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Outubro de 2022 - Nº 22    ISSN 1982-7733
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Holocausto: Vidas marcadas

Por: Aline Schiavelli, Lilian Mei e Raquel Santori

16 anos, estudantes da Etec de Vila Formosa

Professor orientador: Fábio Melo

São Paulo - capital

No dia 27 de setembro de 2011 a Etec de Vila Formosa teve a honra de receber dois sobreviventes do holocausto, Ben Abrahan e Miriam Brik Nekrycz. Ambos relataram como foram suas vidas neste difícil período.

Ben e Mirian com Rose Zinani (diretora acadêmica) e seu esposo. Na segunda foto, alunos da Etec durante a palestra. Fotos: Marcelo Broti.

Em 1933, Adolf Hitler assumiu o poder na Alemanha e estabeleceu um regime totalitário, inescrupuloso e racista, no qual quem não fosse alemão ariano não era considerado cidadão.


Em 1939, o exército alemão invadiu a Polônia e deu início a Segunda Guerra Mundial, começando uma perseguição aos judeus. Para realizar seu plano, o povo judaico foi colocado em guetos, que eram regiões urbanas, em geral cercadas, onde os alemães concentravam esta população, que vinham muitas vezes de outras regiõe. Eram forçados a viver sob condições miseráveis isolando-os, separando-os não só das comunidades locais, mas também de outros grupos judaicos. Depois os levavam aos campos de concentração, onde eram obrigados a trabalharem em condições horríveis. Era lá que tudo piorava, pois os judeus que não estavam mais aptos ao trabalho eram mandados para a câmara de gás ou então para o forno. Muitos desses judeus morreram nos incontáveis fuzilamentos e por doenças geradas pela falta de condições sanitárias. Durante estes seis anos de guerra, os nazistas assassinaram 6.000.000 judeus, sendo 1.500.000 crianças.

Raquel (esq.) e Aline (dir.) com Ben e Mirian.

O Relato de Mirian

Ela não foi para campo de concentração, mas junto com sua família sofreram muito. Um dia foram acordados com altos estrondos. Eram os alemães que bombardeavam sua cidade. Depois de ter quase tudo destruído e com a família passando fome, sua mãe, na procura de alimentos, encontrou um cartaz convocando homens de 16 a 60 anos para trabalharem em fábricas. Logo os homens de sua família foram trabalhar e depois nunca mais deram notícias.


Após algum tempo, Miriam foi levada com sua família para um gueto e, através de camponeses, descobriu que sua tia vivia ainda em boas condições. Com a ajuda desses camponeses, Miriam e sua família, escondidos numa carroça, foram ao encontro dela. Lá Miriam se emocionou ao ver as boas condições em que sua tia vivia. Porém esta alegria durou pouco, os alemães também atacaram a cidade onde estavam atualmente.


Quando viram o que estava prestes a acontecer, ela e sua família fugiram para a floresta, onde pensavam que estariam seguros. Ali passaram fome, frio e medo. Miriam relatou que ela era a mais velha das crianças, tinha apenas 10 anos, e era quem ia atrás de alimento, já que os adultos eram facilmente reconhecidos e as crianças mais fáceis de esconder. Ela e sua família cavaram um bunker (buraco) no meio da floresta. Miriam conta que fez amizade com uma polonesa, que possuía uma fazenda perto do bunker, onde ia buscar comida e água; essa polonesa ofereceu trabalho a ela e, muito contente, aceitou prontamente. Então Miriam trabalhava para a polonesa e levava comida para sua família.


Em um domingo, ao voltar da fazenda, trazendo consigo muitos alimentos, Mirian escutou tiros na floresta, mas não se preocupou, pois acreditava que sua família estava segura. Quando seguia em direção ao bunker, tropeçou e atraiu atenção dos atiradores, tornando-se o alvo deles. Ela desmaiou e quando voltou a si, imediatamente, continuou seu trajeto.


Ao chegar viu sua família inteira morta e voltou para a casa da polonesa, que a consolou. Depois disso, ela a adotou como sua sobrinha. Com o tempo, elas se afeiçoaram, tanto que Miriam considerava o filho dela como seu irmão.


Após alguns anos a União Soviética começou a expulsar os alemães da Polônia, assim Miriam não teve mais medo de ser delatada. Encontrou algumas pessoas que a acolheram e que a ajudaram a voltar à fé judaica.

O Relato de Ben

Para ele a guerra foi diferente, pois tinha 14 anos quando a guerra começou, passou cinco anos e meio no campo de concentração nazista e presenciou inúmeras atrocidades como: fuzilamentos em massa, enforcamentos coletivos, pessoas indo para câmaras de gás, nazistas torturando judeus.


Em Auschwitz, disse que via 24 horas por dia, fumaça cinza saindo de uma chaminé, sentia um cheiro, que era de carne humana queimada e as cinzas produzidas pelos corpos eram usadas como fertilizantes. Neste período Ben trabalhou como escravo.


Contou que ao chegar em Auschwitz, as pessoas eram separadas em três grupos: mulheres; homens; e inaptos para o trabalho, estes eram os idosos, grávidas, crianças, e mulheres que não quiseram se separar de suas crianças. As pessoas que eram consideradas inaptas tinham como destino certo a câmara de gás.


Ele diz que a câmara de gás funcionava da seguinte maneira: as pessoas que estavam na frente recebiam uma toalha para se lavar e entravam em um recinto onde havia chuveiros dos quais não saiam água alguma e sim um gás formado por ácido cianídrico. Lá a coisa mais importante e difícil era sobreviver.


Ben conta que nunca abandonou sua fé, mesmo sem ter tempo para ler os textos sagrados e praticá-la, sendo que a esperança dele no campo era em seu Deus. No dia 5 de maio de 1945 foi libertado. Pesando apenas 28 quilos, com desinteria, tuberculose e escorbuto, ficou na Alemanha em hospitais aliados se tratando por cerca um ano.

O pós-guerra para ambos

Miriam veio para o Brasil visitar alguns parentes que haviam saído da Polônia antes da guerra. Depois de passar muito tempo dentro do navio, com destino ao nosso país, ela decidiu torná-lo sua pátria. Deixou na Polônia um curso de enfermagem para se tornar professora de hebraico aqui.


Ben veio para o Brasil, pois durante muito tempo ouviu seu pai falar que era um país onde todos eram livres e iguais, onde não havia distinções e muito menos guerras por etnia, religião etc.


Ben e Miriam moravam no Bom Retiro, pegavam todos os dias o mesmo trem e não se conheciam. Certo dia ele a notou e achou-a muito bonita, então resolveu “passar uma cantada" em hebraico. Ela respondeu também em hebraico - melhor que o dele - disse Ben. Eles namoraram e também noivaram durante três meses, se casaram, e hoje comemoram cinquenta e cinco anos de matrimônio feliz - uma eterna lua de mel - diz Ben. Miriam também se diz muito feliz e orgulhosa por ter construído uma família dentro do judaísmo.


Ben começou a dar palestras em 1972, depois de seu primeiro livro e se diz feliz por poder relatar sua história de vida, principalmente aos jovens, para que pessoas cujos pensamentos se alinhem com os de Hitler não venham a tomar o poder novamente e para que povos não sejam dizimados como os judeus.


Os dois já publicaram vários livros onde contam detalhadamente sua história e seus sentimentos mais profundos. Os mais populares são “Desafio ao Destino”, “E o Mundo Silenciou”, de Ben; e “Relato de uma Vida”, de Mirian. 

   

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