LUZES,
CÂMARA, POLÍTICA: AÇÃO!
Cao Hamburguer
no Roda Jovem. Foto:Luciana Qarra
Jornal Jovem promove debate com diretor Cao Hamburger no Colégio Dante Alighieri
A equipe do Jornal Jovem agradece ao Colégio Dante Alighieri pelo apoio dado para a realização desse evento. Especial agradecimento a Fernando Homem de Montes (Dpto. de Comunicação e Eventos) e Professor Lauro Spaggiari, Diretor Geral Pedagógico do Colégio Dante Alighieri.
Seguindo
uma linha diferente da do evento anteriormente organizado
pelo Jornal Jovem, sob a direção da psicanalista
Sonia Makaron, o Roda Jovem realizado no dia nove de novembro
de 2006, que contou com a presença do cineasta Cao
Hamburguer, buscou um clima mais intimista num bate-papo
informal entre os jovens e o diretor do recém-lançado O ano em que meus pais saíram de férias,
grande sucesso de bilheteria, logo nas primeiras semanas
de exibição.
O encontro,
que recebeu o título Luzes, Câmara, Política:
Ação! aconteceu quinta-feira, dia 9 de
novembro às 19h30 horas e contou com o apoio do Colégio
Dante Alighieri onde foi realizado o debate. O evento teve
como proposta abordar temas como a diferença de contexto
histórico da época da ditadura militar –
em que se ambienta o filme – para os dias de hoje,
fazendo um paralelo sobre como as crianças recebem
também de forma diferente essa mudança tão
brusca.
Sonia
sugeriu como foco para nortear o debate que o assunto política
fosse abordado não como retórica mas sim naquilo
que ela representa na nossa vida cotidiana emoldurando um
contexto histórico e social.
Participantes
do Roda Jovem. Foto:Luciana Qarra
Segundo Cao, o grande ponto de partida que se estabelece
no filme é o diálogo constante entre a observação
de uma linha macro desse contexto histórico em confronto
com as relações humanas que se configuram
de modo particular dentro da trama. “É preciso
entender a ditadura como um reflexo de algo que acontecia
no mundo todo”, pontua o cineasta.
A idéia do filme surgiu num período em que
Cao estava morando na Inglaterra e, portanto, com um sentimento
e impressão de “exílio” que o
fez remeter-se ao período da ditadura militar. Segundo
ele, essa consciência do Brasil visto de fora é
que o incitou a pensar num filme que falasse das imigrações,
o que, aos poucos, foi se configurando para o enfoque na
cultura judaica, bastante freqüente no bairro do Bom
Retiro em São Paulo, no ano de 1970, quando se passa
a história do menino Mauro.
Cao diz que também houve inspiração
em si próprio, em seu movimento de passagem da infância
para a adolescência, no sentido de amadurecimento.
Ele pondera que talvez por isso muitos de seus primeiros
trabalhos - como o programa Castelo Rá-Tim-Bum,
da TV Cultura - ou mesmo o filme homônimo, eram voltados
para o público infantil. No entanto, agora sua proposta
é o adulto.
Crianças
e roteiro
O processo de um filme sempre é muito demorado desde
que se tem a idéia até o seu momento de finalização:
“Só o processo de encontrar as crianças
demorou de três a quatro meses. Nesse meio tempo,
fui escolhendo o resto do roteiro”. Segundo ele, a
escolha é o grande segredo do filme. Dois meses de
preparação de elenco, com ênfase nas
crianças, oito semanas de filmagem, quatro meses
de montagem.
Perguntas na platéia voltadas para o preconceito
que os próprios brasileiros têm para com produções
nacionais, também foram recorrentes. O diretor responde
concordando que, de fato há, e não à
toa, mas que isso só será quebrado com a execução
de bons filmes.
Quando questionado sobre o papel da mídia no controle
da divulgação de filmes, o cineasta responde:
“Tenho minhas dúvidas se é verdadeira
a afirmação de que a mídia de fato
manipule porque o meu filme apareceu muito mais na mídia
impressa, por exemplo, e, no entanto, houve filmes muito
mais vistos no Brasil”. Comenta-se ainda a questão
da cultura de se ver filmes americanos e de estabelecer
esse padrão como o de qualidade em contraponto ao
simples gosto que as pessoas possam ter por um tipo de produção
em relação a outro.
Por fim, se toca no assunto da alienação das
crianças com relação ao contexto político
em que se vive. Para muitos na platéia, Mauro (personagem
central do filme) não era um menino alienado, mas
uma criança ingênua como se devia ser naquela
época para doze anos. O que gerou polêmica
foi se hoje em dia com doze anos as crianças têm
a mesma ingenuidade daquele tempo e se isso é decorrente
de adventos como os da Internet e do vídeo game,
por exemplo.
Vale lembrar que Política remete ao conceito original
de polis que vem da Grécia para designar cidade,
dentro da qual se enquadram campos sociais como o da arte,
por exemplo.
Thiago
Sogayar Bechara
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