Março de 2006- Nº 01    ISSN 1982-7733
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Ler Ainda está na Moda
Mesa-Redonda na 19° Bienal do Livro de SP


19° Bienal do Livro no Anhembi - Foto: Felipe Cabral

Durante todos os dias da Bienal, ocorreu um ciclo de palestra em espaços específicos para universitários, especialistas, como autores, escritores, jornalistas e também para professores e pessoas ligadas à educação como diretores e coordenadores.

Dia 13 de março, no Espaço Fala Professor!, foi realizada uma mesa-redonda sobre o tema Ler Ainda Está na Moda.

Participaram da mesa:
Gabriel Perissé Presidente do Núcleo Pensamento e Criatividade (SP), é mestre em Literatura e doutor em Educação pela USP. Autor de dez livros sobre leitura.

Jonas Ribeiro Formado em Língua Portuguesa pela PUC/SP. Autor de diversos livros infanto-juvenis.

O Jornal Jovem esteve presente e conta agora pra você como foi esse evento.

Jonas contou que começou lendo gibi, depois passou para livros com figuras e hoje ele tem 52 livros infantis e juvenis publicados. Ele afirma que ler é um ato biológico para o auto-conhecimento e para o conhecimento do mundo que nos rodeia, e que isso nos mantém lúcidos.

Diz que o livro surpreende, encanta e leva à reflexão, alterando toda a nossa história. A partir de cada livro lido, a nossa história se altera e completa: “Nunca seremos os mesmos depois de lermos um livro”.
Jonas falou da força que tem o livro na sociedade, já que num país em guerra, as primeiras coisas queimadas são os livros e os templos, símbolos e reflexos da história de uma sociedade.

Quando o assunto é a moda de ler ou a leitura do que está na moda, tenta ver o lado positivo disso e afirma que ler os livros da moda ou de autores em destaque, pode ser o princípio da leitura e esses mesmos leitores que entram em livrarias para comprar o livro do momento, podem adquirir o hábito de ler e passar a ler outros tipos de livros. O bom é a diversidade, não adiante nada todos estarem lendo o mesmo livro.

Já Gabriel Perissé, diz preferir que as pessoas entrem nas livrarias, por causa desses livros da moda, a assistirem reality shows, mesmo que muitos desses livros sejam mal traduzidos.

Mas tudo é uma questão de incentivar desde cedo a leitura. Se a criança não tiver essa relação com o livro desde de pequena e presenciar pais não leitores, também não vai gostar de ler e depois acharão os livros caros e chatos. Com isso o público leitor não se renova, por isso a necessidade de fazer com que outros leiam mais e melhor e não somente os que já lêem e isso ajudará o mercado editorial a ser melhor.

Segundo ele, a Unesco tem expectativas impossíveis de se realizarem, uma delas é a de que cada pessoa deveria ler 28 livros por ano. Mas a realidade é bem diferente disso, hoje no Brasil cada pessoa lê 1,8 livros no ano e 20% dos leitores leram 1 livro nos últimos 3 meses. Há pessoas que não têm nenhum livro em casa, enquanto outras têm 5.000 mil livros, assim como o próprio Gabriel.

Os principais motivos citados como desculpa para não ler são:

- Falta de tempo
- Falta de dinheiro
- Falta de motivação

Quando a desculpa é falta dinheiro Gabriel afirma: “Nós sabemos o preço de tudo, mas não sabemos o custo de nada”, pois um bom livro que custe cerca de R$36,00 não é caro, quando pensamos em todo o trabalho intelectual e no tempo que o autor levou para escrever, sem falar na parte da produção, gastos para a impressão e todos os profissionais envolvidos até a finalização do livro.

Além das pesquisas indicarem que 30% da classe alta do Brasil, diz não gostar de ler. Mas, se a desculpa insistir, comenta que quem quer consegue e você pode comprar um livro por R$400,00 ou por R$1,00 real, ou deixar de comprar um sapato para comprar um livro.

Mas ainda há esperança, segundo Gabriel, “tudo está ameaçado, mas nada está perdido”. A preocupação deve ser primeiramente individual e depois coletiva, devemos começar por nossas casas, vendo quantos livros temos e reforça citando frases como: “Uma casa sem livros é uma casa sem vida”.

Ele comenta que não podemos acompanhar a mídia, que hoje não incentiva à cultura e a leitura de bons livros. "Só se faz comerciais de cervejas e é por isso que o jovem do Brasil está bebendo mais e lendo menos ou lendo somente os poucos autores em destaque na mídia".

Falou também dos livros reproduzidos no cinema e diz que a experiência de ler é intransferível e que no filme não está tudo que no livro está. A leitura precisa de tempo, precisa ser repensada; ou a leitura é transformadora ou ela não é leitura.
Gabriel Perissé conclui dizendo: “O livro certo é o que atende às nossas necessidades do momento.”

Edivânia Silva

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