excessiva sensibilidade ao frio e distorção da auto-imagem.
A Bulimia caracteriza-se por uma ingestão compulsiva de alimentos para depois vomitar ou usar laxantes e diuréticos na tentativa de eliminar a comida.
Os sinais de alerta são: ingestão descontrolada de comida, oscilações de peso, idas frequentes ao banheiro após refeições, agressividade e isolamento social, cáries dentárias frequentes e inchaço.
JJ - Quais as implicações relacionadas à falta e ao exagero na alimentação?
Mara - A falta de alimentação pode levar a anemia, muitas vezes em estágio grave, problemas de estômago, rins e fígado, ausência de menstruação nas mulheres e impotência nos homens, queda de cabelos, pele seca e pálida, descalcificação nos dentes, osteoporose e até morte.
O exagero de alimentação pode levar a obesidade e suas conseqüências são diabetes tipo 2, pressão alta, aumento das taxas de colesterol e triglicérides (cada vez diagnosticados mais precocemente), doenças cardíacas, alguns tipos de câncer, além de alterações psicológicas.
JJ - A busca da perfeição estética ou o controle da saúde: o que pesa mais para os jovens que buscam tratamento endocrinológico?
Mara - Normalmente o adolescente procura o consultório médico atrás da perfeição estética, porém quando bem orientado entende a importância do bom estado nutricional para a saúde e segue o tratamento ideal.
JJ - Como vê a obesidade na adolescência?
Mara - Atualmente no Brasil, a porcentagem de crianças e adolescentes obesos é bastante superior a de desnutridos, principalmente em áreas urbanas. Isso se deve a dietas inadequadas, hipercalóricas, associadas à falta de atividade física, o jovem fica muito tempo no computador, no videogame etc. Ou seja, ingere mais calorias do que queima.
A chance do adolescente se tornar um adulto obeso é grande, levando às complicações já citadas, portanto é muito importante a orientação nutricional que deve ter a colaboração da família, da escola, dos educadores no sentido de orientar a dieta das crianças e dos adolescentes.
JJ - Como vê o desejo, às vezes imperioso, de ser extremamente magro?
Mara - Atualmente, alguns jovens, estão buscando um padrão de beleza que, imposto pela mídia, é uma magreza extrema ou um corpo malhado, algumas vezes recorrem a dietas pesadas e inadequadas ou até a isenção total da comida, desconhecendo as conseqüências drásticas que isso pode causar.
A família tem um papel importante, orientando o jovem e, quando necessário, deve recorrer a uma equipe multidisciplinar com endocrinologista, nutricionista, psiquiatra e psicólogo.
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