Gabriela Garcia Plaza Teixeira
17 anos
Mogi das Cruzes, SP
“O Estado é um mal necessário”, Hobbes. Sem o Estado, a população transforma-se em uma histeria coletiva. A sociedade desorganizada perde a essência de sociedade, e o ser humano plenamente livre cede aos seus instintos básicos, ao seu caráter irracional. Para lutar contra determinada injustiça, a melhor forma de se adquirir sucesso não é com a negação do Estado, e sim com a alta organização, com a extrema sintonia. Caso contrário, a revolta vira simplesmente uma guerra sem propósito. E este é o caso dos Black Blocs, estruturas informais que têm como intenção confrontar as forças de ordem, custe o que custar.
O mundo talvez seja habitado por pessoas imediatistas. Pessoas indignadas e cheias de energia, porém impacientes e idiotas. “Idiota” vem do grego “Idiótes”, tendo como significado original “aquele que não sai de si, que não sai do particular”. E é tal idiotice que faz com que cidadãos esqueçam que sua liberdade acaba quando a do outro começa. A partir do momento que patrimônios públicos são destruídos, como também negócios privados, a razão é perdida, pois o espaço do outro é invadido. O motivo pode ser nobre, porém o método não é adequado. A palavra “lutar” pode ser interpretada de maneira denotativa ou conotativa. Muitas pessoas acreditam, erroneamente, que lutar pelos seus direitos e por mudanças é sinônimo de “quebrar tudo que vê a frente”. Já os seres devidamente pensantes têm consciência de que a maneira verdadeiramente eficaz de alterar algo na sociedade é usando um tipo diferente de munição: a inteligência. A mudança se dá pelo conhecimento, debate, e por fim, consenso. A sociedade é, de fato, um contrato, como afirmava Edmund Burke; e não simplesmente destruição e caos.
Os Black Blocs perderam-se no conceito de revolução. Acreditam que seus ideais justificam seus atos, quando na realidade seus atos deveriam justificar seus ideais. Maquiavel não pode ser usado de base em toda e qualquer situação. Uma revolução só é bem sucedida quando bem estruturada, e quando consciente. E obviamente, quando se tem uma consequência consistente em mente. Bagunça gera bagunça, violência gera violência. Não há consequências positivas em ações imediatistas e agressivas. O homem que verdadeiramente causa algum impacto na sociedade não é o violento, e sim o educado e politizado. Para reivindicar determinada mudança política, é necessário conhecer a política. Para lutar por uma sociedade mais humanitária, é preciso ser o mais humano possível. Para exigir respeito, é necessário primeiramente respeitar. E é assim que se dá uma revolução verdadeira.
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