Sônia Makaron

Tomie Ohtake , Sem Título

Tomie Ohtake,
considerada a “dama das artes
plásticas brasileiras”, nasceu no Japão (Kioto/1913), veio ao
Brasil em 1934 mas só começa a pintar aos 40 anos
de idade. Os anos
60, já naturalizada brasileira, foram
decisivos para a sua maturação como pintora
originária da abstração informal. O domínio da
esfera técnica de seu trabalho foi então
confluindo com sua personalidade, passando a
servi-la plenamente. Ela concedeu essa entrevista para o Jornal Jovem onde fala da arte como impulsionadora de movimentos pessoais e sociais. Confira!
Jornal Jovem - Nós sabemos que a arte tem, por uma de suas metas, refletir o contexto social de sua época. Como ela se caracteriza nos tempos atuais e o que estaria refletindo sobre o mundo em que vivemos?
Tomie - Quem fala sobre esta relação são os críticos e historiadores de arte, pois os artistas fazem arte e a sua intuição pode levar a arte estar atrás ou na frente do contexto social. Mas em geral a arte inovadora está à frente.
Jornal Jovem - A arte pode funcionar como uma válvula de escape para manter uma maior equilíbrio emocional tanto daqueles que a "consomem" quanto dos que a produzem? Como?
Tomie - A arte pode ser isto, mas não obrigatoriamente, pois o desequilíbrio é muito comum e não é ruim, pode fazer a arte e a humanidade andarem para frente.
Jornal Jovem - A cultura de massa e o constante apelo midiático pelo consumo se vêem refletidos nas expressões artísticas contemporâneas? Como?
Tomie - Hoje em dia é muito comum, afinal os artistas também estão expostos a estas manifestações, mas a boa arte pode passar ao largo ou até dialogando inteligente e poeticamente com elas.
Jornal Jovem - Como você vê o momento cultural nos dias de hoje? A arte, em termos gerais, está empobrecendo ou mais uma vez cumpre com seu papel de refletir a sociedade?
Tomie - Pode haver pequenos desvios, mas a arte está sempre refletindo a sociedade, mas também é refletida pela sociedade, ao se colocar à sua frente.
Jornal Jovem - O que falta atualmente para incentivar mais o gosto dos jovens pelas artes?
Tomie - O abstracionismo no Brasil, quando eu comecei a pintar, na década de 1950, era algo incompreensível, mas agora já está absorvido; com a arte de hoje, acontece algo parecido. Agora, como fazer a juventude ter mais gosto pela arte, pergunte à Stela Barbieri que dirige a ação educativa do Instituto Tomie Ohtake, que ela sabe destas coisas difíceis.
Jornal Jovem - Em linhas gerais, quais as principais diferenças que a arte moderna guarda com relação tanto à clássica quanto à contemporânea?
Tomie - A arte clássica conversa mais com a sociedade; na arte moderna a conversa é dentro da própria arte; na arte contemporânea é uma conversa muito mais cerebral.
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