Sônia Makaron
Nelson Leirner, Sem Título (da série "Assim é... se lhe parece" 7), 2003, fotografia 180 x 270 cm. Cortesia Galeria Brito Cimino
Jornal Jovem - Nós sabemos que a arte tem, por uma de suas metas, refletir o contexto social de sua época. Como ela se caracteriza nos tempos atuais e o que estaria refletindo sobre o mundo em que vivemos?
Nelson - Sua pergunta já contém a resposta. A violência, a crítica, a ironia são maneiras que o artista tem em mandar sua mensagem, sem ser literária e panfletista o que faz da arte cada vez mais codificada e com uma leitura em que somente os conhecedores da arte conseguem observar seu conceito.
Jornal Jovem - A arte pode funcionar como uma válvula de escape para manter uma maior equilíbrio emocional tanto daqueles que a "consomem" quanto dos que a produzem? Como?
Nelson - Não vejo arte como válvula de escape, ela não alivia bem ao contrário ela comprime.
Jornal Jovem - A cultura de massa e o constante apelo midiático pelo consumo se vêem refletidos nas expressões artísticas contemporâneas? Como?
Nelson - A sociedade aprendeu através do consumo não ser mais atingida pelo artista. É um processo sadomasoquista e exemplificarei usando um ditado popular “Bate que eu gosto".
Jornal Jovem - Como você vê o momento cultural no dias de hoje? A arte, em termos gerais, está empobrecendo ou mais uma vez cumpre com seu papel de refletir a sociedade?
Nelson - O movimento cultural é intenso, ele acaba cada vez mais ajudando a comercialização da arte pois o artista hoje é um mero instrumento de todo este universo que o circunda.
Jornal Jovem - O que falta atualmente para incentivar mais o gosto dos jovens pelas artes?
Nelson - O jovem hoje está muito mais ligado aos meios de comunicação virtual, como internet etc, e entre nós, é muito mais divertido salas de chat sobre qualquer assunto que não inclua a arte.
Jornal Jovem - Em linhas gerais, quais as principais diferenças que a arte moderna guarda com relação tanto à clássica quanto à contemporânea?
Nelson - As relações sempre existem, se você fala em Giotto você percebe Cezane, de Cezane você percebe o cubismo e assim vai.
Nelson Leirner, Globo (da série "Assim é... se lhe parece" 3), 2003, adesivo sobre plástico 45 x 32,5 x 30,5 cm. Cortesia Galeria Brito Cimino
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