Outubro de 2007 - Nº 07    ISSN 1982-7733
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Surf e Skate são exemplos nos Jogos Parapan-americanos Rio 2007


Monica Rentroia

33 anos, assessora de imprensa

São Paulo - capital

 

A terceira edição oficial dos Jogos Parapan-americanos Rio 2007 termina no dia 19 de agosto. A abertura aconteceu no sábado, dia 11, e o surfista especial Robson Jerônimo de Souza mais o skatista Og de Souza, juntamente com o Grupo Embaixadores da Alegria, fizeram parte da festa de abertura, no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, ao lado dos artistas Herbert Vianna e Marcos Frota.

 

Esses dois esportistas mostram que, de maneira diferente, estão incentivando o esporte e o exercício da cidadania. 

 

Robson Jerônimo de Souza, mais conhecido como Careca, recebeu o convite da organização do evento para participar da Abertura dos Jogos pela razão dele ser o responsável pela ONG Surf Especial com o Projeto "Mão na Borda". Este, visa à inclusão social do portador de necessidades especiais ao mundo do esporte, de estar em contato com a natureza e o mar.

  Praia da Baleia. Foto: Divulgação

 “Participar da abertura ao lado de artistas é muito satisfatório e emocionante, mesmo depois de estar na cadeira de rodas há 10 anos. Graças ao trabalho e dedicação no que faço, venho obtendo conquistas”, comenta Robson, que em 1998 sofreu um acidente de carro no Litoral Norte de São Paulo e ficou paraplégico.

Além do projeto, ele possui um Clube de Surf na Praia da Baleia, em São Sebastião, para onde vai toda semana, já que mora em São Paulo, capital. Todos os atletas filiados possuem algum tipo de deficiência física. Fora o surf, Robson pratica outros esportes adaptados como natação, remada oceânica em prancha, frescobol, rapel e bóia cross, todos com acompanhamento de profissionais. “A cada dia, aprendo e ensino com pessoas especiais, multiplicando e acrescentando energias boas e acreditando em um mundo melhor sem preconceitos, discriminações e desigualdade, um mundo acessível a todos”, aposta Robson.

 

Essas ações conseguem levar para as pessoas que nunca tiveram a oportunidade de praticar o esporte, entrar em contato com o mar, além de proporcionar prazer, informação, qualidade de vida e companheirismo. Este é o caso da atleta Gilmara Sol do Rosário, 35 anos, que faz parte do projeto há mais de um ano, dedicando-se ao surf adaptado, remada em prancha que mede quatro metros e natação no mar.

 

Ela foi convocada para competir na modalidade nado costas na classe S5 dos Jogos Parapan-americanos e tem chances de medalhas. Para este ano, a competição deve contar com a participação de 1.300 atletas e 700 membros de delegações, com dez esportes em disputa. Para conquistar essa classificação, Gilmara começou a nadar há nove anos e hoje freqüenta o Club Paradesportivo Superação, onde realiza uma rotina puxada de treinamento de natação. A atleta não pára por aí. Sua meta é chegar em Pequim, em 2008, e realizar travessias em mar aberto.

 

Sua vida mudou quando, em 1986, foi atingida pela violência urbana. Em uma tentativa de assalto, em São Paulo, Gilmara foi baleada e ficou paraplégica, perdendo os movimentos das pernas e não pôde mais ter a vida anterior de estudos e trabalho. “Encontrei no esporte a motivação necessária para superar os limites que a vida me oferece a cada dia”, conta. Ela já participou de várias competições, conquistando o título de campeã brasileira nos 50 metros costas.


Og de Souza nasceu no bairro de Sítio Novo, em Olinda, uma unanimidade no skate mundial. Qualquer pessoa que já viu Og fazer ao menos uma manobra se vê obrigada a reverenciar sua intimidade com o skate. A explicação é simples: "Sou igual a todo ser humano, mas admito que respiro skate, durmo skate, sonho skate, como skate, acordo e ando de skate. Penso muito, demais, no skate". Aos 9 anos, um par de patins velhos deu origem a seu primeiro brinquedo, que, anos mais tarde, se tornaria sua ferramenta de trabalho.

 

Comecei a ver os caras descendo ladeira lá perto de casa e achei interessante. Cortei os patins no meio, botei numa tábua reta e me joguei", conta Og de Souza.

 

Parece simples, mas ver manobras de quem nasceu com paralisia nas pernas, mostra toda a força de vontade do skatista, que pratica o esporte há 21 anos.

 

Dirce Iolanda, 57 anos, avó responsável pela criação de Og, confessa que no começo ficou preocupada. "Tinha medo que ele levasse muitas quedas. Sou louca por ele, mas ele é louco pelo skate."

 

Talvez ele não tivesse chegado aonde está, não fosse o incentivo dado por ela, "apaixonada das antigas, a única pessoa que vi estar realmente feliz por eu ganhar meu primeiro campeonato. A coroa é rocha miranda mesmo", agradece o netinho.

Com 11 meses, Og alternava suas noites de sono entre a casa da mãe, dona Edirce, e o hospital Tricentenário de Olinda. Depois de um mês de internação descobriram o problema. Provavelmente, Og já nasceu infectado pelo vírus da poliomielite, ou simplesmente pólio.

 

Em 1991, Og venceu seu primeiro campeonato, uma etapa amadora do circuito pernambucano. Na seqüência, ganhou outra etapa desse torneio e mais duas do nordestino.

 

Naturalmente, o critério de julgamento do Og em campeonatos é diferente dos demais skatistas. "A gente leva em consideração a força de vontade e o grau de dificuldade em dar a manobra com os braços", diz Henrique "Banana", juiz de campeonatos.

 

Pena o Surf e o Skate não fazerem parte das modalidades disputadas no Parapan, porque com certeza teríamos um show de coragem e determinação!

 

Classificação - A classificação funcional é uma regra das competições paraolímpicas. Todos os atletas são avaliados por profissionais e agrupados de acordo com o grau de suas deficiências - físicas ou visuais. No caso da natação, os atletas recebem a letra S (de swimming). Os deficientes físicos são agrupados de S1 a S10 e os visuais de S11 a S13. Vale a regra de quanto menor o comprometimento do atleta, maior o número de sua classe. 

 

 

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