Anderson
Fornazari
27 anos, formado em Propaganda
São Paulo- capital
Para alguém que se considera preocupado com as questões
do mundo pode parecer contraditório, mas eu não
sou engajado politicamente. Uma postura decorrente da preguiça
de entender toda essa (des)organização burocrática
chamada Estado e, principalmente, da preocupação
com a minha saúde. Existe coisa mais insalubre do
que ler caderno de política? De que adianta entender
as leis, regras e trâmites de governo se nem quem
as criou aprendeu a respeitá-las? É como acreditar
que com uma nota de 10 iens dá pra comprar pão
na Lapa.
Fora
isso, tenho um sentimento político ainda mais pungente
que é a desesperança. Não acredito
no poder do voto. Não acredito que o povo brasileiro
que, infelizmente, é em sua maioria analfabeto, adquira
nos próximos 50 anos capacidade intelectual para
votar conscientemente ou protestar de forma eficiente contra
as canalhices políticas - como fazem em alguns países
europeus por motivos até risíveis.
Nesse
sentido, economizo o meu otimismo pro congestionamento que
“lá na frente deve andar”. Sou realista
sim. A minoria capacitada pra mudar alguma coisa ou já
está lá, mudando pra persa o tapete de suas
casas, ou está aqui como eu, desiludido.
Revolução?
Nisso eu acreditei. Parei porque cheguei a conclusão
de que teria muito mais gente querendo faturar com a informação
de “eu sei quem está por trás disso”
do que contribuir com a mudança.
Adotei então uma política própria.
Parece um contra-senso, já que, por definição,
política tem muito mais de coletivo que individual.
Mas a minha, acredito eu, tem sim um longo alcance.
É a política do bom dia, boa tarde, boa noite.
Melhor ainda se for pra alguém que você nunca
viu na vida. É a política de dar passagem
no trânsito e dizer valeu pro lixeiro.
Uma
campanha que não tem a popularidade como objetivo
último, mas a popularização. A democratização
do bom senso. Que cedo ou tarde chega lá em cima,
aos homens das cadeiras que de lei têm só a
madeira. É uma forma de seqüestrá-los
da paz. De azedar a pizza.
Vamos
sabotar a consciência. Sem marreta e nem careta.
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