Agosto de 2009 - Nº 15   ISSN 1982-7733  
convidado10.php
Como participar
Sua vez, sua voz
Fale conosco
Espelho, espelho meu
Convidados da Hora
Jovens participantes
Seção Livre
Palavra aberta
Som na caixa
Intercâmbio
Poesia
Crônica
Presentation
Here you are the reporter
Open section
Contact us
Dicas de Livros
Acompanhe
Participe da enquete
Todas as edições do JJ
Escola
Como participar
Participante desta edição
PUC / SP
Espelho, espelho meu: quem eu vejo sou eu?

Sônia Makaron
Psicanalista e diretora do Jornal Jovem
 

 

“O homem deve dar a si mesmo a forma de uma obra-de-arte, tornar-se em “forma viva”, “em bela alma””.  Frederich Schiller, filósofo alemão, em “Cartas sobre a educação estética da humanidade”.

 

Que olhos são esses que nos olham? O que desejam? O que eles proíbem? Aonde querem chegar? O que lhes falta?

 

Os padrões estéticos cultuados na sociedade ocidental funcionam, muitas vezes, como intimidadores para muitas mulheres e por que não dizer para muitos homens, também. Prisioneiros de um ideal, prisioneiros de modelos que nada mais são do que alguns exemplares de mulheres quase perfeitas que deveriam ter cópias espalhadas por todo lado.

Se não são os ditames sociais que impõem modelos de beleza, temos o seu representante: o espelho... O tão desejado espelho está sempre por perto, sempre conferindo, sempre vigilante, sempre nos olhando com o reflexo dos nossos olhos. Será ele cruel? Vigilante? Fascinado? Transtornado?

Narciso se deleitou com a própria imagem e nela se perdeu, aprisionado e fascinado por si mesmo. Viu-se demais a si próprio e de menos a amada que, por isso mesmo, nunca teve.

A luz atravessa o espelho e  ele atravessa nossa alma. O que vemos jamais é o real. O que vemos é uma imagem que reflete não só uma forma, mas também, pensamentos e sentimentos em relação a nós próprios. A imagem parece tão real, como uma foto, mas nem mesmo a precisão de uma foto garante o mesmo olhar de todos sobre ela.

Nem a busca frenética pela beleza perfeita traz a perfeição. Nenhuma plástica substitui ou dá cabo de nossas angústias e do sentimento de incompletude. Nós é que devemos saber o que fazer com o que temos de menos e com o sentimento de falta que, inevitavelmente, nos acompanha.

Os transtornos alimentares de que aqui tratamos são transtornos do psiquismo que se representam na relação que temos com a alimentação. Quem come demais, engorda demais, deforma a perfeição, atesta a existência do imperfeito e se alivia nisso. Quem come de menos, vive menos, alimenta-se de uma recusa em alimentar-se, sobrevive nesse ato, chama a morte de perto, vive a pouca vida. Quando o que, na verdade, está doente é a forma de se ver, o transtorno do olhar, o transtorno da alma.

 

Aceitar a imperfeição sem precisar se deformar, sem precisar de uma overdose da perdida busca do perfeito através de mil procedimentos estéticos, é esse o desafio. Às vezes, nem mesmo a posse da beleza livra o olhar de uma condenação, de um julgamento cruel, de um engodo.

 

A imagem é um engodo que nos distrai da nossa verdadeira demanda, que é delinear a nossa identidade com uma forma bela, de contornos harmônicos e suaves, imagem essa que seja capaz de gerar o belo, pois ele está presente em tudo que é harmônico, delicado e integrado. Isso encanta, faz-nos sentir em paz e traz um sentimento de felicidade. Queremos sentir a plenitude que a fruição estética traz.

 

Nossos olhos nos enganam, querem apressadamente o belo, querem sempre o belo, porque querem o encantamento que o belo traz. A pressa e o eterno atravessam o tempo, o nosso tempo, e o tempo de todos nós, que caminha inexoravelmente para a morte. Seria a morte a ausência total da beleza? Tentamos fugir da morte buscando o belo, tentamos fugir das nossas angústias buscando o belo, e nele, só encontramos uma parte da nossa vida e um pequeno alívio para nossas angústias. O resto está invisível ao espelho, está dentro de nós e é lá que encontraremos as respostas.

 

 

Clique abaixo e envie sua pergunta para o nosso convidado. Participe você também!

Envie esta notícia para um amigo

EDITORIAL

Espelho, espelho meu: quem eu vejo sou eu?

CONVIDADOS

Andrey Ivanov

Marcela Kotait

Dr. Ruben Penteado

Luciana K. Thalenberg

Denise M. Molino

Dra. Olinda Mara Daniel de Moura

 
 Copyright © 2005-2011 Jornal Jovem - Aqui você é o repórter. Todos os direitos reservados.