19° Bienal
do Livro no Anhembi - Foto: Felipe Cabral
Durante
todos os dias da Bienal, ocorreu um ciclo de palestra em
espaços específicos para universitários,
especialistas, como autores, escritores, jornalistas e também
para professores e pessoas ligadas à educação
como diretores e coordenadores.
Dia
13 de março, no Espaço Fala Professor!,
foi realizada uma mesa-redonda sobre o tema Ler Ainda
Está na Moda.
Participaram
da mesa:
Gabriel
Perissé Presidente do Núcleo Pensamento
e Criatividade (SP), é mestre em Literatura e doutor
em Educação pela USP. Autor de dez livros
sobre leitura.
Jonas
Ribeiro Formado em Língua Portuguesa pela
PUC/SP. Autor de diversos livros infanto-juvenis.
O
Jornal Jovem esteve presente e conta agora pra você
como foi esse evento.
Jonas
contou que começou lendo gibi, depois passou para
livros com figuras e hoje ele tem 52 livros infantis e juvenis
publicados. Ele afirma que ler é um ato biológico
para o auto-conhecimento e para o conhecimento do mundo
que nos rodeia, e que isso nos mantém lúcidos.
Diz que o livro surpreende, encanta e leva à reflexão,
alterando toda a nossa história. A partir de cada
livro lido, a nossa história se altera e completa:
“Nunca seremos os mesmos depois de lermos um livro”.
Jonas falou da força que tem o livro na sociedade,
já que num país em guerra, as primeiras coisas
queimadas são os livros e os templos, símbolos
e reflexos da história de uma sociedade.
Quando
o assunto é a moda de ler ou a leitura do que está
na moda, tenta ver o lado positivo disso e afirma que ler
os livros da moda ou de autores em destaque, pode ser o
princípio da leitura e esses mesmos leitores que
entram em livrarias para comprar o livro do momento, podem
adquirir o hábito de ler e passar a ler outros tipos
de livros. O bom é a diversidade, não adiante
nada todos estarem lendo o mesmo livro.
Já
Gabriel Perissé, diz preferir que as pessoas entrem
nas livrarias, por causa desses livros da moda, a assistirem
reality shows, mesmo que muitos desses livros sejam
mal traduzidos.
Mas
tudo é uma questão de incentivar desde cedo
a leitura. Se a criança não tiver essa relação
com o livro desde de pequena e presenciar pais não
leitores, também não vai gostar de ler e depois
acharão os livros caros e chatos. Com isso o público
leitor não se renova, por isso a necessidade de fazer
com que outros leiam mais e melhor e não somente
os que já lêem e isso ajudará o mercado
editorial a ser melhor.
Segundo
ele, a Unesco tem expectativas impossíveis de se
realizarem, uma delas é a de que cada pessoa deveria
ler 28 livros por ano. Mas a realidade é bem diferente
disso, hoje no Brasil cada pessoa lê 1,8 livros no
ano e 20% dos leitores leram 1 livro nos últimos
3 meses. Há pessoas que não têm nenhum
livro em casa, enquanto outras têm 5.000 mil livros,
assim como o próprio Gabriel.
Os
principais motivos citados como desculpa para não
ler são:
-
Falta de tempo
- Falta de dinheiro
- Falta de motivação
Quando
a desculpa é falta dinheiro Gabriel afirma: “Nós
sabemos o preço de tudo, mas não sabemos o
custo de nada”, pois um bom livro que custe cerca
de R$36,00 não é caro, quando pensamos em
todo o trabalho intelectual e no tempo que o autor levou
para escrever, sem falar na parte da produção,
gastos para a impressão e todos os profissionais
envolvidos até a finalização do livro.
Além
das pesquisas indicarem que 30% da classe alta do Brasil,
diz não gostar de ler. Mas, se a desculpa insistir,
comenta que quem quer consegue e você pode comprar
um livro por R$400,00 ou por R$1,00 real, ou deixar de comprar
um sapato para comprar um livro.
Mas
ainda há esperança, segundo Gabriel, “tudo
está ameaçado, mas nada está perdido”.
A preocupação deve ser primeiramente individual
e depois coletiva, devemos começar por nossas casas,
vendo quantos livros temos e reforça citando frases
como: “Uma casa sem livros é uma casa sem vida”.
Ele
comenta que não podemos acompanhar a mídia,
que hoje não incentiva à cultura e a leitura
de bons livros. "Só se faz comerciais de cervejas
e é por isso que o jovem do Brasil está bebendo
mais e lendo menos ou lendo somente os poucos autores em
destaque na mídia".
Falou
também dos livros reproduzidos no cinema e diz que
a experiência de ler é intransferível
e que no filme não está tudo que no livro
está. A leitura precisa de tempo, precisa ser repensada;
ou a leitura é transformadora ou ela não é
leitura.
Gabriel Perissé conclui dizendo: “O livro certo
é o que atende às nossas necessidades do momento.”
Edivânia
Silva
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